Quinta-feira, 13 de julho de 2017 - 15h45
Raniery Coelho
O Brasil é um país incompreensível. Como, certa vez, observou o maestro Tom Jobim, não é para principiantes. Há certas coisas que jamais se explicam sob a luz da lógica como, por exemplo, o fato de não nos aproximarmos mais dos países vizinhos, como um país continental não aumenta sua rede ferroviária ou como se faz projetos inviáveis e se deixa de lado outros que são imprescindíveis e concretos.
A Amazônia não foge ao padrão do país e seu caso mais exemplar é o da BR-319-Manaus/Porto Velho. Trata-se de uma estrada inaugurada em 1976, ainda no regime militar brasileiro. Aberta entre os anos de 1968 e 1973, com uma imensa quantidade de pontes e desvios, sem manutenção, a rodovia se tornou intransitável, o que prejudicou o processo de desenvolvimento de toda uma população que se instalou em seu entorno. O Governo Federal iniciou as obras de recuperação de trechos da rodovia, com um valor estimado de R$ 697 milhões. As obras estavam amparadas pelo Estudo de Impacto Ambiental (EIA) elaborado pela Universidade Federal de Manaus – UFAM, finalizado em 2009. Porém, movimentos ambientais e indígenas conseguiram suspender as obras alegando falhas nos estudos de impactos ambientais.
O mais estranho de tudo isto é que foram construídas as pontes do Careiro, em Manaus, e a Rondon/Roosevelt, em Porto Velho, investimentos que beiram os R$ 2 bilhões, mas, quase inúteis sem a conclusão da ligação terrestre entre a capital de Rondônia e Manaus. Claro que se deve levar em conta os problemas ambientais, porém, não se pode esquecer que mais de 100 mil pessoas estão ilhadas pela falta da estrada, que, por sinal, é o único caminho terrestre para ligar Manaus ao resto do Brasil e de ligação entre o Pacífico e o Atlântico até o Caribe. Assim, a recuperação da estrada, que está levando, por baixo, mais de 20 anos, é um anseio da população amazônica que a Fecomércio ressalta como essencial para o desenvolvimento da região. Portanto, recuperar os 850 km é tão importante para a região e para o Brasil, mas, apesar de governadores, senadores, deputados, empresários e grande parte da população reclamar da falta de atenção ao tema, das audiências públicas, caravanas, discursos e apelos nada avança. É por esta razão que a Fecomércio, faz um chamamento para uma grande união do Amazonas e Rondônia em prol da conclusão da estrada.
Agora, uma caravana de jornalistas e empresários, com apoio do SERTERO-Sindicato das Empresas de Rádio e Televisão do Estado de Rondônia, da FECOMÉRCIO e outros parceiros, está percorrendo, por cinco dias, do dia onze ao dia 16 de julho a estrada para ver e documentar o seu estado. Os participantes sabem que se trata de uma aventura, pois, precisam levar barracas, alimentação e até combustível para não ficar na estrada que, por sinal, tem trechos considerados críticos que podem impedir veículos de prosseguir.
É uma aventura que, na sua essência, registra, documenta, a distância que separa o Brasil real do Brasil formal. É a prova de que não existe um planejamento regional no país e que a Amazônica continua a não ter prioridade na política nacional. A BR-319 é o maior testemunho de que a região tem um papel marginal nas decisões políticas brasileiras. E que nós, amazônidas, precisamos nos unir para que nossos pleitos sejam considerados nas grandes decisões nacionais.
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