Sexta-feira, 22 de setembro de 2017 - 18h33
Silvio Persivo
Nos últimos tempos tem sido uma discussão recorrente a questão da sobrevivência da imprensa impressa, com maior evidência para o desaparecimento de jornais e revistas tradicionais do Brasil e do mundo inteiro. Uma coisa, porém, é a discussão, em tese, de uma brutal realidade. Outra é deparar, como deparamos, com a primeira página do centenário jornal “Alto Madeira”, uma testemunha ocular da história de Rondônia, onde, na edição de 21 de setembro, quinta-feira, anuncia em comunicado direto, que, o jornal Alto Madeira, depois de cem anos de circulação, irá em 01 de outubro de 2017, circular com a sua edição de nº 2837, pela última vez na forma impressa. E deixa claro que por falta de sustentação econômica, pois, conforme afirma “reconhecimento e admiração sempre obtivemos de todos”.
Na verdade, estamos todos de luto com o fim de um ciclo da imprensa de Rondônia. É verdade também que se trata de um fenômeno mundial, pois, recentemente, se lamentava em Portugal o fechamento de um grande grupo da imprensa de lá e, aqui, foram, pelo menos, oito grandes, e antigos jornais, brasileiros, que deixaram de circular. Alguns, como o Jornal do Brasil e o Jornal do Comércio do Rio de Janeiro, verdadeiros baluartes da imprensa nacional. O fechamento do Alto Madeira, porém, para Rondônia, é muito mais sentido. De uma forma ou de outra, o AM sempre teve um papel fundamental não somente na nossa política, como na nossa cultura. Foi não apenas o berço dos grandes jornalistas e intelectuais do estado, como esteve, permanentemente, aberto para as novas ideias, para a arte, para a cultura, para os que desejassem divergir. Um espaço democrático e, notadamente, regional. Impossível ter sido importante e não ter aparecido nas páginas do jornal que documentou por cem anos a nossa história.
É lamentável ainda mais porque a nossa imprensa fica, cada vez mais pobre. Dos jornais que foram importantes no século passado resta apenas, solitário, o mais novo, o Diário da Amazônia. Num espaço de meio século desapareceram grandes títulos, como A Tribuna, o Guaporé, O Estadão do Norte, Diário do Povo, a Folha de Rondônia e, agora, o a maior de todos eles, a grande árvore de nossa floresta, o Alto Madeira, que, parecia capaz de resistir aos tempos. Termina, por incrível que pareça, depois de ter passado as maiores tormentas, mas, deixa, sem dúvida, um grande legado. O Alto Madeira será sempre um orgulho para todos nós, de Rondônia, que amamos esta terra. Deixa de circular, mas, não de ocupar um lugar memorável na história de nossa imprensa.
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