Domingo, 20 de novembro de 2016 - 10h50
Quando a esquerda, que sempre teve maturidade para entender que é correto remunerar decentemente aqueles que, em tese, fazem a defesa da Lei e do Estado, começa a se levantar contra os privilégios que as corporações institucionais se autoconcedem é porque estas se tornaram frias e esqueceram de que, afinal, são servidores da população, que as paga.
Sexta-feira, em meio ao caos financeiro do Estado do Rio, o G1 noticiou que a Procuradoria Geral do Estado (PGE), ampliou o auxílio-creche para os dependentes de procuradores, que era dado aos que tivessem entre 6 meses e 6 anos de idade, passando a valer para estudantes de até 24 anos completos.
“A atualização da proposta foi publicada no Diário Oficial do Estado no último dia 11 e leva a assinatura da então procuradora-geral do Estado, Lúcia Léa Guimarães Tavares, em seus últimos dias à frente da PGE: ela se aposentou e deixou o cargo três dias depois”, diz a notícia.
O novo procurador diz que revogará o benefício que, no texto, mistura auxílio-creche com auxílio-educação e acaba por revelar como estas franquias vão se expandindo do razoável ao absurdo, em pouquíssimo tempo.
Em fevereiro de 2012, foi concedido “pagamento de mensalidade de creche ou estabelecimento de ensino” a ” filho, enteado ou menor sob a guarda ou tutela com idade entre seis meses e 06 (seis) anos completos” a procuradores, comissionados e servidores de apoio da Procuradoria Geral do Estado, pela Resolução PGE Nº 3.082.
Um ano e meio depois, outra resolução, a de Nº 3.447, estende este benefício para até 18 anos, na base do “onde se lia, leia-se”.
E, agora, como nova resolução “esticou” de novo a bolsa de R$ 900 para filhos ou dependentes de até 24 anos, o “mico” de auxílio-creche – propósito original do benefício – para adultos vem à tona. Ou seja, um benefício justo para a jovem mãe trabalhadora vira um privilégio para toda a vida dos filhos, até a faculdade e, quem sabe, o concurso para ser também procurador.
E o que seria justo, sobretudo para os servidores mais modestos, vira odioso.
Isso, no momento em que os servidores estaduais recebem atrasado, têm seu 13° parcelado em sete vezes e sobrem a ameaça de terem suas aposentadorias saqueadas é, convenha-se, o fim da picada.
E uma demonstração de egoísmo inadmissível daqueles que, justamente pela função, têm o dever de tutelar os interesses da administração pública que, em tese, defendem.
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