Segunda-feira, 24 de abril de 2017 - 22h15
Jerry Adriani foi meu primeiro grande ídolo na música. Claro que eu adorava Roberto Carlos, Erasmo, Renato e Seus Blue Caps, mas Jerry era diferente. Era o ídolo que escolhi. Era o meu ídolo.
Tinha meus 11 para 12 anos e me encantava com todo aquele movimento. As tardes de domingo me eram preenchidas já naquela época pela Record.
Quando meu querido e saudoso pai me deu um dinheirinho para comprar meu primeiro disco, adivinhem de quem foi: um compacto simples do Jerry Adriani, que tinha de um lado o grande "hit" do momento : "Querida" e, do outro, a até então desconhecida "Ho Bisogno di Vederti", uma bela canção italiana. Ouvia na velha eletrola ( já era velha naquele tempo ) incessantemente, interminavelmente, incansavelmente. E eu ainda ajudava Jerry, fazendo a segunda voz ( sic ).
Semanas depois, meu velho e querido pai me deu mais um dinheirinho. Claro que ainda não dava para trazer para casa um Long Play, mas os poucos cruzeiros que carregava comigo me possibilitaram comprar um compacto duplo. Aqueles de 4 músicas. Overdose de Jerry Adriani : nele estava gravado o grande sucesso do momento : "Só Ficou o Adeus", mas tinha também "Se Piangi Se Ridi", "Triste Amor" e , de novo, "Querida". Jerry não parava de tocar nas rádios, nem na minha eletrola. Aliás, eu adorava imitar o Jerry. Tentava me aproximar de sua inconfundível voz e fazer seus singulares trejeitos "a la Elvis".
Na Jovem Guarda cada ídolo representava um papel diferente. Roberto era o Rei. Erasmo, o amigo do Rei e Jerry era o bom moço. Aquele que toda mãe queria para genro. E até o final de sua vida foi assim: jamais se envolveu em escândalos, fora dos palcos manteve uma vida discreta, criou três filhos no mais absoluto silêncio e desfez seu casamento de muitos anos sem merecer qualquer atenção dos fofoqueiros da mídia. Tudo muito discreto. Tudo muito Jerry Adriani.
O artista cantou, atuou em filmes e telenovelas, foi galã de fotonovelas e esteve presente no teatro. Querido como poucos, ele até hoje era chamado para os principais programas de televisão do país. Mesmo tendo se passado mais de 40 anos do auge de sua carreira. Mas sua obra é imortal. Atual. Seu carisma se espalhava nos ambientes. Todos o queriam por perto.
Com o surgimento de Renato Russo, roqueiro com o timbre de voz,muito próximo do de Jerry, ele novamente ganhou atenção da grande mídia e teve sempre a humildade de dizer que se orgulhava de ter a voz semelhante a de Renato Russo. Ora, por ter surgido depois e sem ter tido o mesmo impacto de Jerry dentro de suas gerações ( Jerry era uma celebridade e, mais que isso, uma unanimidade ) era Renato quem deveria demonstrar orgulho da semelhança de suas vozes. Mas Jerry era assim, humildade e sereno. Conflitando sua personalidade com a do seu grande ídolo Elvis Presley.
E eu tive a felicidade de conhecer meu grande ídolo. Em 1992 promovi um show do programa Quando Bate A Saudade na praça da Estrada de Ferro Madeira Mamoré. E o convidado especial era justamente Jerry Adriani. Lotou. Veio gente de todos os cantos de Porto Velho. E eu pude assistir ao vivo o grande ídolo da minha infância e juventude. Confesso que antes dele chegar a cidade tive medo de conhecer uma outra pessoa, diferente daquilo que eu imaginava. Aliás, já ouvi centenas de depoimentos de promotores e empresários de show, que tiveram péssima impressão de artistas, quando eles estão fora dos palcos.
Mas, felizmente, durante as pouco mais de 24 horas que Jerry Adriani esteve aqui, mostrou ser aquela mesma pessoa que habitava meu imaginário: simples, educado, atencioso, cordato e humilde. Meu medo de me decepcionar com ele caíra por terra. Chegou ídolo e saiu mais ídolo ainda.
Hoje, no Papo de Redação, fizemos a ele uma homenagem. Quando Flavio Dantas tocou "Indiferença", uma de suas mais belas canções, meu choro represado desandou.
E parece que daqui pra frente vai ser mais ou menos assim. Os grande ídolos da Jovem Guarda já são todos setentões. Roberto Carlos inclusive. Eram todos jovens e hoje não mais o são.
Os famosos nomes que fizeram a Jovem Guarda não são apenas uns velhos senhores. São na verdade ícones, ídolos de várias gerações que povoaram o inconsciente das pessoas. Nos despertaram para o mundo. Mudaram o jeito da gente se vestir. O corte dos nossos cabelos. Passamos a nos vestir diferente. A falar diferente. Introduziram a gíria nas converas. Na verdade, Jerry Adriani e seus parceiros de Jovem Guarda, inspirados nos Beatles, promoveram uma verdadeira revolução no Brasil, num tempo em que o mundo teimava em se manter conversador.
E Jerry Adriani fez parte de tudo isso. Pena que foi embora tão cedo.
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