Terça-feira, 2 de janeiro de 2018 - 12h55
Alex Rodrigues - Repórter da Agência Brasil
As forças de segurança pública de Goiás tentam recapturar 99 presos que continuam foragidos do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na região metropolitana da capital de Goiás, palco de uma rebelião em que ao menos nove detentos foram mortos e 14 ficaram feridos na última segunda-feira (1º).
Além de os 9 apenados mortos terem seus corpos carbonizados, dois deles foram decapitados. Até a manhã desta terça-feira (2), 6 dos 14 feridos continuavam internados em hospitais da região – um deles em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Cento e cinquenta e três presos tiveram que ser transferidos para outros presídios.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária de Goiás (Seap), um número ainda maior de condenados deixou o complexo prisional durante o tumulto. Muitos deles, no entanto, permaneceram próximo ao local e retornaram voluntariamente, após o Grupo de Operações Penitenciárias Especiais (Gope) retomar o controle da situação com apoio do Batalhão de Choque da Polícia Militar.
“Eles preferiram sair da unidade por uma questão de sobrevivência; não com o intuito de fugir”, disse o superintendente executivo de Administração Penitenciária, Newton Nery de Castilho, ao explicar hoje que os 99 presos considerados foragidos e os 9 mortos ainda estão sendo identificados.
"Quanto aos óbitos, aguardamos a definição técnica da Polícia Científica, que tem seu próprio rito. Já para a recontagem e identificação nominal dos que escaparam, dependíamos do cartório e devemos concluir isso ainda hoje", afirmou.
Negando que os presos fossem vítimas de maus-tratos, o superintendente garantiu que, ao contrário do informado por alguns parentes de presos, não faltaram água e comida para os detentos durante o fim de semana.
Rivalidade entre grupos criminosos
“Não foi este o fator motivador [da rebelião]. No domingo, todo o sistema foi abastecido com a água de três caminhões-pipa. No dia 1º, devido ao feriado, não houve abastecimento, mas ainda havia água [nas caixas]”, disse Castilho, apontando que uma hipótese para os presos da Ala C invadirem as alas A, B e D e atacarem outros detentos pode ter sido a rivalidade entre diferentes grupos criminosos.
De acordo com Castilho, duas pistolas 9mm, um revólver 38 e objetos perfurocortantes foram encontrados durante uma primeira varredura no interior da unidade. O superintendente também confirmou que os presos abriram um buraco em uma das paredes do prédio, que terá que ser reformada, já que as chamas danificaram bastante a estrutura.
Ele admitiu que a facilidade com que os presos conseguiram danificar o muro indica a precariedade do complexo prisional.
“A estrutura não oferece a segurança adequada em termos de concreto e ferragens para impedir a ação dos presos. É uma estrutura frágil, na qual um buraco pode ser aberto rapidamente”, declarou Castilho.
Depois da rebelião, ele conversou com o governador Marconi Perillo, de Goiás, sobre a aceleração da construção de cinco novos presídios e a convocação de 1,6 mil agentes penitenciários aprovados em concurso. "Essa convocação já estava adiantada e independe do ocorrido ontem", finalizou.
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