Terça-feira, 7 de abril de 2020 - 11h49

Ao caminhar
é natural que deparemos com diferentes níveis de relacionamentos sociais. Estes
relacionamentos podem ser tanto na forma quanto nas expectativas que cada pessoa
ou grupo social busca ter em determinados lugares. No entanto, para que isso
aconteça, há de considerarmos o aspecto espacial - que as vezes passa
despercebido no primeiro momento -, mas é fundamental para concretização desses
relacionamentos.
Edward
Hall em seu livro A distância oculta, divide esta relação nas distâncias:
pública, social, pessoal e íntima. Estas são distâncias métricas ‘invisíveis’ a
partir da relação entre uma ou mais pessoas no espaço [1]. Para Hall, a
distância social consiste na variância de 1 a 2 metros entre duas pessoas. Estas
ocasiões podem ser vivenciadas em ambientes como calçadas, ponto de ônibus, praças,
ambiente de trabalho, etc.
As distâncias
sociais juntamente com a configuração do espaço, falam e expressam códigos
sobre uma sociedade, um grupo ou uma pessoa específica. Além de emitirem e
receberem significados, a configuração espacial do lugar, seja de ordem natural,
artificial ou a junção destas, pode contribuir tanto para o êxito quanto para o
fracasso dessas relações.
Do ponto
de vista cordial, há relatos em condomínios fechados que, mesmo em seus espaços
livres de acesso social, vizinhos de apartamentos não se cumprimentam. Ainda, no
mesmo grupo social e em outra situação, encontramos dificuldades de moradores de
condomínios particulares, não cumprimentarem o porteiro há 1 metro de distância.
Porém, espaços
de sucesso são aqueles onde as pessoas se interajam com naturalidade. Estes espaços
se tornam mais integrado porque estão voltados para um espaço aberto ou, por ter
uma grande circulação de pessoas. Isto é, pátios, feiras livres, áreas
esportivas, beira-mar, edificações com aberturas para rua, e edifícios com o
pavimento térreo para comércio, são exemplos positivos de uma arquitetura bem-sucedida.
A busca
pelo melhor lugar para morar ou implantar um negócio não é de hoje, mas ultimamente,
esse dilema vem se intensificando quando deparamos com frases publicitárias do
tipo: “viver bem”, “morar com segurança” ou “sua felicidade estar aqui”. São
alguns dos inúmeros conceitos de um “melhor” lugar. Entretanto, não é isso que
vemos no contexto urbano.
Empreendimentos
residenciais privados – seja de casas ou edifícios - vem comprometendo o tecido
urbano, ou seja, se o empreendimento for de casas ocupa uma grande parcela no
território e se for edifícios, implica grande densidade demográfica em um
pequeno espaço do território. Ao contrário dos seus marketings publicitários,
grandes empreendimentos têm produzido pequenas “ilhas” e esse cenário, pode até
gerar um conforto pra quem está dentro dela, mas os efeitos para quem vive fora
é cruel.
Uma boa
arquitetura associada ao valor histórico e cultural dos lugares, implica
sucesso nas relações socioespaciais não só aos que ali residem ou caminham, mas
a todos que frequentam ou conhecem esses espaços. A cidade que tem uma
vizinhança viva, de áreas abertas e um comércio ativo é sucesso total pois,
essas características tendem a formar um núcleo urbano seguro, ativo e mais
valorizado culturalmente. E aí: qual é a tua relação social nos espaços por
onde caminha?
Roberto Carlos Oliveira de
Andrade é Arquiteto, professor e doutorando no Programa de Pós Graduação em
Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina/ PósARQ.
[1]
HALL, Edward. A distância oculta. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
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