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Vinício Carrilho

O metafísico fez a minuta do golpe


O metafísico fez a minuta do golpe - Gente de Opinião

Sim, é isso mesmo que você leu no título, podemos afirmar com absoluta certeza que O metafísico escreveu aquela pérola de minuta do golpe – ou tentativa, porque falhou. Ainda que tenha reverberado no 8 de janeiro, O metafísico agiu como o próprio jurisconsulto (o jurista que “ilumina” o poder).

A história não vingou, mas O metafísico segue firme e forte, em sua firma do golpe, seus pensamentos desafiam Descartes. Aliás, um amigo me disse que O metafísico, em sua condição cognitiva atual consegue “descartar Descartes”. Seria mais ou menos como superar a lógica, implantando um novo pensamento livre de qualquer amarra.

Foi assim que O metafísico, ao construir a minuta de golpe que seria decretado entre 2022/2023 (daí o 8 de janeiro), provou seus dois principais pontos e baluartes: 1. A quebra da moralidade pública (no tempo em que ele e seus comandantes foram o “governo pensante”) justificaria a quebra institucional, ou seja, o golpe; 2. Quando a legalidade é inferior à “inteligência superior da metafísica do poder” (incluindo-se aí as “quatro linhas tortas da Constituição” que queriam revogar), aplique-se a ilegalidade, isto é, faça-se o golpe contra todas as leis e princípios que lhe negam validade.

Nessa mirabolante peça jurídica, em sua inteligência superior, O metafísico foi tão superior que conseguiu provar que o Direito agiria para fortificar o anti-direito. O metafísico, jurisconsulto que ainda tenta convalidar o diploma de Direito conseguido em Nárnia, provou a seus asseclas, comandantes e clientes que “um crime pode justificar outro e, além disso, absolvê-lo com recompensas”.

Nessa tese magistral, O metafísico mandou descartar definitivamente Descartes: um dos filósofos do Positivismo. O crime que absolve o criminoso!!! – veja só, que coisa fabulosa de um ser metafísico, legítimo hospedeiro de Nárnia. O golpe que é autogolpe, após a confissão da “quebra da moralidade pública” (porque eles eram o governo), seria o emplacamento do melhor direito premial de Nárnia. Se bem que, nem em Nárnia houve um Rui Barbosa como esse, nunca se imaginou tamanha inteligência superior. Podem fechar Haia!! – é o que respinga do pensamento narniano do metafísico.

Nenhuma parte, nenhuma peça, nenhum item, nada pode ser removido dessa minuta – que termina saldando “as quatro linhas da Constituição” –, e nada será maior do que essa lógica jurisconsulta: a quebra do próprio Princípio da Moralidade – no seu tempo de poder, a legalidade que não os serve, a lógica que não os atende, a constitucionalidade que os desafia, a unicidade entre República, democracia e cidadania que não satisfaz, tudo deve ser revogado para que um todo maior possa prosperar. Desse modo, O metafísico, para além de descartar Descartes, provou que, em nome das “quatro linhas tortas da Constituição” (o todo antigo) devem surgir novas interpretações dessa mesma Constituição, alegadamente torta, e assim, as partes removidas da lógica deveriam alimentar o novo: o próprio golpe.

Com a feitura dessa minuta, de inteligência superior (no padrão da logística da denominada “inteligência militar”), O metafísico também deverá interpor novo recurso para homologar seu diploma de Nárnia.

Seu argumento dessa vez deverá alegar que não precisamos de lógica nenhuma para autenticar uma “verdadeira peça jurídica” e que, sendo ele o artífice dessa engenhosidade (que nos faz ficar vermelhos) não teria que provar mais nada, a ninguém, quanto aos seus dotes jurídicos.

Em seu recanto, sua mais nova propriedade, O metafísico está sentido regularmente o “perfume de estrume”, pois, como criador de gado (e essencialmente identificado com esses animais), O metafísico já comemora seus feitos, com o cheiro e tudo que vem da churrasqueira: de tanta felicidade, o odor do enxofre sai até pelas orelhas do metafísico.

O princípio ativo de sua inteligência superior já o levou a pensar ou sonhar com o Nosferatu – talvez ele nem saiba, mas deve ter rolado algum clima, no sonambulismo das ideias metafísicas magistrais. Há muito hormônio envolvido...

Ia dizer que é para poucos ter uma ideia brilhante como esta, “o crime que absolve o criminoso e o recompensa”, porém, não são tão poucos os que creem e praticam o direito construído em Nárnia.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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