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Viviane Paes

A cara fechada esconde a melhor das pessoas...


A cara fechada esconde a melhor das pessoas... - Gente de Opinião

O que a Monalisa, de Leonard da Vinci e a eterna top Model Naomi Campbel tem em comum?! Nada, lógico! Talvez o rosto enigmático quando a Naomi desfilava com outras supermodelos da década de 80 e até pouco tempo a brasileira Giselle Bündchen...Mas dependendo do ângulo em que se olha a obra prima de Leonardo da Vinci você percebe um meio sorriso que pode interpretar como desdém ou um convite velado...

Geralmente as pessoas que possuem a tal cara de mal com o mundo são sempre interpretadas, à primeira vista, como: difíceis, chatas, ruins, arrogantes... Até na Bíblia esses seres carrancudos são citados: “Não te associes com quem vive de mau humor, nem caminhes em companhia da pessoa iracunda para que não aprendas as suas veredas e, assim, enlaces a tua alma”, provérbio 22:24.

Existe um abismo entre uma pessoa irada, mal humorada a uma pessoa que não vive sorrindo para o mundo! Ouso afirmar: “a maioria desses seres indecifráveis iguais à Monalisa, é gente boa, que não consegue externar suas qualidades em um sorriso”.

Eu, Viviane, do VivicaCast, sou uma dessas pessoas, herdeira de um rosto de gente brava, com um coração de Madre Tereza de Calcutá, inclusive esse é um dos meus muitos apelidos: Vivi de Calcutá. Muito prazer! Vamos conhecer toda a sistemática que existe por trás de uma pessoa que não ostenta um sorriso aberto, mas pode ser do bem, nesse segundo artigo de 2023, aqui no Gente de Opinião.

A mulher da cara brava do queijo

No último dia de 2022 fui a uma feira livre da Avenida Amazonas, em Porto Velho (RO) com meu esposo e filho para o famoso café da manhã: pastel de feira com suco de laranja e um pingado! Depois de comermos fui comprar um queijo de minas, ou curado, afinal sou filha de mineira e costumo fazer pão e biscoito de queijo frequentemente. Sou dessas, lógico, sistemática, que compra na mesma banca anos seguidos. Passamos por uma banca cheia de pessoas aglomeradas esperando atendimento e fui a uma em frente que só tinha a vendedora, de cara fechada, que geralmente não costuma abrir a boca nem para dizer bom dia. Dá só aquele balançar de cabeça. Diferente do típico feirante que grita, conta piadas quando você está passando para atrair a clientela, ela que deve ter uns 30 anos está sempre na dela e obviamente sua banca está sempre vazia...

A Vivi de Calcutá que habita em mim percebeu e se identificou logo com essa pessoa indecifrável, pois venho de uma geração de mulheres com rosto de mal por parte da minha mãe mineira, mas que são divertidas depois que você consegue perfurar essa concha de proteção social. Ou seja, muitas pessoas têm lá seus motivos para não sorrir para todos: timidez é uma delas, conflitos internos, mau humor matinal, proteção social e é claro falta de vontade mesmo!

Nem atores nacionais e internacionais, jogadores de futebol e os tais influenciadores digitais são obrigados a ostentar o tal sorriso de teclado de piano reluzente 24 horas por dia, sejamos sinceros! Isso é fora da realidade, pois nenhum ser humano que está pagando suas demandas antepassadas nessa terra é feliz e bem humorado o tempo todo. Que o digam os comediantes Jim Carey e o falecido Rob Willians, que por trás das piadas escondiam depressão, ansiedade e muitos traumas!

A timidez que cria uma barreira invisível de insegurança impedindo o indivíduo de interagir com outros e a introversão, aquela das pessoas que preferem a solidão, lerem um bom livro do que estar no meio da galera, em festas e outros eventos sociais. Na adolescência eu era uma tímida que amava ler, no entanto ansiava por fazer amizades por ser filha única! Eu não tinha muita dificuldade em me relacionar e fazer amigos na escola, aliás, sempre aparecia um ou outro que puxava conversa comigo ou eu sempre falante inventava algo para conversar e pronto, barreira social quebrada. Entretanto confesso que herdei da minha mãe, uma cara de poucos amigos, e ela herdou da minha avó essa mesma fisionomia sempre trancada.

Revejo fotos da minha avó Maria das Dores, e da minha mãe e tias e sempre estão com aquela fisionomia de: não queria ser fotografada, mas insistiram, então... Talvez, é claro fosse o habitual ou convencional da época. Por exemplo, no mundo da moda, nos anos cinquenta, as modelos sorriam o tempo todo, eram como bonecas vivas saídas de uma publicidade americana.  A antropóloga Leyla Neri, diretora do setor de moda da New School Parsons Paris explicou em uma entrevista em 2021: “As primeiras aparições de expressões de desgosto coincidiram com a popularidade de atrizes como Brigitte Bardot e Jane Birkin nos anos sessenta”. “Posteriormente esta tendência cresceu, com a ascensão do feminismo e “da necessidade das mulheres de ser levadas a sério em suas vidas profissionais, e do surgimento de mulheres fortes, posando muito sérias em ternos da Armani”, afirmou Neri”.

Eu que nasci em 75, tenho aquelas fotos tradicionais encostada em uma parede segurando a mão a contragosto de um primo e nada de sorriso, pois os fotógrafos eram nossas mães carrancudas.

A Mulher carrancuda da recepção

Falei da timidez como uma das prováveis causas das pessoas de cara de fechada para o mundo e não tem como deixar de comentar os conflitos internos, segundo da lista que montei, afinal todos tem, não é!

Eu tento dar um desconto sempre para uma pessoa que acabo de conhecer e ela não me dá aquele sorriso social padrão, pois sabemos que existe a recepção plástica padrão de vendedor e político em campanha. Com o tempo vamos conhecendo cada um, principalmente no ambiente do trabalho. Na época em que trabalhei como repórter de televisão quando tinha que cumprir pauta no SENAC, eu já ia triste, pois na recepção havia uma senhora de cara amarrada que assustava.

Por coincidência do destino ou azar mesmo, ela também era minha vizinha de bairro então eu já sabia o que me aguardava. Sabe dessas pessoas que você chega cumprimentando e ela vira às costas te deixando no vácuo! Ela era dessas. Alguns anos depois trabalhando em assessoria de comunicação em uma estatal do setor elétrico conheci o irmão da tal figura. Comentei que os dois eram muito diferentes, ele extrovertido até demais e ela tão introvertida, mal educada mesmo, no sentido social. Aí ele riu e comentou que a irmã era assim desde criança, que não falava ou interagia com irmãos, primos na infância e na adolescência não foi diferente. Casou e o mundo dela ficou do mesmo jeito, sem muitas interações. Sê você pensou em autismo, errou, porque hoje em dia tudo é um leve autismo, déficit de atenção entre outros, no entanto no caso dessa mulher era um quadro de depressão diagnosticado ainda na infância, acabou compartilhando o irmão.

E temos os maus humorados da manhã, também! Convivo com uns desses casos em casa. Esposo e filha sem humor algum pela manhã. Para mim isso é o fim do mundo, pois sou solar, defino meu dia todo logo pela manhã, se me aziam logo cedo está tudo estragado! Eu e meu filho geralmente estamos sorridentes e brincalhões pela manhã, aquariano e pisciana, e os maus humorados matinais librianos, mas estou apenas culpando os signos por algo que pode e deve ser da personalidade de cada um.

Os carrancudos por trás das máscaras

E, agora para finalizar ou minimizar os motivos da cara de Monalisa, indecifrável, ou mesmo rosto bravo de algumas pessoas, e eu estou nessa lista, mesmo tendo levado a sério o conselho da minha madrinha de vida, a psicóloga, empresária e filantropa rondoniense, Júlia Arcanjo, de evitar o meio sorriso de lado, “meio Monalisa, que as pessoas podem interpretam como de desdém e abrir um largo sorriso”. No entanto, quando começo a pensar muito nos problemas da vida, nos conflitos familiares, numa missão meio impossível do trabalho, a cara de gente de mal com a vida vem involuntariamente.

Por esses motivos pessoais tenho uma certa generosidade com outros indivíduos que me recepcionam com a cara fechada, afinal você não sabe o que o outro está vivenciando naquele momento.

E aí, surgiu a pandemia que entre muitas perdas e lições nos deixou apenas com um olhar por cima das máscaras que podem ser uma expressão do humor do usuário. Padrão hospitalar, coloridas, cor única, com personagens de desenho infantil, com heróis da Marvel, da DC e claro os anti-heróis e até os políticos.

Mesmo assim foi possível enxergamos a dor nos olhos lacrimejantes, ou o vazio dos que perderam alguém vítima do coronavírus e até mesmo a raiva e indignação dos que não encontraram vagas em hospitais para seus entes queridos...

Acredito que esse foi um período livre de julgamento antecipados e impressões para os que têm a cara fechada naturalmente ou intencionalmente, afinal todos têm o direito de não ser o que os outros querem, convenhamos!

Então, será que fiz uma boa campanha para os colegas de cara fechada, mas que tem o melhor dos corações?! Espero que sim.

Esse também será o tema do segundo episódio do VivicaCast: Sistematizando a Vida, de 2023 que será liberado nesta sexta-feira, seis de janeiro, Dia de Reis. Como prometi no outro ano, o próximo tema abordado será energia elétrica, energia solar e algo mais sobre o setor elétrico brasileiro! Até lá! 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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