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Antônio Cândido

AS HIDRELÉTRICAS E O COMÉRCIO LOCAL



Muito se fala principalmente os interessados na construção das hidrelétricas do rio Madeira, das inúmeras vantagens e benefícios que tal construção trará para o povo e para a região.
 
Quem "alcançou" a construção da hidrelétrica de Samuel, sabe muito bem que a história esta sendo repetida, com o inconveniente de que, até mesmo a energia da "nossa" hidrelétrica (Samuel) será encaminhada através dos linhões para o progresso e o conforto dos nossos irmãos do Sul do país.
 
 Ilude-se quem acredita que a grande massa consumidora que trabalhará nos canteiros de obras virá alavancar o comércio local. O grande consumo dessa população será, sem dúvida alguma, a alimentação e isso a própria empregadora cuidará de fornecer aos trabalhadores que, também, implantará próximo ao canteiro de obra, as cantinas onde os empregados poderão adquirir produtos de primeira necessidade.
 
 Quem se preparava para fazer grandes negócios comercializando cimento já deu com os "burros n'água" haja vista que o grupo Votoratin cuidou em montar uma fábrica do produto a 12 quilômetros da cidade que, se gerará emprego e renderá impostos para o município, sobrará para a população de Porto Velho a poluição que o empreendimento causará.
 
Não precisa ser especialista no assunto para saber que quem compra grande quantidade de determinado produto, diretamente da fábrica, tem um considerável desconto que se transforma em lucro, assunto que as empresas jamais desconsideram.
 
Assim, sobrará para nós a venda de madeira que irá acentuar o desmatamento da Amazônia, mas isso é problema nosso, ao lado de uma BR-364 danificada pelo tráfego de grandes carretas.
 
Ganhará dinheiro, com certeza, quem investir em medicamentos e em hospitais e o jovem que se preparar para trabalhar na área de saúde.
 
Ao povo e ao comércio de Porto Velho restarão as migalhas que as madames dos engenheiros, bondosamente, resolverão gastar enquanto durar a construção.
 
Restará ao porto-velhense um meio ambiente violentado onde grassará a malária, a dengue, a febre amarela e outras mazelas que assolam a região enquanto os nossos irmãos do Sul e do Sudeste terão preservados o conforto e o progresso que eles merecem.
 
Para nós (que já temos Samuel) o retorno comercial será ínfimo comparado ao conjunto de mazelas que herdaremos. E não adianta espernear, pois o governo federal já cuidou de construir um presídio de segurança máxima para calar os descontentes e, definitivamente, transformar o nosso estado na lixeira do Brasil.

Fonte: Antônio Cândido da Silva

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