Sexta-feira, 21 de agosto de 2015 - 17h55
O risco de graves acidentes entre embarcações e danos ambientais colocou em alerta as entidades do setor de navegação fluvial da Região Norte. Um levantamento da Federação Nacional das Empresas de Navegação Aquaviária (Fenavega) verificou a existência de mais de 300 flutuantes com dragas de garimpo em apenas um trecho de 2 mil metros de extensão do Rio Madeira, em Porto Velho. A alta concentração de embarcações de garimpo na capital rondoniense foi um dos problemas abordados durante o evento Capital da Navegação, na última quinta-feira (21). Os navegadores classificam a situação como crítica, que afeta principalmente empresas dos estados de Rondônia e do Amazonas.
Nos últimos meses, os garimpeiros ficaram concentrados com dragas nas proximidades da ponte sobre o Rio Madeira, em Porto Velho. Atraídos pelas mudanças do regime de águas do Rio Madeira, após a criação das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, muitos garimpeiros migraram do Sul do Amazonas para o trecho urbano da hidrovia do Madeira.
Segundo o diretor da Fenavega, Raimundo Holanda, os garimpeiros estão atuando plena luz do dia e ao longo da madrugada. Os barcos e flutuantes da atividade garimpeira ocupam as margens e o canal de navegação por onde passam comboios com combustíveis e cargas gerais. A principal preocupação é que as balsas colidam com as embarcações usadas na extração de ouro no meio do canal de navegação, o que geraria graves acidentes. Outro impacto da atividade garimpeira é que ele favorece o assoreamento dos rios.
"É uma situação preocupante e absurda. Se houver uma colisão com balsas de combustíveis causará acidentes de grandes proporções. Uma tragédia que nunca será esquecida. Ficamos à mercê dos garimpeiros e alguém tem que tomar uma providência. Sabemos que o garimpo é receptador dos combustíveis furtados das embarcações e é uma atividade que degrada o meio ambiente", enfatizou Raimundo Holanda.
A invasão dos garimpeiros foi denunciada para Marinha com comunicados enviados ao Comando do 9º Distrito Naval e a Capitania dos Portos da Amazônia Ocidental no ano passado. A Fenavega também encaminhou a denúncia para o Ministério Público Federal em Rondônia, ao Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes (Dnit) e Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) no início deste mês.
"Fizemos vários comunicados para órgãos que podem buscar uma solução para o problema, mas nada foi feito", comentou o presidente da Fenavega.
O presidente do Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial no Estado do Amazonas (Sindarma), Claudomiro Carvalho Filho, avalia que o espação do garimpo coloca risco a segurança da navegação pelo Rio Madeira.
"O garimpo está muito intenso no rio e isso tem gerado conflitos com a navegação. Precisamos de mais segurança para a navegação, principalmente no Rio Madeira que uma movimentação de 12 milhões de toneladas de cargas por ano, sendo 5 milhões de grãos e outra boa parte de derivados de petróleo", destacou o líder sindical.
Falta de Melhorias
As entidades de setor de navegação cobram mais investimentos e atenção com o transporte aquaviário brasileiro. O empresário e presidente da Federação das Empresas de Logística, Transporte e Agenciamento de Cargas da Amazônia (Fetramaz), Irani Bertolini, o abando com setor continua criando barreiras para o desenvolvimento.
"Nós precisamos que o governo olhe com outros olhos a navegação. O transporte hidroviário que é um dos mais econômicos e menos poluente do país. Economicamente o setor é muito importante para o Brasil e deveria ter mais investimentos do governo federal", avaliou Bertolini.
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