Quarta-feira, 23 de março de 2022 - 14h01
Os produtores da pecuarista, em especial os pequenos, estão reclamando muito do preço que pagam pelo boi em Rondônia, principalmente, pelos bezerros. Segundo a visão deles, em breve, haverá um colapso no mercado por conta do baixo preço que recebem, enquanto os custos para engorda e manutenção do gado somente vem aumentando. A situação é ainda pior porque muitos frigoríficos foram fechados no Estado e nem mesmo a capacidade instalada está sendo utilizada (2,7 milhões de cabeças), de vez que o abate está reduzido de apenas 1,8 milhões de cabeças, o que ocasiona uma situação de muita oferta no mercado interno, daí um boi em São Paulo ser vendido a R$ 355,00 a arroba, em média, enquanto em Rondônia a arroba custa R$ 292,00, cerca de 14,7% mais baixo. Em média o produtor de Rondônia está perdendo R$ 50,00 por cabeça, o que segundo a Federação de Agricultura do Estado de Rondônia resulta num prejuízo, até agora, de R$ 1 bilhão de Reais, mas, que pode chegar a R$ 2,5 bilhões, sem contar o efeito multiplicador desses recursos se injetados na economia.
PERSPECTIVAS DESANIMADORAS
A questão é complexa, mas, tem
origem no fato de que os preços pagos aos produtores pela carne, apesar desta
ter aumentado para a população, se mantém o mesmo e os frigoríficos não aceitam
pagar mais. Como os produtores estão apertados, pois, seus custos subiram
muito, o excesso de oferta faz com que tanto o produtor, quanto o invernista,
sem condições de manter os bois acabem vendendo a preços muito baixos.
Verifica-se mesmo o caso de muitos que, sem alternativas, vendem seu gado
abaixo do custo. Este é um problema que parece ser individual, mas, tem
consequências muito negativas para a pecuária rondoniense. Em primeiro lugar
porque a tendência será de diminuição dos investimentos no setor, além de que
se perde a preocupação com a sanidade e a qualidade da carne em detrimento de
procurar uma saída para a crise. Em segundo lugar, com os preços baixos o
confinamento e a melhoria, que são essenciais para o setor, entram em retração
em face da incerteza sobre o preço da arroba e da viabilidade da produção. Em
médio prazo isto pode significar o colapso da pecuária de Rondônia em face de
que muitos irão abandonar o setor e buscar outras alternativas econômicas de
subsistência, com a previsível diminuição do rebanho existente. A melhor forma
de combater isto é, sem dúvida, a união de todos (Governo, parlamentares,
frigoríficos e pecuaristas) para procurar uma solução. O Grupo Técnico da
Pecuária, com o apoio da FAPERON, sugere que a Secretaria de Finanças baixe a
pauta e as alíquotas tanto do gado novo, quanto do gado para abate, o que iria
permitir a venda de 1,1 milhão de cabeças para fora do Estado (600 mil de
animais novos e 500 mil para abate), o que permitiria um maior equilíbrio da
oferta e da procura. O fato é que se precisa de medidas para evitar um colapso
na pecuária estadual.
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