Terça-feira, 25 de junho de 2019 - 19h17
Industriais chineses querem comprar no Brasil 17 milhões de toneladas
de soja/ano, estabelecendo contratos com validade para dez anos. A maior
parte desses estoques atende à indústria esmagadora para fabricação de
óleo comestível.
A manifestação de interesse por importações diretas, também no estado de Rondônia, foi feita nesta terça-feira (25) pelo consultor chinês Jack Hon e seu sócio, Kuo Tsing Liu, ambos da CABS Brazil, ao vice-governador José Jodan. Eles estavam acompanhados do empresário Beto Soccol.
A clientela dessa empresa é formada por estatais e semi-estatais chinesas. Nesta safra, as primeiras exportações de Mato Grosso para lá totalizaram 120 mil toneladas.
Jodan disse-lhe que o governador, coronel Marcos Rocha, está bem empenhado em promover o desenvolvimento das exportações. “Não podemos assumir ainda o compromisso com a quantidade, mas oferecemos a boa qualidade da soja, de outros grãos e diversos produtos de nosso estado”, assinalou o vice-governador.
A tratativa inicial limitou-se à abertura de futuros negócios. É a primeira viagem de Jak Hon a Rondônia.
No mês passado, a comercialização de soja do Brasil disparou, por causa da maior demanda da China, preços e prêmios nos portos pelo produto brasileiro fortalecidos e um dólar acima de R$ 4, conforme relatos do mercado.
Um volume de pouco mais de cinco milhões de toneladas de soja para exportação, o equivalente a uma centena de navios, rodou no mercado para embarques em junho, julho e agosto, informou o pesquisador Lucílio Alves, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
O coordenador de comércio exterior na Superintendência Estadual de Desenvolvimento Econômico e Infraestrutura (Sedi), Anderson Fernandes, pediu informações dos empresários a respeito das importações e apresentou-lhes o potencial produtivo rondoniense.
O superintendente de Portos e Hidrovias, Amadeu Hermes Santos da Cruz, destacou que o sistema portuário rondoniense avança e deve melhorar consideravelmente até 2020, com a ampliação das exportações de madeira, milho e algodão. “Só de carne bovina para Hong Kong, exportamos US$ 60 milhões de janeiro até agora”, ele exemplificou.
No comparativo com o vizinho Mato Grosso, Rondônia leva vantagem, ele apontou. “Hoje eles cultivam dez milhões de hectares, colhendo em média de três toneladas/ha, enquanto nós alcançamos quatro t/ha”.
O mais importante, conforme analisou o superintendente, é a somatória das safras movimentadas pelo porto organizado em Porto Velho, oriundas das seguintes áreas: 1,5 milhão de ha de área cultivada no estado, 4,8 milhões de ha de áreas degradadas, totalizando 6,3 milhões de toneladas.
A esse volume somam-se 1,5 milhão de toneladas da produção do sul do Amazonas e sete milhões da Bolívia.
Obras de ampliação no porto possibilitarão o aumento da capacidade de movimentação de cargas das atuais cinco milhões de toneladas de cargas para 21 milhões de toneladas até janeiro de 2020, prevê Amadeu.
O maior avanço ocorrerá com o armazenamento de grãos, cuja estrutura de silos custa R$ 1 bilhão no atual modelo. A superintendência adotou tecnologia australiana, reduzindo esse custo para R$ 200 milhões. “Miritituba (PA) já faz isso, com êxito”, ele comentou.
Para Amadeu, com novas soluções tecnológicas será possível colocar cargas de aproximadamente dez mil caminhões/dia; atualmente eles são apenas 2,5 mil nos 45 portos existentes, incluindo 17 de barranca.
Trinta balsas para o transporte de grãos operam atualmente em 80% do Rio Madeira.
Com os governos bolivianos dos departamentos de Beni, Pando e Santa Cruz, o Governo de Rondônia está negociando um tratado internacional para que os rios Guaporé e Mamoré sejam concedidos à superintendência de portos e hidrovias. “Esse tratado, denominado Madeira-Mamoré, deverá substituir o Tratado de Petrópolis”, disse.
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