Quarta-feira, 19 de agosto de 2020 - 17h55
A Embrapa Rondônia e o Centro de Estudos (CES) Rioterra vão atuar juntos para promover a adequação ambiental de propriedades rurais e o fortalecimento da cadeia de produção florestal e agropecuária do estado. As instituições têm objetivos convergentes e suas ações podem se complementar, beneficiando todo o setor produtivo, especialmente a agricultura familiar, que é o principal público-alvo do Projeto Integrado da Amazônia – PIAmz.
Há diversas formas de realizar a recuperação de áreas de preservação permanente (APPs) e de reserva legal (RL), adaptando-se à realidade do produtor. Segundo Henrique Cipriani, pesquisador da Embrapa Rondônia, trata-se de uma ação complementar às atividades agropecuárias e elas não se conflitam, uma vez que a propriedade se beneficia dos serviços ambientais prestados e podem ter também benefícios econômicos. “Com este trabalho queremos mostrar que a recuperação de áreas de APP e de RL não é um bicho de sete cabeças e traz muitos benefícios”, complementa o pesquisador.
Pretende-se demonstrar diversas tecnologias para a restauração e casos de sucesso de adequação de passivo ambiental das propriedades rurais. Estes casos serão divulgados em detalhes para que outros produtores, com a devida orientação, possam adaptar os métodos à sua realidade. Além disso, serão estudados casos de insucesso, para averiguar as principais causas e possíveis estratégias de correção, subsidiando outros projetos de adequação ambiental.
O pesquisador Henrique Cipriani aponta ainda outro diferencial deste trabalho conjunto, que é a avaliação de impacto das metodologias de restauração florestal, utilizando-se o sistema de avaliação de impactos ambientais de inovações tecnológicas agropecuárias (Ambitec-Agro). Neste sistema, por meio de um conjunto de matrizes multicritério, são integrados indicadores do desempenho de inovações tecnológicas e práticas de manejo adotadas na realização de atividades rurais. Sete aspectos essenciais de avaliação são considerados: uso de insumos e recursos, qualidade ambiental, respeito ao consumidor, emprego, renda, saúde, gestão e administração.
As ações têm início já agora no segundo semestre de 2020 e vão até o julho de 2021 e envolverão produtores em diversas localidades de Rondônia, mais especificamente nos Territórios Madeira-Mamoré e do Vale do Jamari. Mas, os resultados podem ter aplicação em toda a Amazônia, com adaptações.
Fazem parte também das ações diversas capacitações em temas relacionados à adequação ambiental ao Plano de Regularização Ambiental (PRA), não se restringindo à parte de manejo do solo, plantio e tratos culturais, mas também de serviços ambientais, metodologia participativa, financiamento e ferramenta digital para avaliação do processo de recuperação, como o AgroTag – Veg. Neste sistema, os dados coletados pelos usuários no campo são enviados automaticamente do aplicativo para uma base de dados online, composta por diversas informações geoespaciais e com ferramentas de análises espaciais, que permitem a geração de relatórios consolidados e mapas de saída. Além disso, este sistema permite o compartilhamento de informações em rede entre seus usuários.
Este trabalho faz parte do projeto da Embrapa denominado "Inovação em restauração florestal e recuperação de áreas degradadas: ações integradas, coletivas e de construção de conhecimento para a melhoria socioambiental da agricultura familiar no Bioma Amazônia - Inovaflora". Esta ação compõe o Projeto Integrado da Amazônia (PIAmz), financiado pelo Fundo Amazônia e operacionalizado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), em cooperação com o Ministério do Meio Ambiente.
Para que os objetivos do PIAmz em Rondônia sejam alcançados, é fundamental a formalização de parcerias com outras instituições atuantes no estado. A Embrapa Rondônia é responsável por um total de 56 atividades em 15 subprojetos do PIAmz, já a Rioterra coordena um dos maiores projetos do Fundo Amazônia, o Plantar Rondônia, cujo objetivo é apoiar a adequação ambiental de imóveis rurais em Rondônia. Por meio de um Acordo de Cooperação Técnica para a transferência de tecnologias e o desenvolvimento de pesquisas, estas instituições estão somando esforços.
Para Alexis Bastos, coordenador de projetos da Rioterra, as ações conjuntas podem reduzir a vulnerabilidade social que impacta na biodiversidade. “Com essa parceria a gente vai poder ter muito mais elementos para dar escala na regularização ambiental e, assim, criar melhores parâmetros e formas de poder apoiar a agricultura familiar na adesão dessas políticas públicas ambientais”, destaca Bastos.
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