Criada em 10 de julho de 1975, a Embrapa Rondônia tem foco no desenvolvimento de tecnologias sustentáveis para a região Amazônica e com soluções que agregam também ao desenvolvimento do setor em todo o país. Este trabalho está sendo possível por meio de parcerias com instituições públicas e privadas e por estar alinhada às principais demandas do setor produtivo. Dentre elas, destacam-se ações voltadas para café, pecuária de leite e corte soja, milho, algodão, arroz, Integração Lavoura-Pecuária-Floresta, mandioca, açaí, castanha-da-amazônia, entre outras.
Nestes 46 anos foram executados mais de 70 projetos sob a liderança da Embrapa Rondônia e outros 110 em parceria, financiados por diversas instituições públicas e privadas do país. De acordo com o chefe-geral da Unidade, Alaerto Marcolan, as parcerias são as bases para o sucesso de qualquer instituição e com a Embrapa não é diferente. “Contamos com parceiros de perfis diferenciados, que vão desde entidades de fomento, empresas públicas e privadas dos diversos setores, instituições acadêmicas e estaduais de pesquisa e de assistência técnica e extensão rural, além de instituições internacionais. Estas parcerias contribuem para o desenvolvimento de conhecimento e de soluções tecnológicas, gerando impactos e benefícios diretos para o produtor rural”, afirma Marcolan.
Os resultados destes trabalhos de pesquisa e transferência de tecnologia estão ajudando a quebrar paradigmas e abrir fronteiras, apresentando ao mundo uma região de oportunidades que também se preocupa com a sustentabilidade. Tecnologias e práticas desenvolvidas e adotadas no campo ofereceram condições para que Rondônia saísse de uma posição tímida no cenário da agropecuária nacional para ser destaque regional e nacional em diversas cadeias produtivas.
É o que apontam os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. Em 1986, a participação de Rondônia no Produto Interno Bruto (PIB) agropecuário nacional era de aproximadamente 0,6%. No entanto, no decorrer dos últimos 30 anos, a evolução da agropecuária rondoniense fez com que o estado triplicasse sua contribuição para a agropecuária nacional, alcançando, no ano de 2018, uma participação de, aproximadamente, 2% no PIB agropecuário. Vale destacar ainda que o PIB agropecuário de Rondônia foi responsável por 12,7% do PIB estadual, bem acima da média nacional, que foi de 5,2%, em valores correntes (IBGE, de 2021). Rondônia se tornou protagonista na produção de carne, peixe de cativeiro, soja, milho, café e leite.
Inovação no campo
Nestes 46 anos, a Embrapa Rondônia realizou mais de 400 cursos e treinamentos, 300 dias de campo e organizou mais de três mil eventos, com a capacitação de cerca de 150 mil pessoas ligadas às diversas cadeias produtivas e do agronegócio da Amazônia. Por meio de ações conjuntas envolvendo as áreas de pesquisa, transferência de tecnologia, comunicação e a parceria da extensão rural, soluções tecnológicas e práticas agrícolas desenvolvidas pela Embrapa em Rondônia foram incorporadas pelo setor produtivo, promovendo a inovação no campo.
Aliado a isso, nos últimos dez anos, foram mais de 700 estudantes de graduação e pós-graduação que se capacitaram na Embrapa Rondônia, como estagiários e bolsistas de iniciação científica. Desta maneira, a Unidade auxilia na formação de profissionais aptos a atenderem demandas da Amazônia por inovação científica e tecnológica para o desenvolvimento sustentável da região.
Contribuições para a cafeicultura
- A Embrapa Rondônia possui um dos mais importantes Bancos de Germoplasma de Coffea canephora (robusta e conilon) do País, com mais de 1.500 acessos para fins de pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias.
- Lançou, em 2013, a primeira cultivar de café desenvolvida e protegida pela Embrapa no Brasil – “Conilon BRS Ouro Preto”, e em 2019 disponibilizou ao setor produtivo dez novas cultivares híbridas de café canéfora – cruzamento de robusta e conilon, oferecendo aos cafeicultores da região amazônica genética de alta qualidade para alcançar produtividades ainda maiores e qualidade de bebida.
- É referência em pesquisa e transferência de tecnologia para a cafeicultura na região Amazônica, principalmente em Rondônia (desde a década de 1980), Mato Grosso, Amazonas, Acre e Roraima.
- Fomenta a produção com qualidade e sustentabilidade em comunidades indígenas da Amazônia por meio do uso de tecnologias, capacitação e atuação em parceria.
- Liderou o processo de criação e fortalecimento da denominação “Robustas Amazônicos” e a fundamentação técnica e científica da Indicação Geográfica (IG) Região Matas de Rondônia para Robustas Amazônicos. Esta é a IG, do tipo Denominação de Origem (DO), de café canéfora sustentável do mundo. Este reconhecimento foi concedido em 1º de junho 2021 pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial - INPI e consolida a qualidade dos cafés da espécie Coffea canephora.
- Coordena o projeto Rede Estadual de Avaliação de Clones de Cafés, que envolve a participação da pesquisa, instituições governamentais do estado e de produtores, em que serão avaliados os melhores materiais genéticos disponíveis atualmente nas principais regiões produtoras de café em Rondônia.
Contribuições para a pecuária de leite e corte
- 30 mil propriedades em Rondônia incorporam tecnologias recomendadas pela Embrapa. Nos últimos dez anos, o ganho de produtividade de leite foi de 90% e a produção registrou um incremento de 51%.
- Promove a melhoria da qualidade do leite por meio da identificação de pontos de contaminação microbiológica e a definição de protocolos de boas práticas de ordenha, identificação de fatores de risco e de áreas prioritárias de atuação em Rondônia e Acre. Ações que direcionam a capacitação de estudantes, produtores e técnicos, assim como subsidiam a proposição de políticas públicas para o setor.
- Desenvolve e transfere tecnologias para recuperação e práticas sustentáveis de manejo de pastagem, que resultaram em redução de áreas degradadas em cerca de seis milhões e meio de hectares, tornando Rondônia um dos maiores produtores de carne e leite do Brasil.
- Validação e recomendação do sistema de Integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) para Rondônia como estratégia para recuperação de pastagens degradadas, diversificação da produção e bem-estar animal.
- Apoia e coordena regionalmente o desenvolvimento do Projeto Balde Cheio
- Tecnologias desenvolvidas pela Embrapa Rondônia para pecuária de leite e corte são adotadas em todo o país:
- Aplicativo Arbopasto – auxilia o produtor a escolher as espécies de árvores mais adequadas à cada pastagem. Está disponível, gratuitamente, para dispositivos móveis em diversos sistemas operacionais.
- SAGAbov – tecnologia simples, precisa e acessível para a avaliação do acabamento da carcaça dos bovinos destinados ao abate. Com este dispositivo o próprio produtor pode fazer a avaliação e obter o máximo rendimento dos animais destinados ao abate. Trata-se de uma ferramenta aliada tanto do pecuarista quanto da indústria frigorífica, que busca mais qualidade na carne.
- Vetscore – dispositivo simples, prático e acessível para avaliação da condição corporal de fêmeas bovinas. Permite ao produtor fazer correções no manejo alimentar buscando maior retorno produtivo e financeiro.
- Aplicativo +Leite – realiza o diagnóstico produtivo da fazenda leiteira de forma rápida, simples e intuitiva. Com ao uso do aplicativo, em apenas uma visita, no tempo necessário para o técnico avaliar todas as vacas do rebanho, já é possível obter o diagnóstico zooténico.
- A Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) em Blocos – desenvolvida para aproveitar o máximo potencial reprodutivo de fêmeas bovinas submetidas a um protocolo de IATF, resultando em aumentos de 10% a 20% de prenhez em relação às vacas submetidas à metodologia de IATF convencional.
Contribuições em grandes culturas, frutas e raízes
- Aprimoramento dos sistemas de produção das culturas de grãos e da dinâmica dos sistemas integrados.
- Lançamentos de cultivares de arroz de sequeiro e a adoção de tecnologias e práticas recomendadas pela Embrapa para o Sistema de Produção de Arroz de Sequeiro contribuíram para o incremento de 64% na produtividade entre os anos de 2000 e 2020 em Rondônia.
- Desenvolvimento de Sistema de Produção de Milho contribuiu para um incremento de produtividade de 150% em 20 anos (2000 a 2020). Cerca de 60% dos 4.500 estabelecimentos produtores utilizam tecnologias da Embrapa em Rondônia.
- Seleção de linhagens e indicação de cultivares e estratégias de manejo da cultura de soja para Rondônia e estados adjacentes.
- Avaliação de culturas alternativas para o cultivo de safrinha, como feijão-caupi, sorgo, girassol, entre outros, buscando diversificar os sistemas de produção de grãos para além da sucessão soja/milho.
- Desenvolvimento dos sistemas de produção de banana, açaí e mandioca, contribuíram para a incorporação de tecnologias e incremento de renda no campo em Rondônia.
Recursos humanos e infraestrutura
A Embrapa Rondônia ou Centro de Pesquisa Agroflorestal de Rondônia é uma Unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Possui um corpo de pesquisa formado por doutores e mestres e é referência em agricultura, pecuária e florestas no estado de Rondônia e na Amazônia. Os trabalhos são realizados por 127 colaboradores, sendo 23 pesquisadores, 24 analistas, 26 técnicos e 54 assistentes. Possui profissionais em áreas como agronomia, veterinária, engenharia florestal, zootecnia, biologia, economia, administração e comunicação.
Tem Sede e campo experimental localizado em Porto Velho e campos experimentais em Ouro Preto do Oeste e Vilhena, áreas que dão suporte às ações de pesquisa e transferência de tecnologia para as cadeias produtivas de maior importância para a região Amazônica. A atuação da Embrapa Rondônia está concentrada em três grandes áreas de produção: cafeeira, animal e vegetal. Conta também com sete laboratórios: Entomologia e Controle Biológico, Solos e Plantas, Fitopatologia, Biotecnologia, Cultura de Tecidos Vegetais, Sanidade Animal e Bromatologia e Nutrição Animal.
Primeira sede da Embrapa Rondônia
Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024 | Porto Velho (RO)