Quarta-feira, 30 de janeiro de 2019 - 13h40
Uma vez que o agricultor é um empreendedor do campo, é importante que ele tenha o controle sobre as entradas e saídas financeiras, dos custos da produção e o ganho real dos seus investimentos. A dificuldade de gestão rural acaba sendo hoje um dos grandes gargalos para a melhoria de renda da agricultura familiar em Rondônia.
O agricultor Roque Augusto do Santos, de Rolim de Moura, conta que, por falta de conhecimento, nunca teve o hábito de fazer anotações sobre de sua produção, custos ou lucros, que sempre trabalhou “no toque da botina”, de forma intuitiva, mas que isso tem mudado. Ele participou da Reunião Estadual do Núcleos Associativos, onde o tema foi discutido e entende a importância da prática.
“Meu filho agora anda com um caderninho, anotando todas essas informações. Vejo que o gerenciamento é o caminho correto pra gente ter êxito na produção”, afirma o agricultor familiar. A gestão da propriedade rural é um dos eixos temáticos previstos no projeto Plantar.
É exatamente essa falta de gestão da propriedade que faz com que os agricultores não tenham a noção exata do que é rentável ou não dentro da sua propriedade e os custos diversos acabam sendo misturados. “Ele usa o dinheiro do leite para pagar o fertilizante do café, por exemplo, e aí acaba não sabendo o valor do produto final dele na hora de comercializar”, explica Iara Barberena, Educadora do CES Rioterra. Com isso, ele toma como base apenas o preço de mercado e corre o risco de não conseguir cobrir os custos reais da produção, tendo prejuízo ao invés de lucro.
Iara salienta que o ideal é que o produtor tenha um controle isolado para cada cultura dentro da propriedade, pois cada uma tem um custo específico para produção, que pode variar de região para região. Entender, ainda, se uma produção é rentável ou não, com base nas características de solo e clima de onde esse agricultor está localizado e a abertura de mercados.
Outro item importante a ser levado em consideração neste planejamento e que muitas vezes é deixado de lado é o custo da própria mão de obra, que acaba não sendo integrada no cálculo do valor final do produto a ser comercializado.
O objetivo do PRA não é apenas regularizar ambientalmente a propriedade por meio da recuperação das áreas degradadas, mas também ajudar no aumento da renda da família, sendo o gerenciamento da propriedade a principal ferramenta para este fim. Por isso, o Plantar inclui, além dos cursos, a orientação técnica para escolha das espécies de acordo com as especificidades de cada propriedade e mercado regional, como meio de garantir os melhores negócios para os agricultores.
O Plantar Rondônia é um projeto pioneiro no país, realizado pelo Centro de Estudos da Cultura e do Meio Ambiente da Amazônia – Rioterra, em cooperação com a Ação Ecológica Guaporé – Ecoporé e Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Rondônia, em parceria com a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental – Sedam e apoio financeiro do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social – BNDES através do Fundo da Amazônia.
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