Domingo, 25 de julho de 2021 - 19h20
Como uma das alternativas para incentivar o aumento da produção de suínos de corte, o Governo de Rondônia, por meio da Secretaria de Estado da Agricultura (Seagri), iniciou um trabalho de remodelagem da Câmara Setorial de Suinocultura, incluindo na nova estrutura o Núcleo Estadual de Arranjos Produtivos Locais (APL).
De acordo com dados da Seagri, os Estados da região Norte vêm registrando nos últimos cinco anos queda na produção de suínos de corte, por causa do alto custo da ração animal, onde os principais componentes são: o bagaço da soja processada nas indústrias de outras regiões e o milho.
Apesar do alto custo da ração tornar o produto local menos competitivo no mercado, pois a falta de indústrias na região obriga o produtor a importar o produto do Mato Grosso, pagando mais impostos e fretes rodoviários pelos insumos, a Seagri assegura que o mercado em Rondônia está aberto.
Luiz Gonzaga Alcausa, 68 anos é dono de um frigorífico instalado na Estrada do Japonês e de uma casa de carne especializada na zona Sul de Porto Velho, garante que “o valor do bagaço da soja aumentou de R$ 0,80 para R$ 1,85 o quilo e o do milho dobrou de preço”.
Mesmo diante do aumento, o criador decidiu manter a produção de suínos de corte, iniciada há 10 anos ainda em Rolim de Moura, embora admita que reduziu a quantidade de matrizes e baixou o preço da carne suína de R$ 25 para R$ 20 desde o final de 2020.
Outra agravante apontada é a variação da cotação do dólar na exportação de grãos como a soja e o milho, componentes indispensáveis, segundo ele, para a ração animal.
O suinocultor contou que participou de uma reunião e que, apesar dos problemas da cadeia produtiva com os preços dos insumos e impostos, ficou mais animado, pois saiu o encaminhamento de uma associação estadual de suinocultura. “É muito importante um corpo associativo para que tenhamos mais treinamento, conhecimentos e, assim, ajudar na luta pela implantação de uma suinocultura de qualidade em Rondônia”.
PRODUÇÃO EM RONDÔNIA
Cerca de 22 mil pessoas trabalham na suinocultura no Estado. Em 310 propriedades, a maioria na região do Cone Sul (Vilhena, Colorado do Oeste) e Rolim de Moura, a produção é de forma organizada comercialmente.
No total, 22.676 produtores são considerados criadores de porco “crioulo”, ou seja produzidos em campo aberto sem técnicas de manejo e apenas para a própria subsistência.
FOMENTO
O Governo de Rondônia firmou um Termo de Cooperação Técnica, por meio da Seagri, com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Associação Estadual de Suinocultores, Agroindústrias e Representantes e Técnicos das Entidades Afins (Acsur) e a Entidade Autárquica de Assistência Técnica e Extensão Rural de Rondônia (Emater), para qualificar dez técnicos que vão atuar como agentes multiplicadores.
De acordo com a assessora técnica da Seagri, Hedlah Moraes, os especialistas – veterinários e zootecnistas, vão receber toda a orientação para atuarem direto com os produtores na difusão das técnicas e conhecimentos para melhorar, inclusive o padrão genético dos planteis.
No treinamento serão abordados temas como: melhoramento genético, nutrição, instalações, bem-estar do animal, sanidade, uso e aproveitamento de dejetos, manejo suíno, reprodução e custo de produção.
A capacitação, sem ônus para o Estado, é um dos avanços para difundir as orientações e multiplicar conhecimentos entre os micro, pequenos e médios avicultores e suinocultores de Rondônia.
NÚCLEO DE APL
Mais uma medida indispensável ao fomento da produção das culturas regionais, dentre as quais a suinocultura, foi a transferência do Núcleo Estadual de Arranjos Produtivos Locais (APL) da Secretaria de Planejamento, Orçamento e Gestão (Sepog) para a Seagri, responsável pela elaboração de um diagnóstico sobre possíveis APLs nas regiões produtoras dos municípios e formação de governanças locais.
A Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado (Idaron) intensificou o monitoramento sorológico a fim de manter a certificação internacional de zona livre da peste suína, conquistada em 2016.
No trabalho de sorologia, realizado em todas as regiões do Estado, os fiscais agropecuários da Idaron recolherão aproximadamente 270 amostras de sangue que serão enviadas à um laboratório credenciado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).
O resultado dos exames é encaminhado ao (Mapa) e a Organização Mundial para Saúde Animal (OIE). “Esse monitoramento é feito anualmente. Nunca foi registrado um foco da peste suína clássica em Rondônia”, destaca Fabiano Alexandre dos Santos, gerente de Defesa Sanitária Animal.
A Agência mantém ainda o serviço de vigilância ativa nas propriedades em que há atividades ligadas a suinocultura. Segundo Fabiano, Rondônia tem uma meta mensal que é cumprida rigorosamente pela Idaron. “Em apenas seis meses, de janeiro a junho deste ano, já foram realizadas quase mil visitas aos criadores de suínos”.
PESTE SUÍNA CLÁSSICA
A peste suína clássica, também conhecida como cólera ou febre suína, é uma doença altamente contagiosa causada por vírus da família Flaviviridae, gênero Pestivirus, de genoma RNA. Afeta tanto os porcos domésticos quanto os selvagens.
Os sintomas são: hemorragia, que pode levar à morte; febre alta; falta de coordenação motora; orelhas e articulações azuladas; vômitos e diarreia; falta de apetite; esterilidade e abortos; leitões natimortos ou com crescimento retardado.
PREVENÇÃO
Pensando em ajudar o suinocultor, a Idaron reuniu dicas com cuidados sanitários básicos que podem ajudar a manter o vírus da peste suína clássica longe da propriedade rural. O material foi divulgado pela Federação da Agricultura e Pecuária do Paraná, com informações da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS).
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