Sexta-feira, 13 de outubro de 2023 - 08h24
Difícil
definir se a falta de água para beber é na Amazônia uma contradição ou uma
ironia. É uma contradição quando se considera que a região comporta a maior
bacia hidrográfica do mundo, na qual faltar água não faz o mínimo sentido. A
ironia ocorre por conta do incorrigível descuido com o planejamento.
A
política de saneamento na região sempre foi uma de batata quente que não parava
nas mãos de quem pegava. Ao ser criado, na ditadura do Estado Novo, o Plano de
Saneamento da Amazônia mirava apenas a malária, cujo combate foi retardado
pelos desentendimentos entre o médico Evandro Chagas, seu proponente, filho de
Carlos Chagas, e os burocratas do regime.
Após
a morte de Chagas, em 1940, a batata quente virou um batatal porque o saneamento
não podia se limitar à malária: era fundamental melhorar as condições de vida e
de saúde dos habitantes da Amazônia. Essas tarefas gigantescas, atribuídas ao
comando centralizador da ditadura, foram retardadas pelo bate-cabeça dos
burocratas. Tardiamente o governo percebeu o erro e transferiu
responsabilidades aos estados, mas logo veio a II Guerra Mundial e o fim da
ditadura, dando fim ao plano.
Desde
lá, no forno das ditaduras e dos golpes, a batata quente, aquecendo ainda mais,
secou. Se é nas dificuldades que o caráter se engrandece, as autoridades do
país, estados e municípios têm uma oportunidade esplêndida para se engrandecer.
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A rodovia do Boi
Denominada
agora, pelo governo do estado, como rodovia TransRondônia (... seria uma homenagens as pessoas trans?), a rodovia do
boi, no Cone Sul rondoniense beneficiando municípios como Corumbiara e Chupinguaia
chega ao seu estágio final chamando atenção pela qualidade ( no padrão Ivo
Cassol, o governador das estradas), com camada asfáltica generosa e bem fiscalizada
por engenheiros e equipes técnicas do DER. Eu afirmo que fiscalizar obras com
honestidade é algo raro em Rondônia e se isto está sendo feito de fato, meus
parabéns a esfera estadual.
Que desgraceira!
Que
zica em Rondônia. Ainda com muitos voos cancelados pelas empresas aéreas, a
Estrada de Ferro Madeira Mamoré revitalizada que não deslancha para ser
inaugurada para entrar em funcionamento e agora a construção do Hospital de
Urgência e Emergência que foi para as cucuias e todo processo de licitação para
ser refeito. A saúde em Rondônia que está um caos há muito tempo com muitas
dificuldades em reagir. Não bastasse, o adiamento da ponte binacional, temos o
cruel aumento do ICMS decretado pelo governo estadual atingindo o comércio varejista
que vivencia tempos de crise. A gritaria é grande, de Vilhena a Porto Velho.
Falta fiscalização
Porque
muitas obras são entregues pelas esferas municipais, estaduais e federais, com
rachaduras, ou mesmo incompletas? Isto decorre da classe política que não
fiscaliza, muitos políticos são amiguinhos das empreiteiras e com isto
conjuntos habitacionais, creches, estradas, pontes, escolas se tornam
esqueletos. As construtoras recebem os recursos e dão no pé com a cumplicidade
dos gestores que foram eleitos para fiscalizar e combater a corrupção. Por isto
se sabe quando as obras começam, mas nunca quando elas terminam em nosso estado
e isto já vem de longe.
Aposta da esquerda
A
aposta da esquerda e centro esquerda é que o bolsonarismo não será tão forte
assim em Rondônia em 2024 como foi nas eleições anteriores. Eu concordo com
esta teoria, mesmo porque a influência do mito será mais reduzida, com as seguidas
condenações e a inelegibilidade de Jair Messias já firmada pelo supremo. No
entanto, o conservadorismo segue forte e poderoso e isto tem sido uma tradição
rondoniense desde os primórdios. Tanto é a verdade que boa parte dos governadores
nomeados ou eleitos tem sido com tendência conservadora, casos Teixeirão, de
José Bianco, Ivo Cassol (dois mandatos) e Marcos Rocha (dois mandatos).
Na centro-esquerda
Já
pela esquerda e centro esquerda, Rondônia emplacou Jeronimo Santana (MDB), um
ex-guerrilheiro do MR-8, depois Valdir Raupp (centro esquerda), e Confúcio
Moura (centro esquerda). Os favoritos para o governo estadual em 2026 são
bolsonaristas, casos do atual senador Jaime Bagatolli (PL) e do prefeito Hildon
Chaves (União Brasil). No último caso, Hildon é um bolsonarista mais suavizado
e já está com as malas prontas para se transferir para o PSDB, um partido também
considerado conservador diante de suas posições antagônicas ao PT.
Via Direta
*** Na Amazônia o garimpo do ouro foi
identificado como um segmento auxiliar do tráfico e drogas para o exterior e
propulsor da lavagem de dinheiro *** Não é novidade, pois em Rondônia isto
ocorre há pelo menos quatro décadas ***
Por falar nisto, as dragas instaladas na região do Belmont foram todas Madeirão
abaixo, em explosões provocadas pelo Ibama e Polícia Federal na semana passada ***
Defensores dos garimpeiros afirmaram que houve exageros nas ações federais contra
a categoria e muita gente ficará sem trabalho na região de Porto Velho *** Numa coisa, pelo menos, eles tem razão:
com a explosão as dragas afundadas com maquinário vai também o mercúrio para
contaminar as águas já tão poluídas do Rio Madeira.
Vivemos um grande clima de incerteza com relação as eleições 2026 em Rondônia
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