Quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024 - 08h11
Houve
quem atribuísse a seca fora do comum exclusivamente a fenômenos temporários,
que os crentes chamariam de “vontade de Deus”, caso do famigerado El Niño. No
entanto, uma batelada de estudos científicos, sem negar o peso dos fenômenos
cíclicos, mostram que as desgraças esturricantes não tiveram sua gravidade
determinada pelo moleque travesso nem por deuses inocentes.
Em
seu tempo, o naturalista britânico Charles Darwin disse que “se a miséria de
nossos pobres não é causada pelas leis da natureza, mas por nossas
instituições, grande é a nossa culpa”. Culpa enorme, a julgar por estudo da World
Weather Attribution (WWA) revelando que as mudanças climáticas acumuladas fizeram
a seca até 30 vezes mais provável no período de junho a novembro do ano
passado, inocentando o El Niño e as divindades. Pela pesquisa da WWA, as condições
que levaram à seca rigorosa começaram em abril, antes do El Niño. Mais: depois
de iniciada, ela se espalhou por uma área fora da influência dele.
Trocando
em miúdos, quando ele veio, em junho, a Amazônia já estava em regime de seca.
Se é certo que piorou o que estava ruim, não lhe cabe a responsabilidade
integral pela tragédia. O que mais preocupa, nesse caso, é que as mudanças
climáticas ocorridas tendem a se agravar e ir além dos fenômenos temporários.
Se elas resultaram contínua ação ambiental destrutiva, os verdadeiros culpados
são outros.
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A diáspora
Não
é à toa que a aprazível João Pessoa, a capital da Paraíba e a exuberante Florianópolis, a capitais de Santa
Catarina receberam grandes contingentes de novos moradores nos últimos anos,
algo em torno de 120 mil cada. Pelos mais variados motivos, desde o baixo custo
de vida, belas praias, e o excelente preço dos imóveis em João Pessoa, e a
qualidade de vida, o efetivo sistema de saúde e suas praias, no caso de Florianópolis
Estas cidades tem sido as preferidas dos aposentados e quem busca novos
negócios. Constato que esta tendência também existe em Porto Velho, uma cidade
que perdeu 60 mil habitantes na década e segue esta mesma diáspora para SC e a
PB.
A prioridade
O
município de Ouro Preto do Oeste, berço da colonização rondoniense é uma das cidades
mais carentes de saúde e muito tem se socorrido em Ji-Paraná e outros
municípios. Mas o prefeito Alex Textoni, ao invés de destinar recursos para
algo tão necessário, que é o atendimento da saúde, resolveu, para deixar seu
nome marcado naquela cidade, um belo estádio municipal, que já está em fase de
conclusão. A cidade sequer tem uma equipe de futebol disputando torneios importantes,
mas estádio reluzente terá para atender a vaidade do alcaide local.
Década das trevas
Já
fazem mais de 30 anos da década das trevas de Rondônia. Foram três deputados federais
cassados, dois deles pelo tráfico de drogas uma outra parlamentar que arrotava
integridade, por corrupção, e logo sem seguida o escândalo nacional das
propinas na Assembleia Legislativa no Fantástico. Foram anos onde a imagem de
Rondônia foi para o ralo. Assisti casos nos aeroportos de Brasília e de São
Paulo, onde políticos locais indagados de que estado eram procedentes,
renegavam Rondônia. Diziam que eram de Manaus ou Belém, até Rio Branco servia. Hoje
a imagem rondoniense é avariada pelo narcotráfico.
Procura-se....
O
povão acredita assim: que o caro cidadão de Porto Velho, procurando os piratas da
madeira vai encontra-los, no Orgulho do Madeira, na Zona Leste, que é batata.
Então, quer se filiar ao crime organizado? O destino é o Morar Melhor, na Zona
Sul, onde existem pelo menos três escritórios do crime organizado montados para
atender as facções. Se preferir entrar em contato com os barões da corrução, da
extração ilegal de ouro e do tráfico de drogas das conexões Rondônia-Nordeste e
outas regiões, o endereço seria é um determinado condomínio de luxo. E assim
caminha a humanidade.
A mãe das secas
Até
esperava um ano de 2024 palatável para os rondonienses e para a Amazonia em
termos de estiagem, queimadas e normalidade hídrica, pois afinal o Rio Juruá,
em Cruzeiro do Sul, no Acre, já está quase transbordando e o nível do Rio
Madeira em Porto Velho mais ou menos dentro da normalidade esperada. Mas as
previsões emanadas dos satélites não são nada animadoras e pode surgir por aqui
a mãe de todas as secas nestas bandas, maior ainda do que a que padecemos em
2023 que já foi de arrasar. Aquela desgraceira toda que aconteceu no Amazonas
estaria se encaminhando para parte do Rondônia e Mato Grosso em 2024. Será? Se
for assim, estaremos literalmente - fritos.
Via Direta
*** Com grandes perdas demográficas nos
últimos anos, Porto Velho acabou perdendo o posto de terceira maior cidade da região
Amazônica para Ananindeua, município localizado
na região metropolitana de Belém*** As duas primeiras cidades do Norte são
Manaus e Belém e a capital amazonense já superando no último censo Curitiba com
seus mais de 2 milhões de habitantes ***
O recuo no preço da saca da soja preocupa os produtores rondonienses mas o
cultivo de novas áreas segue se espraiando pelo estado ***Também se constata
pequenos fazendeiros deixando a criação do gado bovino, devido aos altos custos
com ração, sal, vacinas e outros produtos agropecuários. A choradeira tem sido
grande.
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