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Carlos Sperança

Marcos Rocha e o pelotão de prefeitos + Aprender com os erros + A transferência de votos + Nem parentes


Marcos Rocha e o pelotão de prefeitos +  Aprender com os erros + A transferência de votos + Nem parentes - Gente de Opinião

Aprender com os erros

O negacionismo, basicamente, consiste em duvidar da cultura e da ciência. Quando há crise e a miséria aumenta, há uma desesperada tentativa de atribuir uma face material ao Mal invisível que se considera responsável pelas desgraças. Há seitas que tomam o dinheiro pela a raiz do Mal, enquanto para outros ele está nas conquistas da civilização: inovações, tecnologia etc.

O futuro é tão incerto que o sonho com um passado idealizado como bom e puro aparece como a fantasia de corrigir o Mal que assola o mundo. A realidade mostra que o dinheiro é só uma convenção para valores. Ironicamente, são as conquistas da ciência que um dia vão fazê-lo desaparecer, tanto quanto o petróleo, também acusado de causar guerras, poluição e desgraças, um dia será apenas resíduo em museu. Os museus, assim, servem para avaliar o passado, não para tentar ingenuamente o improvável retorno ao Éden ou ao Império, que chegou a ser o maior do mundo nos tempos do rei João VI.

O Museu de Ciência da Amazônia, que vai assinalar o bicentenário da Independência, surge no local em que foi tentado um dos sonhos mais ambiciosos já idealizados: em 1934, Henry Ford quis extrair aqui a borracha que iria usar nos pneus dos seus carros. Sua Fordlândia fracassou, mas o Museu de Ciência vai materializá-la para contar que o passado só serve para estudos, porque retornar a ele é tão insano quanto negar que aconteceu.

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A transferência

Nem sempre lideranças destacadas e as vezes até endeusadas, como o governador Jorge Teixeira conseguem transferir votos para seus pupilos. Teixeirão conseguiu emplacar no pleito de 1982, os três senadores –Odacir Soares, Claudionor Roriz e Galvão Modesto –  cinco dos oito deputados federais e 15 dos 24 deputados estaduais para a Assembleia Legislativa, numa legislatura que fez história. Grandes governadores, como Ivo Cassol, não tem obtido a mesma proeza de transferir votos. Os candidatos que apoiou a prefeitura de Porto Velho, por exemplo, todos levaram pau, de Everton Leoni a Garçom, de Leo Moraes a Cristiane.

Nem parentes

Exceto Valdir Raupp que tornou sua esposa Marinha a deputada federal mais votada e recordista de mandatos a Câmara dos Deputados, outros políticos de grande estatura fracassaram na tentativa de eleger familiares. Ivo Cassol não elegeu sua esposa Ivone, no auge da sua popularidade. Confúcio Moura tentou eleger a irmã em Ariquemes e tubulou gloriosamente. Expedito buscou emplacar a esposa, também não deu certo e anos depois garantiu o filho Expedito Neto a Câmara dos Deputados. Os governadores Jeronimo, Piana e Bianco não deixaram herdeiros políticos.

Marcos Rocha

O atual governador Marcos Rocha (União Brasil) vai à eleição de outubro, tocando seu projeto de reeleição, apoiado por um pelotão de quase três dezenas de prefeitos rondonienses. Inicialmente acredita-se que seja bem-sucedido em alguns municípios, em outros não, mesmo com tantos programas de obras, como Tchau Poeira, regularização fundiária, etc. Alguns setores da sua administração padecem, como a saúde e a segurança pública. Mas lembro que tanto Ivo Cassol como Confúcio se reelegeram com déficits nos mesmos quesitos.

Taca-lhe o pau!

Também quero citar uma característica interessante dos governadores rondonienses. Sempre todos atentos ao surgimento de predadores, se algum político mostrar a cabeça fora da toca, logo leva uma bela paulada. Jerônimo não deixou Tomás Correia crescer, Piana asfixiou possíveis concorrentes, Raupp, como uma sucuri aplicou seu laço em José Guedes e Ildemar Kusler. Cassol era o Sol, batia o pé e os deputados botavam o rabo entre as pernas. E aí, outro dia me perguntaram sobre o governador Marcos Rocha, ele age assim também? Com certeza. Ele farejou o risco Bagatolli em seu caminho e tratou de cortar suas asas desde o início. E assim caminha a humanidade!

Favoritos tombaram

Outra coisa interessante nas eleições rondonienses são os favoritos tombando. Em 1990, Oswaldo Piana derrotou o favorito Valdir Raupp, em 1994 Raupp voltou a disputar o governo de Rondônia e derrubou o maior favorito de todos os tempos Chiquilito Erse. Em 1998, Raupp era o top das Galáxias e foi derrotado por José Bianco. O que dizer de Expedito Junior que disputou duas eleições como favorito e levou pau de Confúcio e Marcos Rocha? Em 2022, os favoritos são os ex-governadores Ivo Cassol (PP) e Confúcio Moura (MDB), mas como se vê favoritismo em Rondônia não diz muita coisa.

 

Via Direta

*** Com cerca de 600 mil habitantes e algo em torno de 350 mil eleitores Porto Velho vai se firmando como o grande cenário da eleição ao governo do estado em 2022 *** Um palco ruim para os governadores de plantão, mas não para aqueles que pagam em dia o funcionalismo público e os fornecedores. Ivo Cassol e Confúcio se reelegeram assim, mesmo patinando na saúde e na segurança pública *** Ivo tem a melhor largada em Porto Velho, Marcos Rogério depende de Hildon e Ieda para crescer por aqui, já que Expedito na capital funciona como âncora e foi ocultado até na campanha de Hildon a reeleição no passado *** O predador do governador Marcos Rocha é Confúcio, uma guerra entre criatura x criador. São disputas empolgantes, torcida brasileira! 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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