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Carlos Sperança

Nada vem do acaso e Bolsonarismo animado


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Nada vem do acaso

Os dois retratos mais fortes da Amazônia exibem uma floresta riquíssima e um povo pobre e cheio de carências, sobretudo nas periferias urbanas e no remoto interior. Nem por crença fanática nem por cinismo se pode aceitar esta situação contraditória como natural sob as insustentáveis alegações de que sempre foi assim e seria a vontade de algum espírito invisível dominante.

Dados referidos em recente debate pelo professor Márcio Holland, da Fundação Getúlio Vargas, apontam que desde a década de 1970 quase 16% da floresta sofreu desmatamento. Seria compreensível que a pobreza caísse na mesma proporção, mas isso não aconteceu. Pode-se, com razão, dizer que, por outro lado, 84% da floresta ainda se mantém e o povo não enriqueceu nesse período no mesmo percentual – e isso também é verdade. Manter a floresta e combater os crimes ambientais precisam ter contrapartida conquistando apoio mundial à bioeconomia e a políticas sociais de amplo alcance e rápida eficácia.

A necessária harmonia entre os dois retratos depende de como o Brasil será tratado pelo mundo. Há pouco, ao anunciar que o Egito autorizou a importação de gelatina e colágeno e a Índia passará a comprar nosso refresco de açaí, o Ministério da Agricultura e Pecuária comemorou que um novo destino para nossos produtos foi conquistado a cada semana desde o início do ano. Isso não vem por acaso: é conquistado.

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Pontapé inicial

A posse, num grande evento em Ji-Paraná, na presidência da Associação Rondoniense de Municípios-AROM, no meio da semana, marcou o pontapé inicial da campanha ao governo do estado do prefeito de Porto Velho Hildon Chaves. Bem prestigiado pelo governador Marcos Rocha, seu aliado político, pelos prefeitos e lideranças políticas estaduais, o alcaide larga bem, buscando a interiorização do seu nome. Já sabendo que seu predador é do interior, tendo pela frente um político da extrema direita, o senador Jaime Bagatolli, com curral eleitoral no Cone Sul rondoniense.

Bolsonarismo animado

Com Lula tropeçando nas próprias pernas e de joelhos para o Congresso Nacional (como já ocorreu com os presidentes anteriores), o bolsonarismo viceja e fica entusiasmado com o futuro. Diante da perspectiva cada vez mais forte do ex-presidente Jair Bolsonaro perder a elegibilidade, o segmento está colocando dois nomes para correr trecho. A ex-primeira dama Michele, que já tem viagem programada para visitar Rondônia e o atual governador de São Paulo Tarcísio de Freitas. Se projeta uma dobradinha para 2026 envolvendo estes dois nomes já com as bênçãos do mito.

A industrialização

A desindustrialização do Brasil começou pelo governo Lula 1, se estendeu nos governos seguintes do PT, Temer e Bolsonaro e o que se sucedeu até hoje são milhões de brasileiros desempregados e o país atrasado até na fabricação de insumos de remédios, componentes eletrônicos e tantos outros setores essenciais, onde a ciência e a tecnologia são essenciais. Agora o presidente Lula fala em programas a serem lançados para a retomada da industrialização no País. Terá que lidar com um atraso de 30 anos, num cenário onde a China e os países asiáticos tomaram conta.

Dura disputa

Vem aí a mais dura disputa as duas cadeiras ao Senado em 2026. Não bastassem os senadores Confúcio Moura (MDB) e Marcos Rogério (PL) a eeleição e o governador Marcos Rocha (PL), despontam nomes cogitados do calibre do ex-senador Expedito Junior, do ex-deputado federal Leo Moraes (Podemos), Vinicius Miguel (PSB), Amir Lando (MDB), prefeito de Cacoal, Fúria (PSD). Teremos também possivelmente dobradinhas interessantes: Hildon Chaves ao governo com Marcos Rocha ao Senado, Jaime Bagatolli ao governo com Marcos Rogério ao Senado e por aí vai.

Segundo voto

No pleito ao Senado em 2026 teremos a questão da escolha do segundo voto já que serão dois senadores eleitos. Lembrando que em 1994, José Bianco arrastou junto com ele Ernandes Amorim, derrotando o grande favorito da época Amir Lando. Anos depois, o fenômeno Fátima Cleide, na onda Lula, desbancou favoritos ao cargo beneficiada pelo segundo voto. Com o segundo voto, Valdir Raupp seria o candidato ao Senado mais votado de todos os tempos, deixando poeira para o grande Ivo Cassol, também eleito. Por aí vai e com isto pelo menos um favorito em 2026 poderá bailar perante o eleitorado.

 

Via Direta

*** Com quase 1.700.000 cabeças de gado bovino, o município de Porto Velho já conta com mais bois no pasto do que habitantes no estado inteiro *** E com a pecuária enfrentando o recuo nos preços da arroba da carne e a saca da soja em queda livre o agronegócio rondoniense vai registrando solavancos *** Mesmo assim o setor responde pela maior parte do PIB rondoniense, ainda em crescente nos últimos anos, mesmo com as baixas populacionais sofridas conforme atesta o censo 2022 do IBGE *** Com os grupos palacianos municipais e estaduais se alinhando a candidatura de Mariana a prefeitura de Porto Velho quem deve perder a força e sair do páreo será Marcelo Cruz (Patriota) que chegou a ser estimulado a assumir candidatura.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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