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Ciro Pinheiro

Desarmemo-nos


Desarmemo-nos - Gente de Opinião

DESARMEMO-NOS

Não vejo mais nenhum comentário, nada mais sobre o decreto das armas assinado pelo presidente Bolsonaro no mês de fevereiro, no qual foi dito que cidadãos brasileiros podem comprar até quatro armas de fogo para guardar em casa, além de garantir o porte de armas por qualquer brasileiro e, mais ainda, facilitando a compra de fuzil, ao “cidadão comum”.

Sob o título Desarmemo-nos publiquei, no final do ano passado, neste espaço do Gente de Opinião, o meu pensamento sobre as armas e deixei bem clara a minha opinião sobre a questão.   Usando o mesmo título estou aqui, de novo, considerando a possível volta da onda com relação ao tema. Eu disse, naquele tempo, logo no inicio do meu artigo, que tem lógica até certo ponto à posição dos defensores das armas quando dizem “que todo cidadão precisa de uma arma em casa para proteção, sua e da sua família, se o Estado não cumpre o dever de dar proteção ao pai de família cabendo a ele próprio arcar com essa responsabilidade. Quem leu viu o que escrevi: tem lógica até certo ponto.

Pois bem: parece até que eu estava prevendo essa onda em torno do tema, nascido da iniciativa do nosso belicoso presidente. Naquele meu comentário eu lancei esta indagação: com uma arma em casa será que o cidadão do bem pode ter a garantia de que está protegido? Será que o marginal com o dedo no gatilho, nervoso, apressado, às vezes drogado, decidido e pronto para matar, vai encontrar o pai família pacifico com a arma na mão, esperando para revidar o seu ataque?  E mais... normalmente a arma em casa “vive” guardadinha escondida, fora do alcance numa emergência, em lugar de difícil acesso às crianças.

 Pensemos bem: como será o uso de um fuzil pelo cidadão que sequer sabe bem usar uma espingarda comum? – Eu, por exemplo, que nunca dei um tiro numa mosca, nunca numa arma. O que penso: caberá exclusivamente às Forças Armadas, o uso do chamado armamento pesado para cumprimento de sua missão legal de defesa da Pátria; caberá às polícias o uso de armas apropriadas ao seu trabalho, exclusivamente em serviço.
Ao Estado caberia à defesa permanente do cidadão e o trabalho de desarmar os bandidos, os marginais, aplicando penas severíssimas aos infratores e, principalmente, acabar com a impunidade, a causa principal da violência generalizada de tudo isto que vem acontecendo no País.

Sem armas podemos ter paz, viver em um mundo melhor. Como eu já disse, nunca peguei em uma arma para dar um tiro. Sou de uma família tradicionalmente pacifica. Decididamente sou contra armas. Discordo totalmente do decreto presidencial. 


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A cearense Rachel de Queiroz escreveu: "O revolver é um objeto bonito, bem trabalhado, que tem uma única finalidade: matar gente. Fora matar pessoas, não tem a mínima serventia”.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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