Quarta-feira, 24 de janeiro de 2018 - 19h11
Eu e meus companheiros docentes do Colégio Mal. Castelo Branco, projetamos realizamos uma excursão no Rio Candeias, no trecho compreendido entre a BR 364 e a reserva dos indígenas Caritiana, no período das férias escolares de 1968. Os objetivos principais eram:
1 – coletar amostras de um grande Lage de rocha de origem sedimentar, na qual existiam solidificados rastros humanos de homens, mulheres e crianças para submeter as amostras a exame de avaliação de sua idade pelo processo do C-14 descobrindo sua primitiva idade original de terreno sedimentar não sólido, permitindo a impressão dos rastros e suas posteriores solidificação.
2 – encontrar, fotografar, coletar o máximo de provas e depoimentos sobre a existência de mapinguari nas terras dos Caritiana habitando em uma gruta isolada na floresta. Seus gritos aterrorizam animais e homens, caso um Caritiana o encontrasse, o seu odor nauseabundo o prostrava com elevadíssima febre e delírios, debelados com muito empenho pelo pajé.
O único meio seguro de escapar ileso do ataque dessa fera, é se refugiar dentro de um igarapé ou rio, visto ele não entrar na água.
Ambas as informações o professor Milton obteve do sertanista Valter Gadelha, o qual foi prejudicado com a desistência dos pesquisadores de minérios, por ele contratados, ao saberem da existência do mapinguari.
Reunimo-nos para deliberar sobre os encargos de cada um, ficando assim estabelecido. O Milton contataria o senhor Valter combinaria com ele conceder uma entrevista aos excursionistas e assumir o compromisso de ser o guia e chefe da expedição; o Amizael fretar o barco; a mim, como amigo particular do governador João Carlos Marques Henrique, da primeira Dama Sr.ª Laura e professor particular gratuito, do seu filho João Carlos, assíduo frequentador de sua residência, cabia conseguir que ele financiasse a excursão. O que foi concedido com facilidade, porque o casal adorava essas estórias extraordinárias, contavam que haviam visto discos voadores em São Paulo e Copacabana no Rio de Janeiro.
O barco não foi preciso fretar, o tio do Milton possuía um. Entusiasmou-se com a excursão, participando desta com dois auxiliares. Desceram o Rio Madeira até a foz do Rio Jamari, por este subindo até a foz do Rio Candeias, estacionando no local de inicio da viagem sob a chefia do Sr. Valter. Distribuição de encargos, optei ser o cozinheiro.
O nosso barco tinha hasteado no mastro dianteiro uma flamula branca tendo gravada em ambas as faces a palavra Mapinguari em letras vermelhas e no mastro da popa a bandeira brasileira. Garbosamente subimos o rio. Surge a primeira cachoeira formada por blocos imensos de rochedos. Os barcos esvaziados de suas cargas aguardavam serem transpostos arrastados por um rebocador. Reiniciamos a viagem paramos as 17h00min horas, em frente uma linda praia margeamo-la até a foz de um igarapé no qual penetramos e amarramos o barco em sua margem. Perguntei do nosso guia porque não dormimos na praia. Respondeu por que a sucuri devoraria um de nós. Aprendendo mais uma lição, pois na cachoeira pulei n’agua e ouvi a maior gritaria,, sai dai rapidamente, se não queres ser engolido pelos jaús. Nós vamos pernoitar numa pascanha, não perguntei o que era, deduzi ser um abrigo. Subimos o barranco prosseguimos pela floresta até uma clareira, ele informou, chegamos, escolham as árvores para atarem suas redes, recolham madeira acendam uma fogueira para nos aquecer e afugentar qualquer animal da proximidade do acampamento. Fomos ao igarapé fiquei abismado com a quantidade de rastros, principalmente os de uma grande onça. O senhor Valter nos tranquilizou afirmando não ser ela uma ameaça, visto já haver se alimentado e ter vindo ali para beber água. Por segurança atei a minha rede o mais alto possível.
Sentindo-me aliviado do medo ao amanhecer. Apagamos a fogueira e voltamos a embarcar seguindo rio acima. Quase no final da tarde, ancoramos na sede bem estruturada de um seringal, com três barracões, um residência do seringalista, noutro do gerente e guarda-livros, e o outro, armazém e deposito. Várias barracas moradia dos empregados de serviços gerais: mateiro, toqueiros, comboieiros, vigilantes (capangas), pescadores e caçadores. As desocupadas reservadas para os seringueiros quando vinham à sede. Fomos recebidos e gentilmente hospedados, jantamos em sua residência com ele, seus assessores imediatos e suas respectivas esposas. Da varanda do barracão avistava-se na margem oposta uma enseada, ele nos disse ser habitada por uma gigantesca cobra, já a tinha visto.
Umas nove horas ou mais da noite o Milton convidou-me para pescar. Cabia-me pilotar a canoa e a ele arpoar os peixes em repouso na beira do rio. Ele arpoou-o um de grande tamanho na luta do peixe em se libertar e do pescador de impedi-lo viraram a canoa, o empenho agora era não deixa-la ser levada pela correnteza,, o que conseguimos com muito esforço desalaga-la retornando ao porto contabilizando o prejuízo com a perda de remos, arpões e uma potente lanterna.
Despedimo-nos prosseguindo a viagem, comuniquei ao sr. Valter que havia acabado o sal. Ele me disse que conseguiria com os seringueiros trocando por nossas mercadorias. Na primeira barraca na qual proporíamos a troca, esta ficava no alto do barranco, cercada pela mata um inusitado episodio ocorreu, ouvimos uma calorosa discussão que altiava-se conforme nos aproximávamos. Estacionamos, o Milton e sr. Valter se dirigiram para a casa a alteração silenciou e esta estava vazia. Continuamos em frente e chegamos numa ampla residência habitada por uma senhora e duas mocinhas, estas com trajes de seringueiro. Contamos-lhe o ocorrido elas disseram que ali moravam dois irmãos, um casado. Na madrugada quando saiam para estrada de seringa, o solteiro voltava para manter relação sexual com a cunhada. O irmão os flagrou, entraram em luta corporal até se matarem. O que ouvimos é escutado por quem passa por ali. Perguntamos as moças porque estavam assim vestidas. Responderam que eram seringueiras, desde que seu pai morreu assumiram com o seringalista o compromisso de quitar a sua divida, sendo aceito. Estamos perto de salda-la, então iremos embora. Fizemos a troca de nossa mercadoria com o sal e seguimos para a reserva dos Caritiana na expectativa de encontrar o mapinguari.
Os índios informaram que o macacão muito tempo não aparecia na gruta sua morada, encontra-se abandonada. Um índio nos levou a masmorra escura e de exalação fétida.
Depois de conviver alguns dias com os Caritiana, regressamos a Porto Velho com a sensação de fracasso.
E eu com a obrigação de voltar com o governador e contar as peripécias da excursão.
1. Nota do autor – O mapinguari provavelmente é um megatério sobrevivente dos extintos. Por ser um raro animal, desconhecido dos habitantes da densa floresta amazônica, crendo nas narrativas dos indígenas, criaram estórias e lendas a seu respeito e áreas geográficas de suas aparições, os altos rios Solimões, Negro, Purus, Juruá e Madeira.
2. Jaú peixe da família dos silurídeos, bagre de tamanho avantajado, habitante dos rios amazônicos.
Abnael Machado de Lima
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