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Anísio Gorayeb

5º BEC: 47 anos em Rondônia


5º BEC: 47 anos em Rondônia - Gente de Opinião
Comboio do 5º Batalhão de Engenharia e Construção durante sua última parada na BR 029, a 8 km de Porto Velho. (Fonte: 5o BEC)

Criado através do Decreto No. 56.629 de 30 de julho de 1965, assinado pelo Presidente da República Humberto de Alencar Castelo Branco, o 5º BEC - Batalhão de Engenharia e Construção e completará 47 anos.

Após alguns meses de preparação e uma minuciosa programação, aquisição de maquinas e equipamentos, recrutamento de militares para integrarem a missão de desbravamento da Amazônia, o comboio com a primeira unidade do 5º BEC partiu do Estado da Guanabara dia 16 de janeiro de 1966.

A primeira etapa da viagem até Cuiabá foi tranquila. Já a segunda etapa que compreende o trecho de Cuiabá a Porto Velho pela antiga BR 029, hoje BR 364, foi muito difícil, a rodovia estava em péssimas condições, em estado de abandono. Uma viagem nestas condições era descrita na época como uma verdadeira aventura.

Após 32 dias de viagem, mais precisamente no dia 17 de fevereiro de 1966, o comboio do 5º BEC adentrava a cidade de Porto Velho em desfile pelas suas principais ruas. Na Rua Pinheiro Machado foi montado um palanque para as autoridades assistirem o desfile de caminhões, maquinas e militares. Dentre os presentes no palanque de recepção destaca-se o Governador do Território Federal de Rondônia, o Coronel Manoel Luiz Lutz da Cunha Meneses.

A princípio o pelotão acomodou-se nas dependências da Guarda Territorial, na Rua Major Amarantes. Após alguns dias aquartelaram-se no antigo prédio do DNER – Departamento Nacional de Estradas de Rodagem, na Rua Rui Barbosa, hoje Hospital de Guarnição. O comando do Batalhão utilizou o prédio da administração da Estrada de Ferro Madeira Mamoré na Avenida Sete de Setembro esquina com Avenida Farquar, conhecido como Prédio do Relógio.

Em seguida iniciaram as obras do seu quartel juntamente com as residências dos militares. Ao lado esquerdo do quartel foram construídas as residências dos sargentos e subtenentes, e ao lado direito, as residências dos oficiais, por isso a vila militar ficou conhecida como REO (Residência Especial dos Oficias). O comandante e os oficiais mais graduados sempre residiram no centro da cidade, no Bairro Caiarí.

Foram construídos dois clubes sociais, que por sinal, eram os melhores da cidade. Onde eram realizadas as melhores festas da cidade: bailes de carnaval, “reveillon”, baile municipal e bailes de debutantes. Um destes clubes foi demolido em 2011. Por decisão do Ministério da Defesa, em seu lugar será construído um novo quartel. Lamentamos muito a demolição do “Cassino dos Oficiais” (este era o nome do clube), pois durante nossa juventude frequentávamos aquele local, que alem dos bailes tinha também uma excelente área de lazer com a melhor piscina da cidade.

 

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Na foto da esquerda: a chegada a cidade de Porto Velho.
A direta: as autoridades no palanque para assistirem ao desfile
do comboio. (Fonte: 5º BEC)


O primeiro comandante do 5º BEC foi o Coronel Carlos Aloysio Weber, que foi homenageado pelo Ministério do Exército, através da Portaria No. 363, de 14 de julho de 1999. Esta portaria determinou a nova denominação do Quartel, que desde então passou a chamar-se de “Batalhão Cel. Carlos Aloysio Weber”. Uma justa homenagem a este pioneiro que comandou inúmeros heróis nesta longínqua região.

Nestes 47 anos de trabalho em prol do desenvolvimento da região o 5º BEC realizou e continua realizando trabalhos em diversas áreas. Milhares de quilômetros de rodovias federais, estaduais e municipais. Pavimentação de vias urbanas, construção de aeroportos e pistas de aviação, centenas de pontes e muitas obras de construção civil.

O batalhão implantou nos anos 60 o Projeto Rondon. Este projeto tinha o objetivo de requisitar estagiários das áreas de saúde para darem assistência aos moradores da região, principalmente aos ribeirinhos.

Muitos pioneiros constituíram família e após a reseva permanecem residindo em Porto Velho. Eles falam com orgulho do Batalhão, como por exemplo, o Sargento Áureo Soares que trabalhou diretamente com o Cel. Weber, e atualmente trabalha no Hospital de Guarnição. Segundo Áureo, ele não consegue se afastar da “farda”.

No início do ano passado ocorreu um fato curioso que comprova a paixão dos pioneiros pelo Batalhão. O subtenente Ranílio Zampiron, pioneiro do 5º BEC, que estava doente há bastante tempo, fez um pedido à família, e exigiu que o atendessem naquele que segundo ele seria seu último pedido.

Zampiron pediu que fosse sepultado no cemitério Jardim da Saudade, que foi construído pelo Batalhão em 1967 e fica nos fundos do quartel, próximo a BR 364. É neste cemitério que está sepultado o Rogério Weber, filho do Cel. Carlos Aloísio Weber que faleceu num acidente de motocicleta na rua que hoje tem seu nome.

O subtenente Ranílio Zampirom, que já estava residindo em outro estado há mais de 20 anos, teve seu pedido atendido pela família. Em maio de 2011 foi sepultado no Cemitério Jardim da Saudade...

Até a próxima semana.

ANISÍO GORAYEB

 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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