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Anísio Gorayeb

CENTENÁRIO DA EFMM


CENTENÁRIO DA EFMM - Gente de Opinião

Neste mês se agosto se comemora o primeiro centenário de inauguração da Estrada de Ferro Madeira Mamoré. Esta monumental obra que teve início em 1907, ainda hoje tem uma historia repleta de lendas e mistérios, o que é perfeitamente compreensível, pois essa obra foi uma verdadeira epopeia.

O sonho de se construir uma ferrovia contornando o trecho encachoeirado do Rio Madeira, surgiu em 1870, na época do Brasil Império, quando Dom Pedro II concedeu a concessão para construir a primeira ferrovia da região ao coronel americano George Earl Churc.

Cel. Churc iniciou a construção em 1872, mas não foi bem sucedido, muitas mortes alem de pouco capital disponível, o fizeram abandonar a obra.

Oito anos depois, em 1878, veio a segunda tentativa, desta vez  a cargo da construtora americana P & T Collins, pertencente aos irmãos Phillips e Thomas Collins. Construíram apenas 7 km de ferrovia e também abandonaram as obras. Alguns trabalhadores da P & T Collins tiveram que mendigar esmolas em Belém para voltar ao país de origem.

Somente após o Tratado de Petrópolis, celebrado entre o Brasil e Bolívia em 1903, esse sonho passa a se concretizar.  Esse tratado foi celebrado na cidade de Petrópolis, quando a capital do Brasil era no Rio de Janeiro. Nesse tratado, o Brasil se comprometia a construir uma ferrovia, ultrapassando o trecho encachoeirado do Rio Madeira, e em troca o Brasil receberia as terras que hoje compõe o Estado do Acre, que antes pertenciam a Bolívia.

A Bolívia precisava chegar ao oceano e escoar sua produção de borracha, a única riqueza da região. Essa era a forma mais viável que eles tinham de chegar ao Oceano Atlântico. Para isso bastava ultrapassar o trecho encachoeirado via férrea e depois navegariam até o oceano, passando pelas cidades de Manaus e Belém.

Na época, a EFMM foi uma das maiores e mais difíceis obras do mundo. Tanto que o magnata Percival Farquar foi considerado louco quando disse que venceria o desafio de se construir uma ferrovia em plena selva amazônica. Afinal já haviam tentado construí-la duas vezes e fracassaram. 

As dificuldades eram muitas. Podíamos dizer que essa região era considerada como o “fim do mundo”. Uma terra cheia de adversidades, totalmente desconhecida, cujo único meio de acesso era através do Rio Madeira. O único povoado que existia era uma pequena vila chamada Santo Antonio, e pertencia ao Mato Grosso.

Farquar requisitou trabalhadores em 25 portos espalhados pelo mundo. Essa grandiosa obra contratou durante cinco anos (1907/1912) mais de 20.000 trabalhadores, oriundos de 52 países diferentes.

Mais de 6.000 trabalhadores morreram durante as construções. São heróis anônimos que iniciaram a construção desse grande e pujante Estrado de Rondônia.

Uma terra cheia de mistérios e totalmente desconhecidas, com doenças tropicais, que o mundo desconhecia: malaria, febre amarela, impaludismo, “bere-bere” e outras. Como se não bastasse uma natureza selvagem com índios, cobras, onças, jacarés, etc.

Para conter o número de óbitos por essas doenças, foi construído o primeiro hospital de doenças tropicais do mundo, o Hospital da Candelária. Em 1910, Percival Farquar solicitou que o médico sanitarista Osvaldo Cruz viesse a Porto Velho para conhecer e orientar aos médicos, uma solução para reduzir as doenças. Após 20 dias na região, Osvaldo Cruz, fez um rol de recomendações, o que diminuiu consideravelmente o número de mortes.
 

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Com a construção da Madeira Mamoré surgiu a cidade de Porto Velho que foi elevada a categoria de município do Estado do Amazonas em 02 de outubro de 1914. Em 13 de setembro de 1943 é criado o Território Federal do Guaporé, que em 17 de fevereiro de 1956 passa a se chamar Território Federal de Rondônia. No dia 22 de dezembro de 1981 é criado o Estado de Rondônia.

A EFMM foi nacionalizada em 10 de julho de 1931, quando o Presidente Getúlio Vargas, nomeia através do Decreto 20.200, o primeiro diretor brasileiro da ferrovia, Aluizio Pinheiro Ferreira.

Os trens da lendária Madeira Mamoré apitaram pela última vez... Muitas lágrimas, muitas saudades... A ferrovia se despedia da população.

A Estrada de Ferro Madeira Mamoré representa o marco da colonização daquela região.

Não é exagero dizer que a Estrada de Ferro Madeira Mamoré é a “mãe” do Estado de Rondônia... Através dela surgiu a cidade de Porto Velho, o Território e finalmente o Estado de Rondônia.

Parabéns à Estrada de Ferro Madeira Mamoré pelo seu primeiro centenário...

Até a próxima semana.

 

ANÍSIO GORAYEB

 

 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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