FÓRMULA 4

Ao ler o título deste artigo, talvez pense que se trata de alguma nova marca de caminhonete, algum tipo de xampu ou coisa parecida. Não é nada disso. Fórmula 4 foi um conjunto musical que surgiu em Porto Velho no ano de 1968. Na verdade o conjunto foi formado em Manaus, pois os componentes estudavam na capital 

Augusto Luiz dos Santos Veiga (contra baixa)/GentedeOpinião

Amazonense. Influenciados pelos Beatles, os amigos Francisco José Coimbra Erse, Osvaldo Piana Filho, Augusto Luiz dos Santos Veiga e Hiran Brito Mendes, quatro cabeludos rondonienses resolveram criar um conjunto musical. Assim eram conhecidos os grupos. Não se usava naquele tempo o termo banda, a não ser para as bandas do exército ou da antiga Guarda Territorial, também conhecida carinhosamente como “furiosa”.

Até aí nada demais, a não ser pela curiosidade e a intenção de passar aos mais jovens alguns fatos nossa terra. Afinal não temos conhecimento de ter havido em nenhum outro estado deste país um governador e um prefeito da capital, eleitos quase na mesma época, que tenham sido colegas de banda nos tempos de estudantes. Estou me referindo ao Chiquilito, eleito prefeito em 88, e Piana, eleito governador dois anos depois, em 90. De 90 até 92 os dois administraram juntos os destinos do estado e da capital de Rondônia. 

Osvaldo Piana Filho (guitarra solo)/Gentedeopinião

O Fórmula 4 teve uma vida muito curta, porém foi como um cometa a sua passagem. Fez muito sucesso no show de estréia que aconteceu no Cine Lacerda. Tudo muito bem planejado pelo empresário do grupo o amigo Aldenir Paraguassú: Piana (guitarra solo), Chiquilito (guitarra base), Pituca (contra baixa) e Hiran (bateria) tocavam sucessos da jovem guarda e alguns internacionais. Os clássicos italianos faziam muito sucesso, e Piana interpretava magnificamente o clássico “si fá sera”. O carro chefe de Chiquilito era a musica “esqueça” de Roberto Carlos. 

Excluindo o Hiran, todos se formaram em curso superior. Chiquilito, que infelizmente nos deixou em 2000, formou-se em administração de empresas, Piana fez medicina, Pituca é dentista e Aldenir é arquiteto. Este morando em Brasília há bastante tempo. È um amigo que não vejo há longas datas. Daqui mando um abraço carinhoso ao querido Aldenir.

Não podemos esquecer dos precursores da música com instrumentos elétricos em Porto Velho nos meados da década de 60. Estou me referindo ao Paulo Santos e Zé Ricardo ainda no tempo do violão elétrico. Depois se formaram muitos outros conjuntos musicais. Entre eles destacam-se: “The Brasilian Boys” (66/67), “Os Hunos” (68/69), “Rud Tânia” (70/71), “The King Stones” (70/72), “Curtson” (72) e muitos outros. Em Guajará Mirim também surgiam alguns grupos, entre eles “Os Apaches”, formado pelo Wagner Bartolo. 

Hiran Brito Mendes (bateria)/Gentedeopinião

Quanto ao Fórmula 4, somente o Pituca seguiu a carreira musical. Com o fim do Formula 4, passou a integrar o “The Blue Birds”, um grupo musical de Manaus que tinha como concorrente “Os Embaixadores”, os dois eram excelentes. Nos bailes de debutantes, muito comuns na época, esses dois conjuntos eram os preferidos. Havia também um conjunto acreano que disputava preferência com os amazonenses, chama-se “Os Bárbaros”. Seu vocalista era o Francisco Laureano, mais conhecido como Chico Pranchão, devido suas enormes dimensões. Chico Pranchão interpretava muito bem os sucessos do grupo americano “Credence”. Assim como Chiquilito, Pranchão também já não está entre nós. Faleceu repentinamente de câncer em 2004.

Existe apenas um remanescente destes grupos que ainda hoje atua como musico. O baterista Telêmaco, hoje com 60 anos, é professor da Escola de Musica Jorge Andrade e autor de um belíssimo projeto de musica instrumental, onde tocam todos os sábados (professores e alunos) na Praça Getulio Vargas, em frente ao Mercado Cultural. O mesmo está na música há 43 anos e já tocou em muitos estados, inclusive integrou um conjunto boliviano. Telêmaco tem muita historia pra contar. 

Francisco José Coimbra Erse (guitarra base) - Gentedeopinião

Aproveito para agradecer e mandar um forte abraço aos amigos Antonio Estolano e Telêmaco, pelas informações prestadas, afinal os dois participaram da maioria destes conjuntos. Em nossas conversas lembramos de muita coisa daquele tempo e principalmente dos concursos de conjuntos que havia na quadra do Ferroviário. Lembramos também do Orlando Surita, que na minha opinião o melhor cronner de todos os tempos. Atualmente Estolano é funcionário da Assembléia Legislativa.

Quanto ao Fórmula 4, infelizmente não conseguimos nenhum registro fotográfico, o que é uma pena. Conversamos com o Piana, Pituca, Hiran e com a amiga Nazaré Erse, irmã do saudoso Chiquilito, porém é muito difícil conseguir alguma foto da época. Lamentamos muito, pois seria muito legal ter uma imagem dos quatro tocando juntos. Fico devendo para uma próxima oportunidade...

Na verdade devo confessar que eu também tinha vontade de ser artista, afinal esses rapazes faziam muito sucesso aqui na terrinha. Pena que não tive talento e nunca aprendi a tocar nenhum instrumento. Foi melhor assim...

Um abraço... Fiquem todos com Deus...

Até a próxima.

ANISIO GORAYEB 

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