JIPES DE PRAÇA

                                          
Hoje vamos relembrar um pouco do nosso passado, mais precisamente dos meados dos anos 60, quando a cidade de Porto Velho era muito pequena e todos se conheciam. Tínhamos poucos carros por aqui, alguns Jipes e poucas Rurais. Tínhamos também bastantes carroças puxadas por bois. As ruas não eram asfaltadas, somente as do centro da cidade é que tinham calçamento com paralelepípedos.

Somente depois é que surgiram dois luxuosos Aero-Willis. Um era usado pelo Governador do Território e o outro pertencia ao Sr. Saleh Moreb. O carro era muito bonito e considerado muito moderno para a  época. Fez tanto sucesso que foi criada uma versão mais luxuosa ainda, denominada de Itamaraty, em homenagem ao Palácio do Itamaraty em Brasília.

Este luxo em nada se compara aos carros de hoje. Naquele tempo não havia vidro elétrico, ar condicionado, trava elétrica, “air bag”, freios ABS, som e etc. Atribuía-se como luxo, por ser mais macios que os Jipes e as Rurais e virem com um rádio muito simples que mais chiava do que tocava. A curiosidade estava na alavanca de câmbio. Ela era acoplada na coluna de direção abaixo do volante. Para engatar a marcha ré, apertava-se um pequeno botão na extremidade da alavanca.

Porto Velho em 1962. O Mercado Central e em vermelho o ponto dos jipes de praça. (Fonte: Acervo próprio)

Nesta época as pessoas andavam muito a pé, e raramente quando precisavam de um táxi, tinham que utilizar um “jipe de praça”. Estes Jipes ficaram conhecidos como “jipe de praça”, pelo fato de ficarem todos estacionados em frente à Praça Getulio Vargas. Geralmente ficavam estacionados lado a lado, de frente para o antigo Mercado Central.

Este era o único ponto de “jipes de praça” que existia no inicio dos anos 60. Ficavam neste local porque lá era o principal centro comercial de Porto Velho. O que não se encontrava no antigo Mercado Central, era possível encontrar nas suas cercanias. Todo comércio da cidade era concentrado nas ruas: José de Alencar, Presidente Dutra, Barão do Rio Branco, Sete de Setembro e Henrique Dias.

Um antigo Jipe na esquinada Sete de Setembro com Presidente Dutra. No destaque, uma carroça em frente ao prédio dos Correios.        (Fonte: Foto Pereira)

Ao chegar ao ponto para pegar um jipe, geralmente se pedia ao motorista que nos levasse até a casa de fulano ou cicrano, não era necessário detalhar muito o endereço do destino, afinal todos se conheciam e o motorista sabia onde a maioria das pessoas morava.

Não eram muitos os nossos “jipes de praça”. Ficavam sempre uns cinco ou seis jipes, visto que a população era muito pequena. Dentre os motoristas destes jipes, gostaria de mencionar alguns: Comandante, Austribelo, Percilio, Gegê e outros. Com certeza os mais antigos lembram-se destes motoristas.

Quero registrar que a primeira mulher a dirigir um jipe em Porto Velho, foi a D. Maria do Pirralho. Numa época em que somente os homens dirigiam, Dona Maria chamava muita atenção quando passava dirigindo seu jipe, que por sinal não tinha porta e nem capota.  Daqui saúdo seus filhos e meus amigos de longas datas: Nei, Nildo, Nilvo, Nivaldo, Nilton e o nosso companheiro aqui do Gente de Opinião, Luiz Carlos.

Com certeza estes motoristas dos “jipes de praça” e D. Maria do Pirralho fazem parte da “História da Nossa Terra”...

Fiquem todos com Deus...

Até a próxima.

                                                                  ANISIO GORAYEB