Segunda-feira, 22 de dezembro de 2014 - 12h58
Quando nasci e até meus cinco anos, morávamos numa casa de madeira muito humilde na Rua José de Alencar, entre as ruas Duque de Caxias e Pinheiro Machado, bem em frente à Igreja Assembleia de Deus. Somente em 1960, meu pai teve direito a morar numa das casas do Caiarí. Estas casas foram construídas pela Estrada de Ferro Madeira Mamoré durante a gestão de Aluízio Ferreira e inauguradas pelo Presidente Getúlio Vargas em outubro de 1940.
Lembro-me que nossa casa ficava na antiga Rua Major Guapindaia (atualmente Rogério Weber), Nº 2520. Éramos vizinhos do Sr. Austerlitez Erse (pai do ex-prefeito Chiquilito) e da Dona Teresa Gervais, uma enfermeira francesa responsável pela administração do Patronato Agrícola de Menores (PAM). Dona Teresa trabalhou na Cruz Vermelha durante a Segunda Guerra Mundial e chegou ao Território do Guaporé no início dos anos 50.
Esse patronato era uma colônia agrícola que abrigava jovens e adolescentes que cometiam algum tipo de delito e iam passar uma temporada nessa colônia como se fossem cumprir uma pena corretiva. Tudo isso com a fiscalização e acompanhamento da justiça através do Juiz Federal, Dr. Joel Quaresma de Moura.
O PAM ficava a 35 quilômetros da cidade, por isso era chamado também de 35. Para se chegar até lá, era necessário horas de viagem, numa estrada em péssimas condições e que tinha ainda uma demorada travessia de balsa no Rio Candeias. Essa balsa era presa em um cabo de aço que atravessa o rio e movimentada através de uma manivela.
Todos os anos nessa época já estávamos nos preparando para a Ceia de Natal que todos os anos era no 35. Dona Teresa fazia questão de convidar as pessoas que durante o ano ajudavam a manter o patronato. O maior patrocinador e podemos dizer o maior padrinho do 35, era o Sr. Flodoaldo Pontes Pinto, que também levava sua família para a grande ceia.
Travessia de balsa sobre o Rio Candeias na BR 364. Essa balsa foi desativada no início dos anos 70 com a construção da ponte. (Fonte: Acervo Esron Meneses)
Nossa família não tinha carro, não só pelo preço, como também porque meu pai não sabia dirigir. Para irmos até lá, seu Flodoaldo colocava a disposição da nossa família uma Rural com motorista. Lembro-me como se fosse hoje daquele carro chegando a nossa porta todos os dias 24 de dezembro por volta das 08:00 hs da manhã. Uma Rural da marca Willis, de cores verde e branca, com pneus faixa branca.
Nesse tempo, as informações demoravam a chegar por aqui, só tínhamos as ondas da Rádio Caiarí, a única emissora da cidade, os jornais locais e as revistas Manchete, Cruzeiro e Fatos & Fotos, que por sinal, chegavam por aqui com bastante atraso. Tempo de crianças inocentes que acreditavam em Papai Noel e em cegonha.
Por muito tempo, o velhinho de barbas brancas todo vestido de vermelho e que vinha de ano em ano distribuir presentes às crianças era uma realidade na minha vida. Era capaz de contestar, ou até me aborrecer com quem falasse o contrário.
Isso porque todos os anos quando voltávamos do 35 e entravamos em casa de madrugada nossos brinquedos estavam lá nos esperando. Como poderia ser meu pai? Ele estava conosco o tempo todo e longe da cidade... E o mais interessante, somente “ele” poderia entrar numa casa toda fechada, afinal Papai Noel tinha esse poder.
Meu pai tinha uma tática infalível. Quando estávamos todos no carro prontos para sair ele sempre dizia a minha mãe. Terezinha (nome da minha querida e também saudosa mãe) fique com as crianças aqui no carro que vou buscar algo que esqueci. E ele recomendava: “não desçam do carro, já estão todos acomodados, portanto esperem aqui”. E nessa entrada rápida ele colocava nossos presentes em cima de nossas camas. Voltava, entrava no carro e saiamos rumo ao 35.
No ano de 1967, eu, minha irmã Enaura, minha mãe Terezinha e minha irmã caçula Neinha no Patronato Agrícola de Menores, mais conhecido como 35. (Fonte: Acervo de família)
Num desses anos assim que meu pai entrou em casa para colocar os presentes, minha mãe realmente esqueceu alguma coisa e teve que entrar em casa novamente. Ficamos no carro, eu, minhas irmãs e o motorista. Senti vontade de ir ao banheiro, desci do carro e entrei correndo em casa e flagrei meu pai colocando os presentes. Ele ficou surpreso, e perguntou por que eu desci do carro. Respondi que estava apertado e precisava fazer xixi. Ele me chamou e disse: “Faça de conta que não viu nada. Não conte nada à suas irmãs”. Naquele ano fiquei muito triste por descobri que o bom velhinho era uma lenda, mas mantive por muitos anos o segredo e minhas irmãs continuaram acreditando no Papai Noel ainda por um bom tempo...
Afinal, Papai Noel existe ou não?
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