O FERROVIARIO DIONÍSIO SHOCKNESS

 
No mês de maio de 1910, o Sr. Charles Nathaniel Shockness com apenas 25 anos, e sua esposa Catherine Thomas Shockness chegam a Porto Velho, procedentes da ilha de Granada, localizada nas Antilhas, um arquipélago do Oceano Atlântico na América Central. Charles veio contratado pelos ingleses para trabalhar como marceneiro na construção da EFMM – Estrada de Ferro Madeira Mamoré. CLIQUE E ASSISTA VÍDEO DO VIVA PORTO VELHO.

Após a inauguração da estrada de ferro em 1912 continuou suas atividades, exercendo diversos cargos até sua aposentadoria em janeiro de 1954, dedicando assim 44 anos de valiosos serviços a nossa terra e em especial a EFMM. Faleceu pouco tempo após sua aposentadoria, no dia 5 de outubro de 1955. Pai de 10 filhos, todos nascidos no Brasil, dentre eles o também ferroviário Dionísio Shockness.

Dionísio começou a trabalhar na EFMM em 1934 com apenas 12 anos. Iniciou trabalhando como aprendiz de garagem de cegonhas (uma pequena plataforma de madeira que andava sobre os trilhos acionada manualmente), depois passou a desempenhar a função de artífice de mecânico, foguista, e ajudante de maquinista.

EM 1941 foi finalmente promovido à maquinista, função que sempre sonhou exercer. Ainda hoje, Dionísio se emociona quando lembra das viagens que fazia de Porto Velho a Guajará Mirim e vice-versa transportando cargas e passageiros. Devido seu conhecimento em mecânica e sua dedicação, foi nomeado em 1954, como encarregado do deposito de locomotivas.

Dionísio Shocknes, quando era administrador da EFMM em 1985. (Fonte: Ivo Feitosa)

No ano seguinte foi transferido para Guajará Mirim, onde era responsável pela manutenção de todos os veículos que descarrilavam no trecho de 146 km, entre Guajará Mirim e Abunã. Tinha que socorrer as locomotivas no próprio local onde ocorresse os problemas.

Dionísio aposentou-se em 1969, após 35 anos de serviços e muita dedicação a EFMM. Porém não parou de trabalhar. Os filhos precisavam fazer faculdade fora de Porto Velho, pois aqui não havia curso superior. Então, devido a sua experiência com mecânica e hidráulica, foi contratado pela CAERD – Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia em 1974.

Dionísio exibe orgulhos a foto de seu pai, Charles Nathaniel Shockness. (Fonte: Acervo de família)

No ano de 1980, Dionísio Shockness foi convidado pelo Governador Jorge Teixeira para compor a equipe de restauração da EFMM, no trecho de 25 Km, entre Porto Velho e Cachoeira de Teotônio. Este era um projeto de revitalização da estrada de ferro apenas para fins turísticos. Dionísio exerceu ainda os cargos de Administrador da estrada de ferro e Diretor do Museu da EFMM. Hoje com 88 anos, se diz realizado por ter conseguido formar os filhos, e diz que todos estes anos de trabalho valeram à pena.

Casado com a professora aposentada Syvill Winte Shockness desde 1954, é pai de cinco filhos: Elizabeth, Eli, Eliezer, Elsie e Dionísio Junior. Além do português, Dionísio fala inglês e espanhol. Ao longo da vida recebeu muitos elogios, diversas comendas do Estado e do Município. Em 2008 foi um dos convidados a conduzir a tocha olímpica dos Jogos Pan-americanos.

Sua casa é muito visitada por estudantes, afinal Dionísio Shockness tem seu nome citado em dezenas de livros que falam sobre a nossa antiga estrada de ferro. Sempre que fala sobre os tempos em trabalhava como maquinista na EFMM, o mesmo se emociona, chegando a ficar com a voz embargada, pois não se conforma com a extinção da estrada de ferro.

Dionisio Shockness, com certeza faz parte da “Historia da Nossa Terra”... Um grande homem que merece todas as nossas homenagens.

Fiquem todos com Deus...

Até a próxima.

ANISIO GORAYEB