Antigamente os pais comemoravam os quinze anos de suas filhas com grandes festas. Estes aniversários começavam a ser planejados com bastante antecedência, pois além de ser uma festa muito cara, era também muito trabalhosa, pois existia uma série de detalhes.
Havia uma grande magia na comemoração desta data. Os outros aniversários não tinham tanta importância para as moças como os quinze anos. Já esta festa de aniversário torna-se uma data inesquecível, sendo lembrada pelo resto da vida.
Ocorria um ritual durante a festa de quinze anos. Meia noite a aniversariante trocava de roupa e era apresenta pelo pai à sociedade, já usando um vestido longo. Seu pai então troca o sapato baixo por um sapato de salto alto, simbolizando assim passagem de menina à mulher. Após esta troca de sapatos o pai dançava a primeira valsa com a filha, seguido pelo irmão mais velho, depois os tios, padrinho e etc.
José Carvalho no momento da troca de sapatos de sua filha Kely.
(Fonte: Acervo da família).
Além dos aniversários de quinze anos, havia também os famosíssimos bailes de debutantes, que aconteciam geralmente no mês de setembro, coincidindo com o inicio da primavera. Hoje os aniversários de quinze anos ainda são comemorados, porém os bailes de debutantes não existem mais.
Os clubes sociais realizavam estes bailes anualmente, porém o melhor deles era o do Bancrévea Clube, que se situava na Avenida Carlos Gomes esquina com Rua Campos Sales. Nestes bailes o traje obrigatório era longo para mulheres e passeio completo para os homens. Não adiantava ir com outro traje, pois seria barrado.
As moças que completassem quinze anos podiam participar do baile, e em média eram sempre umas vinte debutantes. Os pais tinham um prazo para inscrever suas filhas, e é claro pagar uma taxa, alem de adquirir uma mesa de pista, o que não era muito barato. Havia um mestre de cerimônia para apresentação das moças, e depois dançavam a valsa com seu pai.
Depois da dança com os pais as debutantes, assim como no aniversário também dançavam com um irmão ou com um convidado. Muitas debutantes que não tinham irmãos convidavam um amigo ou até mesmo o namorado para dançar a segunda valsa.
Era um momento de muita magia para aquelas moças. Lembro que muitas se emocionavam e não conseguiam conter as lágrimas. Eu particularmente participei de diversos bailes de debutantes e dancei algumas valsas, como no baile de debutantes do Bancrévea de 1970, quando minha irmã Enaura foi uma das delas.
Estes bailes aconteceram até o inicio dos anos 70, e geralmente traziam grandes conjuntos musicais da região. Aqui em Porto Velho havia bons conjuntos, porém os melhores bailes eram animados pelos “Blue Birds” e “Embaixadores” de Manaus e pelos “Bárbaros” de Rio Branco.
Minha irmã Enaura com nosso saudoso pai Anísio Gorayeb
no Baile deDebutantes do Bancrévea em 1970.
(Fonte: Acervo da Família)
O conjunto acreano era tão bom quanto os amazonenses. Nosso amigo Augusto Luiz Veiga, o Pituca, tocou por muitos anos no “Blue Birds” quando estudava em Manaus. Nos “Bárbaros” destacamos o Vagner Bártolo e o Francisco Laureano, mais conhecido como Chico Pranchão. Pranchão tinha uma belíssima voz e interpretava como ninguém os sucessos do conjunto americano “Credence”. Chico Pranchão não esta mais entre nós, faleceu em 2004.
Como citamos acima, estes bailes aconteceram até o inicio dos anos 70. Nossos verdadeiros anos dourados. Pena que existam pouco registro destes bailes. Hoje não existem mais os bailes de debutantes, os clubes se acabaram e os conjuntos foram trocados pelos Dj’s. Nada contra, só que naquela época era muito mais romântico.
Saúde a todos... Fiquem com Deus...
Até a próxima.
Quinta-feira, 26 de dezembro de 2024 | Porto Velho (RO)