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Anísio Gorayeb

PIUNS, BORRACHUDOS E CARAPANÃS


O título acima deve causar estranheza a alguns leitores, principalmente aos mais jovens. Talvez até pensem que borrachudo seja algum tipo de pneu ou coisa parecida. Não é nada disso, todos são mosquitos que infernizam a vida das populações.

Os piuns surgiam sempre no início do verão e permaneciam incomodando até a chegada do próximo inverno. Já os borrachudos, eram mosquitos um pouco maiores, e não se adaptavam muito na zona urbana como os piuns. Ainda hoje eles aparecem geralmente nos banhos de igarapés, sítios, chácaras, fazendas, garimpos e etc.

Naquele tempo não tinham inventado ainda os repelente, tão conhecidos hoje. Tínhamos que inventar alguma coisa para afastar esses terríveis mosquitos, cujas picadas causavam alergias na maioria das pessoas. Uma das defesas utilizadas era acender uma fogueira, pois eles se afastam com a fumaça. Principalmente quando íamos aos finais de semanas para os sítios e rios.

Era impossível fazer fogueira em qualquer lugar, como também, ficar as transportando de um lado para outro. Foi aí que surgiu a ideia fazer algo parecido com um fogareiro para produzir fumaça e que pudesse ser levado a qualquer lugar. Observamos então, as latinhas que a igreja católica usa com incensos, o turíbulo. Ao vermos que aquela latinha fazia muita fumaça, resolvemos fazer algo parecido.

Fizemos uma adaptação, usando latas de alumínio, geralmente de leite, óleo ou manteiga. Fazíamos alguns furos na lata para facilitar a ventilação e para prendê-las, usávamos arame. Depois se colocava carvão em brasa até a metade da lata e em cima do carvão, fezes desidratadas (seca) de boi. Isso fazia muita fumaça. Podíamos até não ficar muito cheirosos, mas ficávamos distantes dos piuns e borrachudos.

Nesta época surgiram as equipes conhecidas como “fumacê”, principalmente com a chegada do 5º BEC – Batalhão de Engenharia e Construção em 1965. Todos os dias eles passavam no final da tarde, já ao anoitecer, borrifando as casas com um produto de odor muito forte (DDT), mas eficaz no combate aos mosquitos, principalmente o mosquito da malaria. Atualmente estes “fumacês” ainda são usados no combate aos mosquitos da malaria e da dengue.

As famílias usavam muitas armas contra esses mosquitos, principalmente contra o carapanã que ainda hoje existe bastante. Na época não havia embalagem em spray. Tínhamos que abastecer as bombas de “flit”, e bombear todos os dias. Outra arma usada também era uma espiral de cor verde, chamadas “boa noite”.

Elas eram fixadas a uma base de alumínio, e se acendia a espiral que queimava lentamente durante a noite. Essa espiral produzia fumaça e exalava um odor que afastava os carapanãs, também conhecido com pernilongo ou muriçoca. Na época não havia luz elétrica, portanto para amenizar o calor, dormíamos com as janelas abertas, sem correr risco algum, o que é impossível de se fazer nos dias de hoje...

PIUNS, BORRACHUDOS E CARAPANÃS - Gente de Opinião

 

Nomenclatura:

Pium e Borrachudo

Nome científico: “Simulium Pertinax”. Pertence a família dos “Simuliidae”. O nome e derivado da palavra, “Pi’um”, da língua Tupi, e significa mosquito muito pequeno. No Brasil existem mais de 40 espécies diferentes desse mosquito.

Carapanã

Nome científico: “Culex Quinquefasciatus”. O nome carapanã e derivado do vocabulário indígena, vem do karapa’nã, que significa em Tupi, mosquitos sugadores de sangue. Esse mosquito é conhecido também como: muriçoca, pernilongo, sovela ou mosquito prego. Pertence a família “Culicidae”, do mesmo gênero Anophelesou Aedes.

Até a próxima semana.

ANÍSIO GORAYEB

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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