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Gente de Opinião

Carlos Henrique

Calma Nazif: o pior ainda não chegou


É claro que o prefeito Mauro Nazif não esperava exatamente um céu de brigadeiro para seus primeiros dias de voo no comando da Prefeitura. Ele conhece a realidade amazônica e sabe que o inverno é terrível. Mas o que ele não sabe, nem teria como saber, pois sua formação é outra, que as inundações e alagamentos estão longe de ser o pior problema acarretado pelas chuvas.
 
Especialistas no assunto asseguram que pior mesmo é essa chuva contínua, que deixa a base das vias urbanas permanentemente encharcadas e vai acabar literalmente detonando o asfalto. É coisa para, no máximo, três meses. As inundações e alagamentos chegam, posam para as fotos, e se vão rapidamente. Mas a chuva contínua vai acabar transformando a cidade em nome de site: “Caos Porto Velho”.
Não é culpa de ninguém, mas o melhor a fazer é treinar o pessoal da Prefeitura e se preparar para o inevitável: o mato toma rapidamente os dois lados das ruas e provoca o estreitamento do piso encharcado, que sofre ainda mais com a elevação do peso sobre ele aplicado.
 
Os técnicos aconselham ainda o prefeito a mandar parar com essa bobagem de tapar buraco com asfalto frio, com vida útil previsível de no máximo cinco dias. Ademais, não basta jogar no buraco a mistura de granulagem elevada que está sendo aplicada e deixar que os carros façam o trabalho de compactação. Basta ver a lambança que está sendo feita na avenida Amazonas para perceber que está errado. A solução mais adequada para esta época do ano é uma mistura de terra e brita miúda, tudo compactado para resistir tanto quanto possível.
 
 
E MAIS:
 
1- MUITA REZA– Se, de um lado, Nazif, religioso como é, deve estar rezando com fervor para que a chuva passe rápido, de outro, Dona Dilma e seu ministro Edson Lobão, pedem por um volume muito maior de água despejada dos céus, para evitar o insistente e assustadoramente negado racionamento de energia. O leitor sabe como funcionam as coisas no Brasil: ministro negou, pode apostar que acontece. Pior é que tanta reza pode confundir os santos.
 
2ESTIAGEM – O fim das chuvas deve estar sendo pedido em orações igualmente fervorosas pelo pessoal das usinas. É que a elevação das águas do Madeira poderá demonstrar de forma inequívoca que os estudos de impacto ambiental ali realizados estão completamente furados. É uma situação da qual todo o mundo tem conhecimento, mas interessa às empresas que tudo fique longe dos olhos do público pelo menos enquanto durarem as obras.
 
3- PELO MENOS por aqui, até onde este blogueiro possa ir para denunciar, isso não vai acontecer.
 
4LINHÃO – Apesar de serem importante componente no esforço para que seja evitada um racionamento de energia até pior que aquele ocorrido em 92, que literalmente colocou o governo no colo de Lula, as usinas em nada poderão ajudar. É que os dois linhões para condução da energia estão ainda na dependência da liberação de licenças ambientais pelo IBAMA em vários trechos.
 
5ESTRATÉGIA – Aplaudida nacionalmente pela possibilidade de garantir abastecimento de energia durante todo o ano no país, a interligação do sistema com a energia produzida aqui, quando os reservatórios do sul estão baixos, pode ser melhor aproveitada, segundo gente que entende do assunto.
 
6- ESTÃOsendo construídos dois linhões para levar ao sul a energia das usinas do Madeira, para evitar perdas naturais no processo. Ocorre que a operacionalização do sistema tem um custo elevado e em certos períodos do ano um dos linhões ficará praticamente ocioso, o que não interessa a ninguém, considerados os elevadíssimos custos do investimento. Seria, segundo os técnicos, o momento de usar a energia da usina da Termonorte, caso seja construído finalmente o gasoduto. É um excelente argumento para nossa bancada federal. Caso, claro, ainda haja algum interesse.

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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