Adverti ontem que Rondônia não pode crescer mais que a estatura de seus dirigentes. Pois bem. Um colunista claramente patrocinado transmitiu a reclamação da Fecomércio contra o governador Confúcio Moura, que não teria nem mesmo enviado representante ao Seminário realizado na última semana sobre Logística de Transportes. Mentira! O diretor do Porto, José Ribamar Oliveira, estava lá e avisou que, além de pertencer a um setor diretamente ligado ao evento e ser, portanto, a pessoa mais credenciada discorrer sobre o tema central, ainda representava o chefe do Executivo. Ele foi inclusive citado como representante de Confúcio no discurso do senador Valdir Raupp.
O presidente da Fecomércio, Raniery Coelho bem sabia disso, mas parece ter sucumbido à necessidade – lamentavelmente comum por aqui – de ser reconhecido e festejado como merecedor de todos os louvores e honrarias. Afinal, ele se prepara para tentar nova reeleição em 2014 e precisa vencer as eleições sindicais com aliados este ano, para assegurar a vitaliciedade no cargo. O governador, que não tem nada a ver com o setor de transportes, tem, no entanto, potencial eleitoral para influir na disputa. E sua presença daria a Raniery a oportunidade de exibi-lo aos eventuais concorrentes como uma declaração de apoio. Apenas por isso já se pode aferir a estatura da figura.
Mas não me contenho. Tem mais. O seminário contou com a presença do diretor executivo do DNIT, Tarcísio Gomes Freitas, que representou o diretor-geral, General Jorge Fraxe. Importante figura, mas de triste memória para Rondônia. Foi dele a ideia de reduzir o custo da ponte sobre o rio Madeira no distrito de Abunã, projetada praticamente o mesmo tamanho e características da ponte do bairro da Balsa.
Talvez com a diferença de exigir custos mais elevados, posto que as fundações não encontrarão, por lá, o mesmo pedral existente aqui no leito do rio. Mas o diretor tentou impor um preço máximo pelo menos 30% inferior àquele pago na BR-319. Resultado: nenhuma empresa se candidatou, o que pode ter sido até melhor, já que algum aventureiro sem qualquer experiência poderia mergulhar no preço e nunca realizar a obra. As coisas, felizmente, estão mudando e algumas correções já estão sendo adotadas. Vai sair a nova licitação da ponte com orçamento adequado. Resta torcer para que a mesma empresa que realiza a obra na BR-319 seja vencedora e leve para o novo projeto em Abunã toda a experiência aqui adquirida.
Vou além: Miguel de Souza, secretário de Gestão do Ministério dos Transportes, que tem o controle sobre os setores Rodoviário, Ferroviário e Hidroviário, não foi convidado, embora tivesse manifestado desejo de comparecer, já que é um técnico altamente qualificado e profundo conhecedor de nossas necessidades no setor. Na hierarquia nacional dos transportes, enfim, ele é mais importante não apenas que Tarcísio Gomes de Feitas, mas que todo o DNIT.
Acontece que Miguel de Souza não desfruta exatamente da predileção do presidente da Fecomércio. Afinal foi ele quem comprou a briga contra a ideia estapafúrdia de Raniery Coelho, que patrocinou campanha para mudar a ponte da Balsa para a região de Porto Chuelo, mesmo com o projeto aprovado, dinheiro liberado e licitação já em curso. Ele sabia da impossibilidade da proposta, que implicaria jogar no lixo tudo o que já estava feito, mudar o curso da BR-319, com reflexos ambientais elevadíssimos e dar à ponte o mesmo destino daquela do distrito de Abunã. Tudo isso para felicidade dos donos das balsas, que até hoje estão seguramente na origem de todos os problemas enfrentados pela obra.
Pobre Rondônia!
COMENTÁRIOS
Kruger Darwich Zacarias
Leio sempre sua coluna e muitas vezes achei tendenciosa em alguns aspectos políticos. Em relação a esta matéria quero parabenizá-lo pelas colocações, que refletem, acredito eu, o pensamento de muitos que aqui vivem. O que os homens públicos precisam na realidade e a meu ver é amar o que fazem, amar sua cidade, seu estado, seus cidadãos e isso não ocorre por aqui. Quando alguns comparam nossa vizinha cidade de Rio Branco com Porto Velho tem razão, isso porque lá em Rio Branco os administradores amam sua cidade e querem deixar um legado para as gerações futuras, cada um que vem faz um pouco, mesmo que para isso possam se utilizar da filosofia "malufiana" do roubo mas faço".
Discordo da crítica feita aos Cutubas e Pelecurtas, pois isso faz parte da nossa História, inclusive foi amplamente divulgado um excelente trabalho feito pelo meu dileto amigo Zola Xavier, filho do saudoso enfermeiro Sr. Dionísio, conhecido como Dió, quando resgatou a famigerada "Caçambada do Cutubas" que com certeza você deve conhecer. Portanto não podemos esquecer esse período, pois senão estaríamos negando nossa História e se fosse assim deveríamos esquecer a EFMM que todo mundo fala até hoje, mas infelizmente está jogada as traças.
Carlos Henrique Angelo
Não discuto, caro Kruger, nem me esqueço de reverenciar a importância histórica de “Cutubas e Pelecurtas”. Penitencio-me desde agora se passei esta ideia ao utilizar a imagem. Pretendia mostrar a dicotomia que insiste em estigmatizar nossa sociedade dividindo-a entre “nós e eles”, um raciocínio tão retrógrado quanto oportunista de quem ainda não atingiu maturidade suficiente para a convivência com a pluralidade democrática.
Alcebíades Flávio da Silva
O Miguel é um homem de fibra, quisera os políticos de Rondônia tivesse esse perfil de sonhar com os pés no chão, e, quando surge a oportunidade, realizar! Parabéns Miguel pelo cargo que ocupa, parabéns ao Ribamar por estar neste momento em ponto estratégico para realização dos sonhos de Miguel, na incrementação do transporte multimodal em Rondônia. Parabéns, sucesso! "AGORA O TREM ANDA SÔ"
O blogueiro errou: Um leitor chemou a atenção para um equívoco aqui cometido no texto publicado ontem. Escrevi FPM - Fundo de Participação dos Municípios - quando me referi ao FPE - Fundo de Participação dos Estados, esse sim retido pelo governo federal para pagamento das parcelas da dívida inexistente do Beron.
Deu no Alerta Total
O sofisticado esquema mensaleiro, que faz aqueles crimes mal julgados no Supremo Tribunal Federal parecerem mero roubo da galinha estatal, prepara mais uma jogada bilionária. Os recursos desviados dos cofres públicos, nas mais variadas formas legalizáveis, vão inundar o mercado, lavando ou esquentando dinheiro, na hora em que o BNDES Participações começar a venda de parte de seus R$ 87,9 bilhões em ativos acionários de grandes empresas.
Os megaesquemas de corrupção fazem a festa, esquentando ou lavando o dinheiro desviado dos cofres públicos ou ganho em comissões milionárias de negociatas com prestadores de serviço, fornecedores de produtos ou empreiteiros que fazem negócios com governos, nas esferas Federal, Estadual e municipal. O esquema só seria descoberto se a Receita Federal, respaldada em ordem judicial, fizesse uma operação pente fino na evolução patrimonial nos parentes e pessoas próximas a quem trabalha na máquina pública tupiniquim.