A política na história - Por Carlos Sperança

Lá se vão quase 30 anos da formação da Aliança Democrática, formada pelo PMDB de Ulysses Guimarães e Tancredo Neves e o PFL de José Sarney e tantos outros políticos egressos do PDS. Em 1985, Porto Velho ainda era cidade de pequeno porte, mas se respirava os ares das “Diretas Já” com nossa opinião pública influenciada pelas multidões nas ruas de capitais mais tradicionais como São Paulo Rio de Janeiro, Curitiba e Belo Horizonte.

Por força da vitoriosa Aliança Democrática que elegeria Tancredo Neves (que morreria antes de assumir) a presidente, num colégio eleitoral complexo, formado por congressistas e deputados estaduais de todo país, o governador nomeado Jorge Teixeira de Oliveira foi trocado em Rondônia pelo deputado estadual Ângelo Angelim (PMDB) que cumpriria um mandato tampão até a posse do primeiro governador eleito pelo voto direto no estado, o advogado Jerônimo Santana em 1986.

Foto/Arquivo do jornalista José Carlos Sá

Em Rondônia, a Aliança Democrática colocou lado a lado, ferrenhos adversários políticos. Do lado do PMDB, Jerônimo Santana, Tomás Correia, Amir Lando, Ronaldo Aragão e Cia. Do lado do PFL, José Bianco, Chiquilito Erse, Oswaldo Piana, Silvernani Santos e tantos outros filhotes políticos do governador Teixeirão, terror dos peemedebistas.

Formou-se, então, um governo de coalizão com antigos adversários no mesmo balaio. Como governar um estado com tantos tigres no mesmo capão? Era um desafio enorme e ao final da gestão Ângelo Angelim, alegando que o PMDB não tinha cumprido compromissos – e não tinha mesmo, já que tinha cortado inúmeros liberais indicados na gestão estadual – o PFL pularia fora do barco já formando uma chapa para derrotar o candidato chapa branca ao governo em 1986, Jerônimo Santana.

A chapa do PFL e aliados era forte. Reunia o senador Odacir Soares, o mais votado em 1982 ao Senado – o raposão derrotou o favorito Jerônimo naquele pleito – e o deputado estadual mais votado de Rondônia e presidente da Assembléia Legislativa José de Abreu Bianco, numa dobradinha tacacá (Porto Velho) com leite (Ji-Paraná). Feitas as contas, eram imbatíveis na época, mas acabaram levando um couro da dupla Jerônimo Santana/ Orestes Muniz.

Quatro anos depois, já definitivamente desfeita a Aliança Democrática, com a criação de novos partidos, os políticos egressos do PFL dariam o troco, ganhando a eleição com outra dobradinha Tacacá com Leite: Oswaldo Piana Filho (Porto Velho) e Assis Canuto (Ji-Paraná).

Com a população do interior cada vez crescendo mais em proporção com a capital, Piana foi o último governador eleito por Porto Velho. De lá para cá, todos os governadores vieram do interior: Valdir Raupp (em 1994 – Rolim de Moura), José Bianco (1998-Ji-Paraná), Ivo Cassol (Rolim de Moura) eleito e reeleito de 2002 a 2010 e Confúcio Moura (2010 - Ariquemes).

Foto/Arquivo Gente de Opinião

Da Aliança Democrática ficou a lembrança do grande comício, levando milhares de pessoas ao palco de eventos da época, que era a Praça das Caixas D’Água. Naquela visita de Tancredo Neves e Ulysses Guimarães a Rondônia, Aécio Neves, hoje presidenciável tucano, dava os primeiros passos na sua carreira política, secretariando o grande Tancredo. Mas aí já é outra história.

Via Direta

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