Quarta-feira, 18 de novembro de 2009 - 05h55
Caçambada Cutuba...
... e as histórias mal contadas
A exibição do trailer do filme “Caçambada Cutuba”, quinta-feira (12), no Teatro Banzeiros, foi um acontecimento muito interessante, não apenas por atender à curiosidade das pessoas sobre assunto, já meio antigo, mas, bem mais, porque o tema suscitou depoimentos e discursos inesperados, que levantaram uma questão pouco comentada - a deturpação de acontecimentos históricos, sempre visando atender aos interesses dos “donos do poder” no passado, assim como acontece hoje, quando fica valendo, sempre, a versão oficial dos fatos.
As pessoas que, no palco, deram depoimentos - algumas delas testemunhas de fatos antigos da nossa política - sobre os mistérios do tempo dos “cutubas” e dos “peles curtas” (cheguei em 67, cinco anos depois desse tempo, mas ainda senti o cheiro deles), mostraram exemplos que remontam da história geral do país, essa que decoramos nos livros escolares, e que não batem (muitas delas) com o que contam em publicações paralelas.
Grandes exemplos estão na Historia do Brasil, a oficial, a que colocaram nos livros da escola: o primeiro deles diz que não foi o português Pedro Álvares Cabral quem pisou primeiro no chão da nova terra, recepcionado por índios e índias. Outros navegadores já haviam desembarcado em praias nordestinas, algum tempo antes; mais adiante vem a mal contada história do Grito do Ipiranga: até o registro em telas (o quadro de Pedro Américo, uma delas) deturpa os fatos: D. Pedro não montava num cavalo branco, bonito, nem vestia uniforme de gala, com aquele chapéu de bico: para percorrer a longa distância, em estrada poeirenta, somente em lombo de burro (ou jumento) e vestindo roupa comum (caqui ou mescla, muito usadas naquele tempo); em terceiro lugar o episódio que deu fim ao Brasil Império: os livros escolares não dizem que um motivo fútil levou Deodoro a proclamar a Republica, na realidade um golpe militar de nível baixo: o marechal decidiu-se ao tomar conhecimento que um desafeto seu assumiria um importante cargo no Império. Iria ao imperador apenas para pedir a suspensão do ato (o caso era mesmo a disputa de uma donzela por Deodoro e o cidadão a ser nomeado).
A intenção do marechal não era atingir o Dom Pedro, mas sim, fazer um pedido. Ele terminou traindo o Imperador, ao qual devia muitos favores; deu o golpe e mandou D. Pedro arrumar suas sacolas, pegar a primeira canoa e enfrentar o Atlântico rumo à pátria mãe, Portugal. Deodoro, doente, já apresentando um quadro de senilidade, saiu de casa a fim de depor um inimigo e decidiu destronar o amigo D. Pedro II. Mas Benjamim Constant, Quintino Bocaiúva e outros fizeram-lhe a cabeça e ele, que havia esquecido de levar a espada, acabou derrubando a monarquia com uma “chapelada”. O golpe militar, que estava previsto para 20 de novembro de 1889, teve que ser antecipado para o dia 15, agora, por nós, comemorado.
Por último os fatos mais recentes do golpe de 64 que entrou na história com a versão do lado dos vitoriosos do novo regime. Aí é que entra Rondônia, também, para não ser diferente, com suas histórias mal contadas (ou que nunca foram contadas) ou os “enganos”, conforme o escritor/poeta Antônio Candido. A “caçambada”, que nunca foi bem esclarecida, segundo os historiadores foi uma delas.
É esta face oculta que o trabalho de Zola Xavier e seu pequeno grupo pretendem mostrar no filme, levado ao conhecimento público com o “Banzeiros” lotado. Eles querem resgatar a história popular deixando de lado a história oficial. Querem mostrar o “outro lado” da história, segundo suas falas. E no meio das discussões surgiu a passagem de Che Guevara por Porto Velho, considerada por alguns como ficção.
Na apresentação do trailer as discussões se estenderam até bem tarde, com defesa da versão de que realmente houve um atentado político, enquanto outros falavam em apenas um problema técnico, a falta de freios do caminhão que, desgovernado, foi lançado sobre o povo, no comício, versão que se confirmada, tirará toda a importância da história considerada oficial. Cabe, então, aos descendentes dos “Cutubas” e dos “Peles Curtas”, dirimir as dúvidas e resgatar a verdadeira história, se ela realmente existe, sem ocultação ou distorção da verdade. Ou seja: sem paixão.
Fonte: Ciro Pinheiro - ciropinheirojornalista@hotmail.com - (Jornal Alto Madeira)
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