Sábado, 5 de março de 2011 - 09h19
O Manelão, meu amigo há perto de quarenta anos, queria morrer, gloriosamente, embalado pelo samba da “Banda do Vai Quem Quer”, em desfile carnavalesco no meio de uma multidão de amigos. Em tom de brincadeira comentava essa sua vontade. Ouvi isto, não faz muito tempo, na sua loja/oficina de chaves, ainda ao lado do Banco da Amazônia. Não falava exatamente com estas palavras (morrer no carnaval) mas pela conversa, tinha esse pensamento. Não agora, pensava em sua última viagem bem mais adiante. Não queria fazer, agora, seu último desfile na avenida, mas faltou pouco para isto acontecer. O nosso “General da Banda”, Manoel Costa Mendonça, afivelou a mala uma semana antes do desfile.
Com 61 anos ele queria, muitas vezes, ainda, levar sua banda a desfilar nas ruas centrais de Porto Velho, aplaudida pelo povo, espalhando alegria a centenas de carnavalescos e para grande parte da população que, se não desfilava, desde cedo da tarde ficava plantada nas calçadas para ver a banda passar. Tinha muito, ainda, o que fazer no grande desfile da vida, animando a cidade, com sua banda, a maior da região amazônica. A verdade, a mais verdadeira de todas, é que na banda do Manelão, vai quem quer, mas nesse outro caminho com destino incerto, no qual ele seguiu sem despedidas, todos vão contra a vontade, cedo, ou tarde, querendo, ou não.
“Eu não vou, vão me levando”. Manelão, como diz um dos melhores sambas da Banda, não foi, foi levado. Levado festivamente, com o maior acompanhamento já visto na cidade. O povo, a pé, do Mercado Cultural até o Cemitério dos Inocentes, rindo e chorando ao mesmo tempo. Rindo de que, no meio de tanta tristeza? Foi isso que ele pediu: “Não quero choro nem vela”. Foi tudo obedecido. No lugar de velas, foguetes, confete e serpentina. E muito samba.
“Quero morrer no Carnaval/ sambando/o povo na rua cantando/o derradeiro samba/que eu fizer chorando”. Linda Batista cantou, em passado muito distante e, Manelão cumpriu, agora.
“Quero morrer fantasiado de palhaço/Que sempre fui sem ter vestido a fantasia/Eu, que vivia ouvindo risos de fracasso/Quero morrer ouvindo risos de alegria”.
Manelão, o maior carnavalesco de Rondônia, era diferente dos outros: não vestia fantasia, não sambava, nem cantava.. Um folião ao seu jeito. Alguém, no desfile, lembrou: por que não vestiram nele um abadá? Outro comentário que ouvi : na sua chegada à morada celestial ele foi tratado por São Pedro como “colega”. E logo nomeado seu auxiliar para cuidar das chaves do Céu. Por conta do seu Chaveiro Gold.
Voltando ao sério: O querido Manelão foi levado à sepultura por uma multidão de amigos, sambando e cantando ao ritmo de pandeiros e da batida do coração de cada um, sangrado de tristeza. O desfile deste sábado, sem a figura do seu líder, será de muita emoção.
Fonte: Ciro Pinheiro - ciropinheirojornalista@hotmail.com
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