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Ciro Pinheiro

REPUBLICA: Dor de barriga de Deodoro quase atrasou proclamação - Por Ciro Pinheiro



Aconteceu exatamente há 128 anos. O marechal Deodoro da Fonseca, exaltado por todos os republicanos e pelos militares como o grande líder do movimento que derrubou a monarquia em nosso país, ficou gravemente enfermo na madrugada do dia 15 de novembro, fato que quase obrigou os militares a adiarem a tomada do poder.  Deodoro, que já havia estado de cama no início do mês, passou a noite reclamando de uma forte crise de dispnéia, popularmente conhecida como "dificuldade de respiração". Amigos próximos contam que o marechal quase não conseguiu pregarREPUBLICA: Dor de barriga de Deodoro quase atrasou proclamação - Por Ciro Pinheiro - Gente de Opinião os olhos e não se mostrava animado a deixar a cama para derrubar a monarquia.  Deodoro, no entanto, foi vigorosamente estimulado a colocar a farda e sair às ruas pelo tenente Benjamin Constant e por Quintino Bocayuva. Por volta das 6 horas os dois republicanos foram à casa de Deodoro dizendo que já não era possível adiar a tomada de decisões. O marechal, sabedor dos deveres que tinha assumido, decidiu levantar-se, apesar da falta de fôlego. Na ocasião, reclamou, também, de fortes dores no ventre, ou seja, dor de barriga. Como não houve tempo para ser examinado por um médico, o marechal foi obrigado a partir rumo ao Campo de Santana, onde proclamaria a República, sem levar sua espada à cintura. Foi a maneira encontrada para diminuir seu desconforto e facilitar as coisas no caso de uma emergência. Deodoro entra no quartel de Santana em triunfo, abraçado, entre aclamações. O exército dá vivas à República. É o grito que se ouve em todo o Campo de Santana e em toda a cidade.  O marechal é carregado em triunfo. O 2º batalhão de artilharia dá uma salva de 21 tiros. O Exército, a Marinha e o povo dão vivas à revolução republicana e à Nação brasileira. D. Pedro II estava em Petrópolis, desinformado do que acontecia a seu redor. Tamanha era a desarticulação do governo imperial que foi muito fácil derrubá-lo. Em poucas horas, um movimento militar o afastaria do trono quase sem fazer disparos.

Apesar da simpatia geral, o velho imperador não tinha a quem recorrer. Só depois os novos governantes lembraram-se de convocar o povo, que parecia desinteressado. Afinal, vivia sem governo por tanto tempo que o fim do Império não fazia muita diferença.  Dom Pedro e a mulher, dona Teresa Cristina, acompanhados pela filha, Isabel, seguem para Portugal dia 17, dois dias depois, no primeiro navio que deixa o Brasil. Deodoro declarou que não tinha qualquer intenção de prender ou atacar o monarca, com quem sempre teve boas relações.

A situação só teve desfecho no meio da noite, quando os republicanos foram ao encontro do Imperador, que teve que ser acordado para receber a comunicação de que estava deposto. O portador da comunicação pediu que dom Pedro e sua família partissem naquela mesma madrugada, mas o imperador afirmou que não deixaria o país fugindo. Relatos de pessoas que estavam no palácio dizem que a imperatriz Tereza Cristina chorou, e que sua filha Isabel ficou muda. Dom Pedro soltou apenas um desabafo: "Estão todos loucos!". E  foi embora.


 

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