Sábado, 7 de julho de 2012 - 20h16
Acordei cedinho, olhei o relógio e o calendário, pensei, sentado na cama: 75 anos. Será verdade? Dia claro, sexta-feira, seis de julho, 6 horas da manhã. Sempre duvido: será verdade que estou chegando a essa idade são e salvo? – É verdade, sim, pura e simples: Nesse dia de julho, de 1937, nascia um menino magro, porém bonito, lá no sertão brabo do Ceará, o décimo de uma família de 14 irmãos, 10 homens. Foi lá, numa fazendinha chamada Vera-Cruz, o começo da minha vida de bom sertanejo. Matuto doido por rapadura e paçoca. Tive uma vida normal, com a grande família. Trabalho, escola, brincadeiras, poucas. Muito tempo depois, com 30 anos, e a cabeça cheia de planos, cheguei a Porto Velho - para mim, uma terra muito estranha. Conhecia Rondônia no mapa. Vim, vi e fiquei. (Quase Júlio César: Veni, Vide Vici). Vim pensando em logo voltar (cearense sai de casa já pensando na volta), mas o projeto mudou e aqui continuo no meio de amigos, que são muitos. Os anos passaram, o tempo corre, e lá se vão 45 anos, esse tempo todo escrevendo essas coisas no velho (este sim) Alto Madeira. O tempo voa e a idade avança sem pena nem dó. A verdade é dura, perversa e o consolo é o que dizem, para agradar, os amigos: “Você tem a cara de cinquenta...” - Muita gente diz isto, mas eu gostaria que fosse o contrário: 50 com a cara de 70.
Não acho que estou velho, não. Alguns cabelos caíram, outros mudaram a cor, a hipertensão alterou trazendo outras mazelas, a memória está falhando, mas estou bem, tranquilo, e acho que tenho muito tempo de estrada, ainda, para caminhar. Ir embora deste mundo velho complicado não me agrada, mas, também, não me atemoriza. No andar de cima (como diz Lúcio Albuquerque, ou no fim da linha como diz o companheiro (Lions) Gentil, deve ser muito bom. Para quem merece. Lógico. Chegou a hora, pronto, é só ligar o botão de partida e viajar. O que me desgosta, e não quero nem pensar, é sair deixando todas as pessoas que amo, a família e os amigos; é partir sem ver a vida e a continuação do sucesso dos meus filhos, brincar com os netos que virão. É deixar as coisas boas do mundo, elas existem, apesar de todas as outras. É parar de fazer coisas que gosto: ler e escrever, ouvir boa música, por exemplo. É isto e muito mais. Mas o que fazer se a vida é assim, se não há como mudar a ordem natural de todas as coisas? Apesar de tudo, sou dos que consideram a vida bela. Não comungo com Freud, que revelou que “a vida não tem sentido”; nem com Bob Dylan - “a vida é uma piada”; concordo, sim, com Einstein que acha que o sentido da vida “é o amor e prestar serviços aos demais”. A vida é curta, passa bem depressa e, como diz o poeta, a gente vai levando, levando, a vida vai passando e, sem que ninguém perceba, o tempo voa e a viagem termina. Podem me chamar de idoso, velho, não fico brabo. Nas filas de banco, quando tento ficar na geral, dos mais jovens, meu lugar é, por alguém, indicado. No meio dos idosos, grávidas, deficientes. Falo baixinho: Velho é a vovozinha. Mas não reclamo. Aceito e agradeço, como se falam no Lions no cumprimento de alguma missão.
Setenta e cinco é muito tempo, repito, aturando as coisas complicadas deste mundo velho rabugento e violento e, pouco tempo para tentar fazer coisas boas. Retificando o que disse: o mundo não é complicado, não. Ele foi criado por Deus para ser um paraíso. Complicado é o povo que mora nele. Os que passam, aqui, uma temporada curta, e pensam que são donos da terra. Nós, esses inquilinos malucos a quem o Criador delegou a missão de administrar e cuidar bem de todo esse patrimônio, é que, infelizmente, fizemos e continuamos fazendo coisas erradas. Diferente do que deveria ser feito. Tudo ao contrário do que determinou o Pai Eterno, o Criador de todas as coisas. Inventamos a guerra, a violência, a maldade, o ódio, falsidade, a inveja e criamos há pouco tempo, coisas feias com nomes também horrorosos, como sequestro, o estupro, pedofilia, corrupção, picaretagem, ladroeira e muitas outras que somente cabem no dicionário do mal.
Maaas... vamos sair dessas coisas desagradáveis e voltar ao meu seis de julho: foi nesse dia que lá no sertão do Ceará, nasci em um domingo especial. Como já disse, o décimo de uma grande família, um menino bonito e muito amado. Honestidade, honradez, dignidade, isto não faltava no povo daquela terra bendita, nos confins nordestinos, no berço (ou na rede), onde nasci e vivi menino. O menino que um dia, muito tempo depois, descobriu uma terra chamada Rondônia, bem diferente do sertão cearense onde nasceu. Passou a amar a nova terra como sendo sua e, vivendo nela, não mais voltou ao chão natal. Só, quando pode, para uma espiadinha rápida. Aqui fiz amigos, plantei árvores, criei filhos e não escrevi um livro, mas juntando tudo o que já rabisquei dá para filtrar e, o que sobra, construir um livro de bom tamanho. Um livro que possa mostrar que os anos passam e podem nos tirar a juventude, a beleza e a força física, mas nos transmitem experiência de vida e a perenidade do amor. Mostrar que cultivando a simplicidade, a humildade, podemos descobrir que os problemas serão bem menores. Os grandes a gente reduz e os pequenos a gente esquece. Que com o passar do tempo veremos que a beleza física é uma ilusão e que com a mente e o espírito preparados, poderemos na fase final, no outono da vida, entender que a verdadeira beleza existe.
Livros
YEDDA PINHEIRO BORZACOV lança seu livro “Imagens de Rondônia” em Guajará-Mirim, dia 14 próximo. O lançamento será numa praça da cidade. O livro/álbum e o livro “Viver Amazônico”, também da Yedda, estão na livraria “Exclusiva” e, também, no Supermercado Gonçalves (Abunã - Centro).
CIDA SOUZA (Jornalista, Mestra em Comunicação e Cultura e presidente da Sociedade Civil Memorial Jorge Teixeira) lança “Governo Jorge Teixeira – Seis anos de realizações para todos”, na sede do Memorial Jorge Teixeira, dia 24, às 19h30. O livro da Cida registra fotos do dia a dia durante o processo de estruturação, criação e consolidação do Estado de Rondônia.
SANDRA CASTIEL está com o “Contos Despedaçados” na livraria Exclusiva, no Porto Velho Shopping e na loja do Aeroporto.
Homenagem na Câmara
A Câmara Municipal de Porto Velho fará sessão solene dia 10, terça-feira, para entrega da Distinção Honorífica “Estrada de Ferro Madeira-Mamoré”, em homenagem ao Centenário da Ferrovia, a um grupo de pessoas consideradas merecedoras pelos vereadores. A vereadora Mariana Carvalho foi autora da proposição.
Arraial do Leão
O Arraial do Leão, promoção dos clubes de Lions de Porto Velho (Lions Centro, Lions Rio Madeira), Lions Rio Guaporé, Lions Príncipe da Beira, e, também, o Lions Candeias do Jamari) superou as expectativas. Além dos companheiros Leões, muitos convidados participaram e aproveitaram bem tudo o que foi oferecido: pirarucu de casaca, bolo de macaxeira, cuscuz, mungunzá e outras e muito mais. Tivemos apresentação de dança pelos alunos da Escola Tancredo Neves, bingo e outras atrações, que prenderam Leões e convidados até depois de meia noite.
As barracas dos clubes tiveram boa movimentação, com o trabalho das domadoras. Aí estão: Rosa, Penha, Elza, Maria e, na frente, a menina Hanna. |
No meio dos companheiros do Lions, que participaram do Arraial, Ciro foi homenageado pelo aniversario. Aí estão Carlos Alberto, Elza, Mugrabi, Santos, Guimarães, Lincoln e, lendo o comentário publicado no Alto Madeira e no gentedeopiniao, José Gentil. |
Distante - Aplausos - Yedda nos 80 - Sem abnael - Homenagem - Sargentos – promoções na PM
DISTANTEEstou em São Paulo desde o dia 2 deste julho, hoje já preparando as malas para a volta para Porto Velho. Fomos, nesse tempo - eu e Penha -
Nova prefeitura na margem do Madeira
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