Sábado, 25 de janeiro de 2014 - 16h45
São Paulo faz aniversário, mas é uma cidade que chora. Tem ondas de lágrimas nas ruas alagadas e choro contido nos semblantes silenciosos do metrô lotado. Quer gritar sua incrível história, sobre como se tornou o gigante que cresceu tanto a ponto de mal conseguir ver os próprios pés.
Fascinante em explosões de arte e cultura, explode gente também.
Tem um sotaque tão seu, mesmo sendo de tantos.
Exemplo de lugar que a gente ama ou detesta. Às vezes experimenta esse amor e ódio num mesmo dia. Basta a garoa virar tempestade.
A metrópole é protagonista. Desperta muita inveja. Nenhum lugar é assim. Em São Paulo você encontra o mundo inteiro. Tem um planeta espalhado entre milhões e consegue perder o eu de cada um numa correria que enreda, fisga, vicia, apaixona e silencia o semblante no metrô lotado.
No quarto do hotel, de onde escrevo, vejo a pequena mala que fecho amanhã para voltar pra casa. Abaixo o volume da TV, pra ouvir a cidade ali fora. Tão poderosamente grande, que ao invés de acolher nos recolhe. E ainda assim é mágica, encantadora, misteriosa...
Um dia o poeta cantou que quando chegou por aqui ele nada entendeu. E quem entende?
São Paulo não se explica. Pode ser comparada ao santo que lhe empresta o nome. O apóstolo que escreveu sobre o amor de tal forma que nem Shakespeare conseguiria.
Se eu falasse a língua dos anjos e não tivesse amor, eu nada seria.
Pronto, eis o presente de aniversário ideal: doses maiores de amor. São Paulo agradece. Não o santo, que já está no céu, mas a cidade, que não quer e não merece virar um inferno.
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