Terça-feira, 23 de setembro de 2014 - 17h12
O ambiente de trabalho pode ser marcado por lembranças sólidas de aprendizado, crescimento, novas amizades, perspectiva de futuro e toda aquela crença que temos de que ele enobrece o homem. Sem contar no pão de cada dia; o que, no final das contas, é o mais importante. Está certo que o Mestre já disse que nem só de pão viverá o homem, mas sem pão o homem também não viverá.
Como tudo na vida, existem ambientes em que simplesmente o aprendizado, o crescimento, novas amizades, perspectiva de futuro estão dentro de gavetas ou trancados em um cofre. O trabalhador acaba limitando seu foco em alvos somente no pão de cada dia. E a cada dia o pão fica mais amargo.
Me compadeço de milhões de profissionais cujos sonhos estão engavetados, engarrafados, amontoados, acumulados e desprezados. Pais e mães de família que chacoalham em ônibus cheios, ou já conseguiram um veículo próprio, derramando muito suor e lágrimas, e seguem para o batente como quem caminha para uma batalha. Sim, eu sei que a vida é uma guerra. Mas do lado em que combatemos, junto àqueles que vestem a mesma farda ou uniforme, deveria haver paz. A guerra tinha que ser somente contra o inimigo. Nunca entre colegas, jamais entre amigos…
Os gestores, dirigentes, governantes, diretores, gerentes, comandantes, precisavam rever o que fazem, quem são e como lidam com seu bem mais precioso: o ser humano. Esquecer que “aquela gente” é gente de verdade, é esquecer a própria origem. Mesmo os que nasceram em berços esplendidos e privilegiados, um dia necessitaram de alguém para cuidar deles. Um dia também choraram. Um dia também sentiram fome, ou sonharam.
Não, o tom da minha prosa entre essas letras não é de desespero, medo ou dor. Na verdade é um despertar! Só de saber que ainda tenho coração e sou capaz de identificar a injustiça, só de conseguir perceber que ainda tenho um bom pedaço de amor num coração quebrado, só de poder gritar com a ponta dos dedos num teclado que não tem culpa, sinto-me vivo e capaz.
Antes de encerrar fui ao espelho e me vi inteiro. Com mais marcas do que o passado dizia e menos bonito do que outros espelhos meus um dia me me confessaram. Tudo bem. Nunca fui Rainha Má e muito menos Branca de Neve. Na verdade, acordei!
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