Segunda-feira, 27 de março de 2017 - 16h31
Já me peguei pensando que a vida é uma estrada sem volta. Não que isso seja novidade ou alguém já não tenha dito. É que assisti a um filme mexicano onde alguns operários vão descortinando suas vidas, enquanto trabalham de forma precária pintando faixas amarelas no meio da rodovia. Além de ser um excelente trabalho, o filme me fez pensar na tal estrada da vida e como a percorremos.
Aqueles homens faziam o trabalho a pé. Cada passo era importante. Quilômetros vencidos transformavam-se numa conquista e tanto. Uma sombra para descansar, um vilarejo para uma boa comida ou até mesmo um riacho numa pausa de um raro banho, tratavam-se de momentos extraordinários, vividos intensamente.
Lá fui eu pensar de novo. E hoje, no dia seguinte, ainda estou refletindo sobre. Talvez eu esteja percorrendo os meus quilômetros rápido demais. Sem as pausas devidas. Não conseguindo observar o desenho do horizonte, o sol se pondo, a chuva caindo, as pessoas e suas histórias, não piores nem melhores que as minhas, mas tão ou mais importantes...
Talvez não esteja percebendo o valor da faixa amarela. O quanto ela é fundamental para que eu não ultrapasse, não seja atingido, ou ande mais devagar.
Olha só! Notei agora que esse texto de hoje escrevi mais lentamente. Lendo e relendo cada palavra. Sem me preocupar se é uma prosa gigante como uma longa reta ou só mais uma pequena curva. Isso não importa. O que vale mesmo é essa desacelerada. Quem sabe uma parada. Nem que seja para ver se minhas linhas amarelas estão vivas, retas e bem pintadas.
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