Sexta-feira, 23 de dezembro de 2011 - 17h16
Ele não teve mãe, nem pai. Foi criado de casa em casa e viveu infância e juventude como quem recebe favores. De favor em favor sua vida encheu o papo. Por essas e tantas outras razões o Natal não lhe dizia muita coisa. Espírito de Natal? Era mais fácil acreditar em fantasmas, saci, mula-sem-cabeça. Numa vida em que não havia presentes, o futuro tinha tudo para ser um caos. Que nada! O homem de quem falo hoje é um cidadão exemplar. Pai amoroso, amigo fiel, profissional dedicado, um regalo para quem com ele convive.
Então a gente não é fruto do meio onde vive? Sim, claro que é. Mas nem sempre o meio desprovido de amor produz desamor. Nem sempre o abandono redunda em revolta. Nem sempre a falta de colo impede que um ombro esteja disponível para todas as lágrimas.
Hoje, quando ele fala de Natal, não é da falta de família na infância que se lembra. O 25 de dezembro agora significa outra coisa. Esposa, filhos, netos, colegas de trabalho, amigos que estão, amigos que são, amigos que já foram. A data nem quer dizer tanto. Na verdade o homem sobre quem escrevo é daquelas figuras raras que batem de frente com o parecer do mestre Nelson Rodrigues, que dizia que toda unanimidade é burra. Nesse caso e unanimidade é cúmplice. Não conheço alguém que não goste dele...
Para piorar e melhorar a pequena história, o amigo sobre quem me permito discorrer um pouco tem um coração gigante. E mole! Por trás de palavras contundentes e revoltas bombásticas contra o trem da história quando descarrila, vive um sujeito ímpar.
Tudo bem que não significa o caso de invocarmos o Espírito de Natal ou alardearmos santidade em quem quer que seja. Ele nem aprovaria isso. Mas que posso me permitir dizer que acredito em anjos, isso eu posso. Ao menos naqueles que enxergo e me fazem ver o mundo como um lugar divino, apesar do humano; e humano, apesar do falso divino.
Feliz Natal, Beni Andrade... Um amigo para chamarmos de nosso!
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