Quarta-feira, 11 de setembro de 2013 - 16h53
No 11 de setembro, 12 anos atrás, eu estava em Cascavel, no Paraná, numa sala da Unioeste, a Universidade onde eu trabalhava. Na verdade, já em clima de despedida. Naqueles dias eu tinha aceitado o convite para mudar pra Rondônia com a família. Me preparava para o desafio de colaborar na instalação, montagem e início de trabalhos de uma rede de televisão. Começaria por Ji-Paraná, para onde nos mudamos pouco tempo depois do dia em que o mundo parou.
Lembro-me bem dos prédios em chamas e de todo o drama da cobertura jornalística com imagens e textos jamais imaginados. Se bem que o que mais me lembro, e até hoje me causa repulsa, foi ver e ouvir alguns colegas vibrando com a tragédia. Comemorando a ação terrorista. Aplaudindo as torres em chamas e o que chamavam de vingança contra o império, contra o capitalismo. Coisas do tipo.
Aquele foi um dos silêncios mais dolorosos que já calaram minha boca e alma. Não entendo até agora como foi que travei por completo. Quero acreditar que a dor da imagem, com seu ineditismo e furor, devem ter me anestesiado a tal ponto que não consegui retrucar os torcedores de plantão. Gente que celebrava a morte de inocentes como quem celebra um gol em final de Copa do Mundo.
Por favor não me venha apontar as mortes de inocentes causadas pelos Estados Unidos da América. Eles que paguem pelos seus muitos erros. Morte de inocentes nós também temos. Nas favelas, nos corredores de hospitais abandonados, nas periferias cheirando crack, nas praças prostituídas, nas agências bancárias explodidas, nas escolas invadidas, na solidão do quarto que violenta e cala, nas estradas alcoolizadas ou no cano de uma arma empunhada por mãos que nasceram há pouco mais de 12, 14, 16 anos.
Nada justifica o terrorismo. Como nada justifica a violência que comentei logo ali. Mas, pense comigo, pode se justificar o prazer em ver a morte alheia? Como ainda me dói recordar a celebração da morte distante, como se ali não estivesse presente um de nós.
Claro que o título lá em cima é um exagero. O mundo não parou. Parece-me que nem para pensar ele parou direito.
Benedicto Domingues Júnior
Jornalista e escritor
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