Quarta-feira, 23 de julho de 2014 - 15h23
Em meio as manchetes sobre novas guerras, vi um restinho de esperança. Um homem, sobrevivente do vírus Ebola, ganhou um abraço contra o estigma de contagioso. Uma mulher que não via seu irmão há mais de 50 anos doou um dos rins e salvou sua vida. E um policial que, por telefone, ajudou alguém a manter vivo um bebê engasgado.
Claro que entre essas mesmas manchetes havia muito daquilo que nunca iríamos precisar saber. Como as dançarinas que um dia já foram do Tchan e pediram a benção do Compadre para voltar aos palcos; pertinho do espaço da página em que Sabrina cancela o anúncio sobre a procura de um triplex em São Paulo.
No mesmo dia um outro avião caiu e a inflação parecia pouco domesticada. O Governo anunciava que ganhou mais de 91 bilhões só em Junho e Dunga estava lá, de volta. Garantindo que agora será um comandante paz e amor.
As notícias são tantas e trazem tanta coisa que é raro a gente se aprofundar muito nelas. Até porque, como estamos vendo, o que está em destaque hoje será vaga-pouca-ou-quase-nenhuma-lembrança amanhã.
Mesmo assim, nem sei direito a razão, resolvi olhar com uma lente mais potente o que os sites e jornais diziam, no dia em que escrevi mais uma crônica. Confesso que as capas me parecerem muito iguais a outras que vi milhares de vezes. Só que hoje, poucos dias depois de perdermos João Ubaldo e Rubem Alves, com Ariano Suassuana lutando para poder contar ao menos mais uma história, enxerguei ainda menos sentido em quase tudo.
Fiquei pensando no jogador brasileiro que se naturalizou ucraniano para atuar naquele país e foi chamado para o exército. Que drama o desse rapaz: descobrir na prática que o futebol nunca foi uma guerra. A guerra além de feia não tem vencedores.
As notícias parecem ter poucos vitoriosos e heróis. Para encontrá-los é preciso garimpar muito. Ou mudar o mundo, nem que seja um pouco de cada vez. Lembrando que esse é o tipo de notícia que não vende.
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