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Domingues Junior

Se Deus quiser...com a ajuda de Deus


Final de jogo, ou saída para ao intervalo. A maioria dos jogadores de futebol repete basicamente as mesmas frases. O repertório é fraco. Falam sobre o time estar bem postado mas não ser feliz nas finalizações. Que os três pontos é que importam. Que futebol é assim mesmo. Em  caso de derrota é hora de pensar no próximo jogo. Em caso de vitória, enaltecer a torcida é praxe. Agradecer a Deus é quase um mantra.

Existem aqueles que exageram e chegam a dizer a frase que ali de cima: Se Deus quiser, com a ajuda de Deus. E tem também a galera que bota Deus em algumas frias. O goleiro que defende um pênalti e diz que quem pegou a bola não foi ele…Foi Deus! Toda a honra e glória seja dada. Aí, no segundo tempo o cara  toma um frango maior que o da Sadia, com capacete e tudo. E agora Jesus? No primeiro tempo estava com ele, depois virou a casaca e ajudou a cabeça do centroavante adversário, ou criou um morrinho na grama de uma hora para outra, ou um vento repentino??

A verdade é que acreditar em algo, viver uma vida com princípios, especialmente os que respeitam e servem ao próximo, são dádivas extraordinárias. Possibilidades verdadeiras de fazer da crença uma ferramenta de amor e cuidado. O problema está na forma. E os jogadores de futebol, principalmente os  da ala mais radical da fé, tem pisado na bola. Nada contra onde vão, com quem congregam e o que vivem em suas congregações, paróquias ou assembleias. Mas a questão é o serviço prestado ao contrário. Ao atribuir a Deus um sucesso, naturalmente estão atribuindo a Ele o fracasso do adversário? Deus tem realmente tempo para assistir e cuidar de tantos jogos de futebol assim? E olha que tem jogo hein!! Ligue a TV agora. Se for uma skygato, ou qualquer outra com mais de 10 canais, tem uma partida de futebol passando nela.

Recebemos uma capacidade incrível de inventar, produzir, amar, servir, transformar a vida, recomeçar… Ao mesmo tempo em que muito do que recebemos como material de trabalho ao nascer, acaba se transformando em pesadas ferramentas de destruição e ódio. O ser humano, inclusive em nome do que acredita, tem sido capaz de matar de múltiplas formas. E o futebol está dentro desse contexto, infelizmente.

Não vejo problema, sinceramente, em alguém reconhecer o sobrenatural e atribuir a Deus alguma conquista. Mas a medida do equilíbrio passa pela dose do bom senso. Pastores, padres, amigos, familiares, líderes de gente que dá entrevista; seja no intervalo do jogo ou em qualquer programa, precisa ensinar essa turma com urgência. Deus não chuta. Não agarra. Não pilota. Não corta. Não saca. Não apita. Ele capacita, mas não está preocupado com o placar. No jogo da vida, que é o que importa pra Ele, o ideal é que todos vençam. Mesmo quando o dia a dia parece ser uma caixinha de surpresas…


Fonte: Domingues Jr.
twitter: @dominguesjunior
facebook: benedictodominguesjunior
 
 

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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