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Sede de vingança - Por Benedicto Domingues Júnior



Num mundo com fome como o nosso, existe também um cenário de sede. Vários tipos de sede. Aquela mais conhecida, por conta da falta de água em várias partes de um planeta desigual e uma  outra, tão perigosa quanto: a sede de vingança. Andamos tão atravessados de medo e abarrotados de violência que quando menos percebemos já estamos com as armas prontas para aniquilar. Não necessariamente no sentido físico, embora às vezes a gente odeie por quase um segundo, como diz Herbert Vianna, e nesse microtempo acabemos com vontade de socar alguém mesmo.

Só que os rompantes, na  maioria das vezes contidos por quem ainda consegue ser do Bem, vão se acumulando. Se não dermos um jeito de deletar os pequenos ódios de cada dia, uma hora eles se transformam em nosso Stranger Things. Nessa hora da raiva pode ser que surjam palavras e atos com um desejo brutal de saciar a sede perigosa de vingança. Só que muitas vezes, quando pensamos em matar, morremos e sofremos mais interiormente.

É preciso aprender a observar como nosso sistema operacional funciona. Até que ponto somos capazes de suportar e buscar ajuda para aprender a desenvolver uma maior resiliência.

Não estou falando de engolir todos os sapos, aguentar calado a injustiça, nada fazer por nada fazer.

Estou sugerindo que não desçamos tanto ao vale assim. Não sejamos beligerantes e cheios de rancor o tempo todo. Que consigamos compreender que aquela dose venenosa de vingança pode ter um efeito curto e temporário e mais tarde só nos fazer mal.

O pensamento aqui é de que lembremos mais as vezes em que também fomos perdoados. Ou consigamos recordar situações e gestos que merecem gratidão. Muitas vezes protagonizadas por aquele alguém que agora pode estar  nos causando dor.

Se for possível matar essa sede dolorosa com goles de água saudável e um repensar com calma sobre tudo e todos, façamos assim.

Saúde!                                                               

Benedicto Domingues Júnior/APG Sênior

Amana Key

* O conteúdo opinativo acima é de inteira responsabilidade do colaborador e titular desta coluna. O Portal Gente de Opinião não tem responsabilidade legal pela "OPINIÃO", que é exclusiva do autor.

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