Segunda-feira, 2 de setembro de 2013 - 13h13
No filme O Informante, Al Pacino interpreta um jornalista em crise. Sua ética é colocada em xeque quando uma reportagem bomba sobre a indústria do tabaco deixa de ir ao ar. Comprometendo a promessa que fez ao entrevistado e sua própria história na televisão. É um daqueles bons filmes, com algo a mais. Num determinado momento o personagem fala sobre a fama e desabafa: Tire o nome da empresa do meu nome e simplesmente desapareço. Existo porque depois do meu nome vem o dela…
É fato! Durante muito tempo e por uma série de razões, existimos porque ao nosso nome é acrescentada a instituição tal, ou empresa x, igreja y, entidade z. Sou o Fulano, da…, ou essa aqui é a Cicrana, do…
Carregamos nome, sobrenome e um outro nome. Claro que isso tem um lado positivo. É nossa identidade profissional. Com ela apresentamos quem somos e o que fazemos. Muito do que vem após o nome demonstra também o que cremos ou a razão de estarmos realizando determinado trabalho.
O peso do desabafo no filme tem um outro sentido. E nele me apego para desabafar também. Principalmente por causa de pessoas que carregam após o nome não somente a marca ou o peso institucional ou corporativo. Preferem arrastar as correntes da arrogância. A genética da prepotência. O DNA da luxúria e a soberba do sou-mais-e-melhor-que-você.
O lamentável é que quando chegam nesse estágio, se esquecem que ao ser retirado o nome da marca após seu nome elas podem desaparecer. Ou seja, não é a sua história, sua própria identidade, seu desempenho como gente, sua contribuição para a humanidade, seu zelo como amigo, seu amor ou humanidade que ficaram. A pessoa que havia ali foi substituída por um crachá no peito e uma sentença na cabeça. E de repente volta a ter nome e sobrenome, como qualquer mortal, só que sem vida.
Minha prece é para que meu crachá seja sempre menor que meu coração. O cargo menor que a função. E o respeito ao próximo, com ou sem nome de empresa no final, mais profundo que o status ou a fama. Que desaprecem também. A não ser quer a imagem tenha luz própria. E sirva para iluminar a vida dos outros.
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