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Francisco Matias

21 DE ABRIL – TANCREDO NEVES, O MELHOR PRESIDENTE QUE O BRASIL QUASE CHEGOU A TER - I


 21 DE ABRIL – TANCREDO NEVES, O MELHOR PRESIDENTE QUE O BRASIL QUASE CHEGOU A TER - I  - Gente de OpiniãoDa esquerda para a direita o deputado estadual José de Abreu Bianco, o presidenciável e senador Tancredo Neves (in memoriam), o deputado federal Chiquilito Erse (in memoriam) e o deputado estadual Oswaldo Piana. Ano 1984, campanha eleitoral para presidente da República.

        

                                 

1.O dia 21 de abril tornou-se data das mais relevantes para os brasileiros por se tratar do dia da morte do Tiradentes, líder maior da Inconfidência Mineira, há 223 anos. No entanto, outras datas deveras importantes para a história contemporânea do Brasil, marcadas no dia 21 de abril, ficaram encobertas diante da grandeza de Tiradentes. O 21 de Abril de 1985 é uma dessas datas nacionais algo obnubladas pelo Dia de Tiradentes. Por isso, o artigo que começa agora é ilustrado por uma foto histórica e, de certo modo, desconhecida pela maioria dos rondonienses, principalmente pela geração pós-1985. O segundo da esquerda para a direita é o senador Tancredo Neves, do PMDB de Minas Gerais, candidato das oposições ao regime militar à presidência da República na primeira vez que um civil teria condições de ser eleito ao mais elevado cargo político da Nação desde 1961, quando foram eleitos Jânio Quadros, a presidente, e João Goulart, a vice.

2.No momento desta foto, o estado de Rondônia tinha pouco mais de três anos de instalação. O governador era o coronel Jorge Teixeira de Oliveira, nomeado, e o poder legislativo estadual dava seus primeiros passos enquanto o Brasil fervilhava com a campanha das “Diretas Já” e a Lei da Anistia era festejada pelos mesmos que querem modifica-la nos dias atuais. O regime militar estava nos seus estertores finais, entretanto, ainda controlava a vida política do país. Tudo isso é história que não se conta nas universidades ou nas escolas de ensino médio porque não interessa ao momento político, ao PT, nem aos partidos da base governista.

3.Provavelmente, o senador Tancredo Neves teria dado um novo destino ao Brasil se o destino não tivesse lhe dado um novo destino. Aos 74 anos e acometido de algum tipo de doença, o senador Tancredo Neves sabia que não teria muito tempo de vida, mas escondia seu quadro de saúde das pessoas. Ele morreu quando não deveria ter morrido. Tancredo Neves foi o melhor presidente que o Brasil quase chegou a ter. Voltemos à foto. Final de 1984. Os políticos que o estão ladeando eram as maiores lideranças do estado de Rondônia à época. Paradoxalmente, foram eleitos pelo Partido Democrático Social, PDS, que dava sustentação ao governo do presidente João Baptista de Oliveira Figueiredo e ao governador Jorge Teixeira de Oliveira. As eleições ocorreram em 15 de novembro de 1982.

4.Ocorre que o presidenciável apoiado pelo presidente João Figueiredo e pelo governador Jorge Teixeira era o coronel e ministro do Interior Mário Andreazza (nome de município em Rondônia). Mas este não tinha o apoio da maioria do PDS que se dividia em três grupos e enfraquecia o próprio sistema. Outro grupo apoiava o ex-governador de São Paulo, Paulo Maluf. Para piorar ainda mais, um grupo liderado pelo senador José Sarney rompeu com o regime e fundou a Frente Liberal (depois virou PFL e, atualmente, é o Democratas, DEM. O senador José Sarney, então presidente nacional do PDS, largou o partido, filiou-se ao PMDB, e saiu candidato a vice-presidente na chapa liderada por Tancredo Neves.

5.Apesar da luta por eleições diretas, prevaleceu a vontade do presidente João Figueiredo que conseguiu maioria na Câmara e no Senado para derrotar e Emenda Dante de Oliveira, dispondo sobre a realização de eleições diretas para presidente da República. Os militares queriam que a eleição fosse indireta, por meio de um COLÉGIO ELEITORAL que deveria se reunir no dia 15 de janeiro de 1985, como de fato ocorreu. A foto que ilustra este artigo, apesar de ser em Rondônia, retrata a conjuntura política nacional, as mudanças de partido e de lado. De repente, Tancredo Neves, político mineiro e matreiro, formou uma ampla coalização partidária e atraiu líderes da direita em todo o país, como Chiquilito Erse, José de Abreu Bianco e Oswaldo Piana Filho.

Historiador e analista político(*)

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