Domingo, 26 de abril de 2015 - 10h50
Da esquerda para a direita o deputado estadual José de Abreu Bianco, o presidenciável e senador Tancredo Neves (in memoriam), o deputado federal Chiquilito Erse (in memoriam) e o deputado estadual Oswaldo Piana. Ano 1984, campanha eleitoral para presidente da República.
1.Este artigo mantém a foto do primeiro devido à sua importância histórica e ao encadeamento do assunto. O regime militar havia vencido a luta pelas Diretas Já. O povo perdia a chance de eleger o presidente por meio de eleições diretas.Os militares iriam entregar o poder, depois de 21 anos, mas da forma como haviam proposto. O presidente civil seria eleito por um COLÉGIO ELEITORAL, formado por senadores, deputados federais e representantes das Assembleias Legislativas. Eram os representantes do povo, mas não o povo propriamente dito. O regime temia entregar o poder ao PT e ao seu líder maior, o então sindicalista Luís Inácio Lula da Silva.
2.No Colégio Eleitoral o regime jogava em duas pontas. De um lado, Paulo Maluf havia vencido o ministro Mário Andreazza na convenção do PDS e seria o nome da direita naquelas eleições. Era um ponto que o regime não queria, mas seria útil. As oposições concordaram em lançar Tancredo Neves, a presidente, e José Sarney a vice. Sem perceber, faziam o jogo do regime militar que havia conversado com Tancredo Neves, valendo-se de sua disposição para costurar acordos, embora não tivesse disposição para cumpri-los.
3.Em Rondônia, o governador Jorge Teixeira de Oliveira estava metido em uma camisa de força. Seu candidato, Mário Andreazza, estava fora do jogo. O jeito foi negociar com Tancredo Neves, por meio do deputado federal Chiquilito Erse. Militar tipo linha dura, Jorge Teixeira negava-se a aceitar os fatos e não convivia muito bem com a democracia. Acostumado a impor sua vontade como governador, entrou em rota de colisão com a classe politica, mas terminou concordando em negociar sua permanência no governo, no caso de vitória do PMDB no Colégio Eleitoral. Não sabia que o destino iria pregar duas peças em um novelo só. Uma, no próprio Tancredo Neves. Outra em Jorge Teixeira de Oliveira.
4.O Colégio Eleitoral reuniu-se no dia 15 de janeiro de 1985. Os representantes do estado de Rondônia, antes majoritariamente “malufistas”, viraram majoritariamente “tancredistas”. Os três senadores votaram da seguinte forma: Odacir Soares votou em Paulo Maluf. Claudionor Roriz e Galvão Modesto votaram em Tancredo Neves. Os deputados federais votaram assim: Chiquilito Erse, Múcio Athayde, Olavo Pires, Orestes Muniz e Rita Furtado, votaram em Tancredo Neves; Francisco Sales, Assis Canuto e Leônidas Rachid votaram em Paulo Maluf. A Assembleia Legislativa enviou quatro delegados ao Colégio Eleitoral. Desses, três votaram em Tancredo Neves - Jô Sato, Marvel Falcão e Oswaldo Piana -. O deputado Heitor Costa votou em Paulo Maluf. Na verdade, o estado de Rondônia seguiu a tendência nacional. Dos quinze representantes no Colégio Eleitoral, quatro votaram em Paulo Maluf e onze em Tancredo Neves. Quer dizer: 73,33% “tancredaram”. Foi assim no Brasil naquele 15 de janeiro de 1985.
5.Mas, quis o destino que os destinos do Brasil não fossem para as mãos de Tancredo Neves. Sua posse deveria ocorrer no dia 15 de março. Mas, pouco antes, o presidente eleito sentiu-se mal, foi levado ao hospital em Brasília e viria a morrer no dia 21 de abril. Dia de Brasília. Dia de Tiradentes. Em seu lugar assumiu o vice José Sarney. Pior para o Brasil. Pior para Tancredo Neves. Pior para o governador Jorge Teixeira de Oliveira. Dois meses depois da posse, o presidente José Sarney, contrariando a própria Lei Complementar nº 41/1981, que criou o estado de Rondônia, e atendendo à classe política local, demitiu o coronel Jorge Teixeira de Oliveira, até então único governador nomeado no Brasil após as eleições de 1982. O coronel Jorge Teixeira de Oliveira, condutor-mor do processo de criação do estado de Rondônia, o Trator das obras, hoje homenageado até pela Maçonaria, deixou o Palácio Presidente Vargas sob vaias, conduzidas pela nova classe dominante, que, paradoxalmente, ele havia criado.
PS – O estado de Rondônia ainda teria um governador nomeado: Angelo Angelim, do PMDB, que substituiu ao governador Jorge Teixeira de Oliveira. Eleições para governador e vice somente em 15 de novembro de 1986, quando se deu a eleição de Jerônimo Santana, tendo como vice Orestes Muniz.
Historiador e analista político(*)
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