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Francisco Matias

21 DE ABRIL – TIRADENTES, O HOMEM E O MITO- II


           FRANCISCO MATIAS ESCREVE
                               

1.De certo modo, a História do Brasil encerra a Inconfidência Mineira na morte do Tiradentes. Mas é preciso ir para além da Inconfidência para um melhor entendimento desse episódio de grande relevância para o Brasil atual. Senão vejamos. Como foi 21 DE ABRIL – TIRADENTES, O HOMEM E O MITO- II  - Gente de Opiniãoobservado, dos inconfidentes condenados à morte, apenas Tiradentes teve esse fim. Os demais receberam a piedade da rainha D. Maria I, a Piedosa, conhecida no Brasil como a Louca, e tiveram suas penas comutadas em degredo na África. Um dos importantes inconfidentes, o poeta Tomaz Antonio Gonzaga, era desembargador no Tribunal de Alçada e, nesta condição, impetrou recurso no dia 7 de maio de 1792, visando a impedir o degredo africano. Mas a Corte, por ordem do vice-rei, conde de Rezende e do presidente do Senado da Câmara, Baltazar da Silva Lisboa, rejeitou o pedido e ordenou o fiel cumprimento de pena. Eram 34 os Inconfidentes, desses, cinco eram padres. Dois foram condenados ao açoitamento público – Vitorino Gonçalves Veloso e José Martins Borges. Os cinco padres foram enviados a Lisboa para cumprir prisões.

2.No dia 24 de julho de 1792, enquanto a Revolução Francesa varria o despotismo monárquico para a guilhotina, os padres embarcavam na fragata Golfinho e rumavam para Portugal. Um deles, o padre José Lopes de Oliveira, morreu logo ao chegar a Lisboa. Para cumprir a pena de degredo na África partiram Inácio José de Alvarenga Peixoto, o sargento-mor Luís Vaz de Toledo Piza, José Álvares Maciel, o coronel de Dragões Francisco Antonio de Oliveira Lopes, José Martins Borges, o desembargador Tomaz Antonio Gonzaga, o capitão Vicente Vieira da Mota, o coronel José Aires Gomes, Vitorino Gonçalves Veloso, João da Costa Rodrigues, Salvador Carvalho Amaral, José da Costa Rezende, pai, e José da Costa Rezende, filho.

3.Outro grupo de degredados foi formado pelos inconfidentes João Dias da Mota, Domingos de Abreu Vieira e o tenente-coronel Francisco de Paula Gomes Freire de Andrade, filho do coronel Gomes Freire de Andrade, primeiro governador da capitania de Cuiabá e Mato Grosso. Nesse longo processo, vários inconfidentes resolveram optar pelo que hoje se convencionou chamar “delação premiada”, em troca de liberdade e do perdão de suas dívidas. Destaque para Joaquim Silvério dos Reis, reconhecido pela história como o principal delator. No entanto, a prisão e morte do Tiradentes tiveram como principal fator o delator o padre Carlos Correia Toledo que descreveu às autoridades os detalhes das reuniões, os locais, os planos e deu os nomes dos líderes, enfatizando a figura de Joaquim José da Silva Xavier. Mas, a delação premiada de Joaquim Silvério dos Reis, em troca do perdão de sua dívida com a Coroa, fechou o cerco aos inconfidentes. Além de obter o perdão de sua dívida com o fisco, foi-lhe concedido o título nobiliárquico de fidalgo.

4.Como se pode observar, a historiografia brasileira, visando tornar Tiradentes no mito em que se tornou, esconde importantes figuras da Inconfidência Mineira, inclusive seus destinos como degredados na África e o que aconteceu com eles, para centrar atenções no alferes Joaquim José da Silva Xavier. Mas, cabe uma pergunta: será que o prisioneiro morto, decapitado e esquartejado era mesmo o Tiradentes?

Historiador e analista político(*)

20.04.2015 - Porto Velho, RO.

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