Sábado, 15 de maio de 2004 - 16h04
A Cadeira de governador do estado de Rondônia pode simbolizar o poder do mais alto cargo eletivo, mas também pode atuar como uma verdadeira máquina de moer liderança e destruir biografias. Tem sido assim ao longo desses 61 anos em que governantes dos mais variados matizes e tendências nela têm sentado por força de decretos presidenciais ou do voto popular. De Aluízio Ferreira a Jorge Teixeira, de Jerônimo Santana a Bianco, todos tiveram, a seu modo, suas lideranças corroídas e poucos conseguiram superar esse triste destino. O celebrado coronel Jorge Teixeira, o pai do Estado, comeu o pão que o fogo amigo amassou, o mesmo ocorrendo com o seu sucessor, Ângelo Angelim, que desapareceu do cenário político na fumaça do esquecimento. Os dois eram nomeados e os tempos estavam mudando. Ah! Bom. Mas, e quanto aos eleitos pelo voto popular? Começando pelo grande líder peemedebista Jerônimo Santana, deputado federal por três legislaturas que, no exercício do cargo de governador passou por poucas e boas, por conta das demissões e perseguições ao funcionalismo e por entrar em rota de colisão com a Assembléia Legislativa. Em pouco menos de três anos sua biografia e sua bengala despencaram de tão alto que até hoje ele não conseguiu se recompor e amarga um triste ostracismo político, inconcebível nos seus tempos de ardoroso combatente ao regime militar. A seguir veio o governador Oswaldo Piana, que trazia na bagagem toda a experiência de dois mandatos de deputado estadual e outros atributos políticos, além do discurso do filho da terra vencedor e exemplo para os seus conterrâneos de nascimento. As crises políticas em seu governo o atingiram frontalmente, destruindo seus projetos de 20 anos no poder. Foi tão forte o desgaste que Piana não compareceu à solenidade de transferência do cargo. Hoje, o ex-governador Piana também vive um ostracismo político muito difícil de reverter. Seu sucessor, Valdir Raupp, o primeiro “homem da mata” a governar o Estado, sofreu todo tipo de problemas que um governador não pode sofrer. Teve de tudo em seu governo até o deslustramento de sua figura pessoal. A Cadeira funcionou a todo vapor e ele terminou o mandato no fosso profundo da política, que, felizmente, soube, a muito custo superar. O ex-governador Bianco não teve destino diferente do seu antecessor e adversário político. Bianco demitiu servidores e percorreu os caminhos de Jerônimo Santana, nesse sentido. Ao entregar o cargo, Bianco, a exemplo de Piana, não passou a faixa, símbolo do poder, ao sucessor. Não se sabe se por medo de ser vaiado ou por ter se indisposto com o novo governador. A Cadeira agora é ocupada por outro “homem da mata”, Ivo Cassol que vive no governo um longo período de crises políticas provocado por estar sempre em rota de colisão com o Poder Legislativo. Ao iniciar a segunda metade de sua gestão, o governador Ivo Cassol enfrenta um rio Anta de problemas e coleciona uma alta floresta de inimigos políticos, que, nem Santa Luzia, a padroeira dos cegos parece dar jeito. Em todos os casos citados há uma infeliz coincidência: o fogo amigo. São ex-aliados que se voltam contra e abrem uma frente de adversidades tão enorme quanto complexa para o vão entendimento dos mortais eleitores. No caso do governador Ivo Cassol, os motivos mais recentes são o Orçamento e o pedido de autorização para processá-lo que o STF enviou para a Assembléia Legislativa. Dois assuntos diferentes e convergentes, que vão complicar, e muito, a atual conjuntura política. O que se pode deduzir é que há um jogo de interesse e de poder por trás de tudo isso. O jogo político não pára e o governador se vê enredado em suas nuances, parecendo não perceber que a ele cabe o primeiro movimento das pedras desse complicado tabuleiro. A ele compete a liturgia do cargo, não deixar a Cadeira e o fogo amigo jogarem sua liderança no rio Machado. A ele cabe reiniciar todo o processo de negociação para contornar esse caminho íngreme, pois o seu “jamanchim” poderá ficar pesado demais. *Escritor e Historiador Regional Autor dos Livros Pioneiros, Ocupação Humana, Trajetória Política de Rondônia e Síntese da Formação História de Rondônia e BREVEMENTE nas bancas "O TRATO DE PETRÓPOLIS/ Conheça o Livro.
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